A Lisa entrou no meu quarto. Ela me olhava com uma expressão que jamais tinha visto nela antes, franziu a testa, colocou a mão na boca e conseguia ver lágrimas escorrendo de seu rosto.
- O que você está fazendo com se mesma?
Não deu tempo, não consegui esconder. Ela viu, foi uma sensação horrível, a decepção estampada no rosto dela, as lágrimas de desapontamento, a cara de pavor dela ai ver meu sangue escorrer de meus pulsos. Fui me levantar para explicar a ela, mas tive um acesso de tristeza quando ela recuou, meu joelho falhou e dei com o rosto no chão, com o pouco de força que tinha me virei, olhei para o teto e fiquei lá parada, o único movimento que conseguia perceber em meu corpo era o batimento do meu coração, que já estava fraco, senti o meu rosto encharcar de lágrimas acompanhado do chão que se encharcava com o meu sangue. Não conseguia fazer nada, a única coisa que ainda conseguia fazer era chorar . Eu tentei, tentei levantar, mais não conseguia, não conseguia mexer nada, mãos, braços, pernas, tudo estava imóvel.
Isso já tinha acontecido antes, na minha casa, mas nunca na frente da Lisa, acho que ela nem sabia o que estava acontecendo. Não conseguia ver seu rosto mas escutava seus gritos, escutei ela falando com alguém no telefone. Alguns minutos depois ouvi a sirene da ambulância, entraram uns 3 homens de azul no meu quarto com uma maca e me levaram direto para o hospital, onde me sedaram. Depois disso não me lembro mais de nada.Quando retomei a consciência, não sabia exatamente onde estava, não conseguia abrir os olhos mas escutei a voz da Lisa:
- Quando ela vai acordar?
- Não temos previsão... - não sabia quem era, mas provavelmente deveria ser um médico- Mas não se preocupe, ela apenas teve um acesso de tristeza, isso è quando...
- Eu sei o que è um acesso de tristeza. Disse a Lisa cortando imediatamente o médico
Comecei a sentir um desconforto nas pernas, então me mexi, aos poucos fui conseguindo abrir os olhos. Momentos depois vi a Lisa, estava com expressão alegre em seu rosto.
- Aí meu deus, ainda bem que tá viva.- ela me abraçou forte- Agora eu vou te matar, o que tinha na cabeça? Queria me matar de um susto?- ela sorriu pra mim e tentei retribuir
Ainda estava muito fraca para falar, o médico pediu para ela me dar mais um tempo para entender o que estava acontecendo e acompanhou a Lisa até a recepção, onde tinha uma diversidade de pessoas em vários níveis diferentes de tristeza, tinha as que choravam, as que esmurravam as coisas, e as que esperavam alguma notícia. Ah e também tinha aqueles que faziam tudo isso ao mesmo tempo.
Parei de olhar para a recepção e voltei meu olhar para a porta do meu quarto, e vejo o Matty, ele estava encostado na posta com um buquê de lírios na mão, lírios que pareciam com os da minha varanda, mas os que ele me trazia eram naturais. Ele me olhava como se estivesse me analisando, não era um olhar de pena, nem de desprezo, mas sim um olhar de análise, como que se quisesse ver se eu estava bem.
Entre todas as pessoas que conheço aqui, não imaginava que justo ele fosse me visitar. Tivemos algumas aulas na biblioteca, talvez umas sete, e duas na minha casa, uma horas antes de eu ir para o hospital. Mas ele foi, e não sei o motivo mas estava contente de vê-lo ali sorrindo na porta do meu quarto de hospital com flores.
- Oi doentinha, trouxe uns lírios para você, me lembrei que eram seus favoritos, na verdade, as únicas flores que você gosta.
De alguma alguma forma que não sei como, retomei minha fala.
- Obrigada, acho que estudei tanto que fiquei doente.- Tá confesso que não sou a pessoa mais engraçada, mas ele riu
Matty sentou na poltrona do meu lado e segurou minha mão, reparou os pontos em meu pulso e fez uma cara de surpreso que tentou disfarçar rápido.
E nesse momento percebi que ele não fazia ideia do real motivo de eu esta ali. Ele não reagiu do jeito que eu esperava, do jeito que è esperado por todos, não, ele simplesmente sorriu pra mim, deu um beijo melado em minha testa e me perguntou:
-Aí odeio esse clima de hospital, vamos escutar uma música?
Assenti com a cabeça, ele se levantou fechou a porta do quarto e colocou a música.
"Tell me what you want
What you like
It's Ok
I'm a little curious, too"
- Eu amo ela, eu amo essa música. Meu deus eu amo a Demi com todas as minhas forças, que não são muitas agora- dei uma leve risada- Mas porque diabos você tem Cool for the summer no seu celular ?
- Gosto das músicas dela, escuto sempre, e outra eu sabia que gostava dela.
- Como sabe?- falei meio confusa
- Bom, não direi que foi difícil, mas enquanto fuçava o seu Facebook, olhei suas capas antigas e a maioria são da Demi.
- Então você fuça o meu Facebook? Bom saber- ri, até perceber o que tinha falado, mas quando o clima começou a ficar estranho ele começou a contar pra descontrair e eu acompanhei ele.
"Got my mind on your body
And your body on my mind
Got a taste for the cherry
I just need to take a bite..."
- Aí meu deus, me desculpa não sabia que você estava aqui- a Lisa disse enquanto saia novamente
- Não, está tudo bem, eu já estava de saída mesmo.- Matty disse enquanto se levantava
Eu apertei a mão dele antes de ficar totalmente de pé para ir embora, ele me deu um beijo na testa de novo.
- Não se preocupe, não vou muito longe, apenas irei na lanchonete comprar um café.
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Living a dream
FanficTodos temos nossos sonhos impossíveis certo?... Mas é se não fossem tão impossíveis assim. Será que do nada sua vida pode se tornar tudo? Samantha te responderá essas e muito mais perguntas, e olha que è experiência própria