Sete

6.6K 686 80
                                    

Respirei fundo, lembrei de um mantra que diz: Vai dar tudo certo! Fiquei repetindo isso diversas vezes antes de sair do banheiro.

- Puxa! Até que enfim você saiu garota, eu achei que tinha desistido de lutar. - Luiza ri.

Olhei para ela ainda insegura.

- Eu não fiz aquilo por mal, tenho que falar com ele ou posso ser demitida por causa disso.

- Isso... É... Pode acontecer... - Ela me puxa e me empurra com delicadeza até a porta. - Vai lá que estou torcendo por você.

Senti uma pitada de provocação na voz de Luiza, como se quisesse ver um MMA. Suspirei abri a porta e lá estavam o gerente e Mikhael conversando fora da loja. Ele parecia mais calmo, porém quando ele me viu, vi seu rosto se tornar vermelho em raiva.

Me aproximei de cabeça baixa e comecei a falar.

- Antes que haja qualquer insulto, eu já estou me adiantando a lhe pedir desculpas, eu estava um pouco nervosa e ansiosa dem...- Antes que eu pudesse concluir ele aponta o dedo na minha cara e explode.

- VOCÊ TEM PROBLEMAS GAROTA? NÃO SABE QUE QUANDO UM CLIENTE PRECISA DA SUA AJUDA E ATENÇÃO, VOCÊ, MESMO DENTRO DO SEU HORÁRIO DE SAÍDA SE ESTIVER DE UNIFORME, AINDA DEVE ATENDER? A GORDURA SUBIU AO SEU CÉREBRO TAMBÉM? HUH?

- Não precisa ofendê-la, isso pode trazer problemas a você também Mikhael, se recomponha, todos estão nos observando. - O gerente intervém.

Enquanto isso, a raiva voltava a consumir o meu corpo, e normalmente quando isso acontecia meus olhos ficavam cheios de lágrimas.

- Eu já lhe pedi desculpas... Não tenho mais o que fazer... - Conclui.

Mikhael passa a mãos nos cabelos, ele bufava, olhava para mim, mas, não enxergava meus olhos. De repente em um impulso senti meu queixo ser segurado por ele, sentia seu hálito de menta na minha cara, estava de olhos fechados e com muito medo.

- Abra os seus olhos e olhe para mim! - Ele ordenou sussurrando.

Lentamente fui abrindo, com medo, muito medo, deixei que uma lágrima escorresse, foi quando encontrei aquele profundo azul oceano dos olhos dele, algo fez a expressão de Mikhael em raiva vacilar, meu coração de repente começou a martelar de forma descompassada, parecia que eu iria morrer ali, meu corpo tremia e meu queixo também, o motivo estava bem óbvio, ele havia me chamado de gorda, como se eu já não soubesse disso.

Aquela situação eu já havia passado várias vezes com Elisa, era horrível me sentir daquela forma com tantas coisas em jogo na minha vida, se sentir incapaz de meter a mão na cara dele era uma forma de tortura para mim.

Aquilo parecia durar a eternidade, ele gaguejou um pouco antes de falar, analisando todo meu rosto com uma expressão estranha que eu não conseguia destinguir se era ódio ou nojo.

- V... Você... - Sua voz falha estranhamente enquanto o encaro, tentando demonstrar coragem. - Deve aprender a viver nesse meio, você vai sair dessa sua zona de conforto em breve! - Ele solta o meu rosto, e pega um lenço e álcool gel das mãos do secretário e vai embora a passos largos limpando exatamente a mão a qual segurou meu rosto.

Fechei meus olhos em um longo suspiro. Meu chefe me conduziu até sua sala na gerência.

- Você é tão impulsiva Alana, eu entendo o que ele está fazendo, mas, de alguma forma eu infelizmente vou ter que puní-la por tê-lo empurrado.

Ele me entregou uma advertência e antes que eu pudesse assinar ele toca na minha mão.

- Não se ofenda com as palavras dele, é um jovem mimado. Eu sei que isso não justifica, mas, na minha posição...

Eu também sou mulher! - [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora