Cinco

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Eu não sei exatamente por quanto tempo eu adormeci. Mas, alguém me chamava insistentemente e essa voz era conhecida.

- Vamos bela adormecida! Levanta que tenho que te levar para casa!

Abri meus olhos lentamente, e vi o rosto do meu chefe debochando de mim, apontando para o canto da minha boca.

Abri meus olhos lentamente, e vi o rosto do meu chefe debochando de mim, apontando para o canto da minha boca

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- Babei? - Me levantei rápido.

- Pelo visto teus reflexos voltaram. - Ele ri.

- Para William! - Dei um tapa de leve no braço dele.

Meu chefe é um cara de 48 anos, e estava naquela loja há dez anos, entrou como eu, uma reles vendedora. Ele é super gente fina, e muito acolhedor, sabe de toda a minha história e sabe que eu jamais o deixaria na mão nem por causa de um atestado.

- Hoje estou te liberando mais cedo. - Ele me ajuda a levantar depois que a enfermeira tirou o meu soro.

- Mas, ainda é cedo! Eu não queria faltar! É só uma cólica chata chefe!

William me olha de cima abaixo e ignora o que eu disse.

- Você está aqui desde que desmaiou, já é meio dia e você nem almoçou.

Encontro Luiza no corredor da emergência segurando as minhas coisas e as dela, e antes que eu protestasse de novo ele complementa.

- Luiza vai pra casa com você hoje, não quero ninguém sozinha desmaiando por ai, eu já estou com seu atestado do dia, mas, vou abonar as duas só porque vocês merecem. - Ele faz cara de pai mandão.

Eu dou risada da situação, enquanto Luiza parecia bem alegre diante da proposta.

Meu dia se encerra com um prato enorme de macarrão feito pela Luiza, comi como se dependesse somente daquela comida para sobreviver.

- Credo louca! Mastiga pelo menos! - Luiza me vê engasgar e  meter água gelada goela abaixo.

- Eu sei... Cof... Cof! É que eu estava com muita fome.

- A Cecília disse que passaria mais tarde para te ver enquanto você estava no banho, meu marido vem me buscar, afinal já passa das 19 hrs, preciso realmente ir. - Ela pega o celular e confere se havia mensagens do esposo.

- Eu sei mulher... Você fez muito por mim, o William também, por hoje chega né? - Tento não me recordar daquele insuportável do Mikhael.

- Eu fiquei com nojo daquele cara! É sério! Se ele voltar, eu que vou atendê-lo. - Luiza faz um gesto de "vou enforcá-lo" enquanto falava.

Antes que eu quase chorasse em dar risada daquela cena, o marido dela busina na frente da pensão. Nós duas nos abraçamos forte, ela pediu que eu me cuidasse, assenti e completei que ela me desse um toque quando chegasse em casa.

Luiza foi embora, recebi sua mensagem depois de meia hora, ela havia chegado bem. Ela é a melhor amiga que eu tenho além da Cecília. Fico feliz por tê-la conhecido na entrevista, naquela época.

Fiquei enrrolando lendo um livro na cama enquanto Lua corria para todos os lados com o ratinho de borracha preferido que eu havia jogado para ela, mas, ela sempre me trazia de volta, como um cachorrinho, e miava para que eu desse atenção a aquele momento. Eu apenas me fazia de louca e jogava o brinquedo longe para que ela o trouxesse de volta.

Depois de um tempo passei a encarar o teto deitada em minha cama, pensando naquele dia bagunçado. Antes de dormir, Cecília entrou no meu quarto oferencendo um chá de camomila, tomamos juntas e contei sobre o ocorrido.

- Não se esforce demais filha... - Ela alisa meu braço sentada na cama comigo. - Não vale a pena enfrentar pessoas assim, ele não merece nada do que tem.

- Eu sei vó, o problema é que eu tenho certeza que ele vai me enfernizar a vida, até que eu peça demissão da loja. - Fito meu chá um pouco chateada.

Eu sabia que não poderia bater de frente com Mikhael, o dinheiro dele e seu cargo, ultrapassavam o meu limite de desobediência, não que eu fosse um animal em matéria de estupidez, mas, eu só ficava diferente mesmo quando estava de TPM. E todo mundo respeitava isso na loja, mesmo assim nunca faltei respeito com nenhum cliente, Mikhael foi o primeiro.

- Há coisas nessa vida que temos que passar por algum motivo filha, quem sabe assim nessa situação você não descobre?

Sorri para Cecília e a abracei, dei um beijo forte em sua bochecha e agradeci por tudo. A gente se despediu, e me enteguei ao sono mais uma vez, embora meu dia estivesse relativamente longo, meu corpo pedia descanso e foi o que eu fiz.

Eu também sou mulher! - [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora