Vinte

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Eu sempre fui um cara, sem remorso de nenhuma atitude que tomei. Aprendi com minha mãe a ter uma frieza disciplinada para lidar com os negócios da família.

Meu pai e eu sempre nos batemos de frente em tudo, o motivo dele ter deixado o shopping e o restante de suas empresas a meus cuidados, foi pelo simples fato do meu irmão mais velho não aceitar o fardo naquele momento, se não fosse por isso, eu nem teria essa obrigação.

São aproximadamente trinta hotéis de luxo espalhados pelo globo, e uma empresa automobilística de grande nome. Minha função é coordenar cada uma delas, inclusive esse shopping que detesto.

Voltando para casa, ainda pensativo, por alguns segundos acompanho minha mão ir de um lado a outro na direção. O curativo que Alana tinha feito, não estava apertado e muito menos doendo. Senti uma pontada no peito, aqueles segundos de me deixar sem ar, e em devaneios lembrei de suas lágrimas desesperadas outra vez.

De susto tive que desviar de um outro carro, eu estava quase na contra-mão. Ao parar em uma sinaleira, já próximo a entrada principal de minha casa, soquei com força a direção. Estava furioso, e realmente não sabia o motivo.

A cada acelerada, o rosto dela voltava na minha mente. O que era isso? Afinal, ela é a ladra do vestido de Benjamin.

Por um momento vacilei, tentando engolir o que vi, aquelas roupas todas jogadas no chão do quarto dela, sem nenhum sinal do vestido.

E se realmente aquela gorda estiver falando a verdade?

Cheguei em casa por volta das 7:30 am. Ninguém estava ainda de pé, a não ser os empregados. Indo em direção a meu quarto, fui retirando a gravata. Rick me esperava na porta.

- Senhor? O procurei em toda parte e seu celul...- Interrompido.

- Cancele minha agenda de hoje Rick. Não estou com cabeça para nada. - Adentro em meu quarto e bato a porta na cara dele, não por maldade, mas, para dizer que não queria ser incomodado.

Tomei um banho demorado. Me joguei na cama do jeito que vim ao mundo e tentava dormi de qualquer jeito. Estava cansado.

De repente um sorriso me pegou de surpresa, me lembrando daquele pega-pega insano. Peguei meu iphone e fiquei olhando a imagem que tirei de Alana. Eu ri alto.

- Idiota. - Falei olhando para imagem e sorrindo feito moleque por um breve momento.

"Eu já sei que sou gorda... Eu já sei que sou feia... Para por favor."

Aquelas palavras de novo na minha cabeça, aquelas lágrimas, senti meu peito arder, de novo? Por que cada vez que eu lembrava dela eu sentia isso? Olhei para minha mão segurando o telefone.

- Mikhael você está tendo problemas cardíacos infeliz? - Falei para mim mesmo, largando de qualquer jeito o celular na cabeceira.

Engoli seco, me cobri até a cabeça, soquei meu peito duas vezes. Não posso morrer agora, antes de provar para meu pai que sou bem capaz e responsável para herdar suas empresas.

Adormeci.

Duas horas da tarde, acordei com tapas fortes nas minhas costas.

- Hei!... HEI! PARA! - Estava de bruços e me virei para o lado para saber quem era o agressor.

- Mikahel Vizann! - Minha mãe me encarava furiosa. - O que pensa que está fazendo? Não deveria ir para o shopping hoje?

Conhecia minha mãe, ela me atormentaria para que eu fosse mesmo contra minha vontade.

- Eu sei, eu já sei. - Olhei em direção na porta e vi Rick ajeitando os óculos. Era ele o culpado de chamá-la. - Traidor... - Sussurrei em sua direção.

Eu também sou mulher! - [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora