— Você quer que eu o quê?
— Só me deixe lá na ida para o trabalho. Não fica longe do seu caminho.
Bellamy me olhou como se eu tivesse sugerido que ele comesse vidro ou algo assim.
— Não sei — disse ele devagar, parado na porta, com as chaves do Rambler na mão. — Como você vai voltar para casa?
— Um amigo vai me pegar — falei toda animada.
Era a maior mentira, claro. Eu não tinha como voltar para casa. Mas num instante pensei que poderia chamar Finn.
Bellamy ainda estava em dúvida.
— Não sei... — disse lentamente.
Dava para ver que ele pensava que eu estava indo para uma reunião de gangue, ou alguma coisa assim. Bellamy nunca pareceu muito empolgado comigo, especialmente depois do casamento dos nossos pais, quando ele me pegou fumando do lado de fora do salão de recepção.
Especialmente porque eu não podia contar a ele a parte sobre o fantasma. Acho que ele pensa que eu sou o tipo de garota em cima de quem os prédios caem o tempo todo.
Não é de espantar que não me queira no seu carro.
— Qual é — falei, abrindo meu casaco comprido, cor de camelo. — Que tipo de encrenca eu posso arranjar com esta roupa?
Bellamy me olhou de cima a baixo. Até ele tinha de admitir que eu era o exemplo máximo da inocência com o suéter de tricô branco , saia pregueada vermelha e sapatos baratos.
— Além disso — falei — é para a escola.
— Certo — disse Bellamy enfim, parecendo que realmente queria estar em outro lugar. — Entre no carro.
Fui direto para o Rambler antes que ele tivesse chance de mudar de ideia.
— Para que aula é isso? — perguntou Bellamy, me fazendo dar um pulo.
Ele falava tão raramente, em especial quando estava fazendo alguma coisa de que gostava, como comer ou dirigir, que eu meio esqueci que ele estava ali.
— O quê?
— O trabalho que você está fazendo. — Ele afastou os olhos da estrada por um segundo e me espiou. — Você disse que era para a escola, não disse?
— Ah. Claro. É. É... hmm... uma matéria que eu estou fazendo para o jornal da escola. Minha amiga Cee Cee é a editora. Ela me designou para fazer.
— Cee Cee — disse Bellamy. — É aquela mina com quem você fica no almoço, a albina, certo?Cee Cee teria uma embolia se ouvisse alguém chamando-a de "mina", mas como tecnicamente o resto da frase estava correto, falei:— É.
Bellamy grunhiu e não disse mais nada durante um tempo.
O que aparentemente era o que Thaddeus "Red" Beaumont tinha feito. Ele havia conseguido uma daquelas mansões.Realmente grande, vi quando Soneca finalmente parou na frente dela. Tão grande, na verdade, que tinha uma pequena guarita junto ao enorme portão de lanças diante de um caminho comprido, comprido, com um guarda dentro assistindo à TV.
Olhando o portão, Bellamy falou:
— Tem certeza de que é aqui?
Engoli em seco. Pelo que Cee Cee tinha dito, eu sabia que o Sr. Beaumont era rico. Mas não achava que fosse tão rico.
E pense só, eu dancei o filho dele
— Hmm — falei. — Talvez eu devesse apenas ver se ele está em casa, antes de você sair.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sempre ao seu lado
RomansaVivi mais de mil anos. Morri incontáveis vezes. Esqueço o número exato. Minha memória é uma coisa extraordinária, mas não é perfeita. Sou humano. As primeiras vidas são um tanto indistintas. O arco da alma segue o desenho de cada uma das vidas. Houv...