Capítulo 17 - Contato

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Pouco depois o telefone tocou. Jasper gritou lá de cima que era para mim. Ao atender, ouvi Cee Cee berrando do outro lado da linha:

— Sra. Vice-presidente — dizia ela — Sra. Vice-presidente, alguma coisa a declarar?

— Não — respondi — e que história é essa de vice-residente?

— Você ganhou a eleição.

Por trás da voz dela eu ouvia Finn dizendo "Parabéns!".

— Que eleição? — perguntei, desconcertada.

— Para vice-presidente! — Cee Cee parecia chateada. — Eehhh...

— E como é que eu posso ter ganho se nem estava lá?

— Não tem importância. Você recebeu dois terços dos votos dos alunos do primeiro ano.

— Dois terços? — Tenho de reconhecer que fiquei chocada. — Mas Cee Cee, por que é que essa gente toda votou em mim? Eles nem me conhecem. Eu sou a novata do colégio.

— O que eu posso fazer? — perguntou Cee Cee. — Você parece uma líder nata.

— Mas...

— E provavelmente o fato de ser de Nova York não atrapalhou nem um pouquinho, pois aqui todo mundo é fascinado com qualquer coisa que seja de Nova York.

— Mas...


— E além do mais você fala tão depressa...

— Falo?

— Claro que fala, o que faz você ficar parecendo tão inteligente... Quer dizer, realmente acho que você é inteligente, mas você também fica parecendo por falar tão rápido. E você usa tanta roupa preta... E como sabe, preto é superchique.

— Mas...

— E ainda por cima o fato de você ter salvo Bryce daquela tora de madeira... As pessoas acham o máximo esse tipo de coisa.

Eu fiquei pensando que provavelmente dois terços dos alunos do primeiro ano da Academia Missionária votariam no coelhinho da Páscoa se alguém tivesse tido a ideia de inscrevê-lo como candidato. Mas não cheguei a falar. Em vez disso, disse:

— Bem. Legal, acho.

— Legal? — fez a Cee Cee, parecendo surpresa. — Legal? É só o que você tem a dizer? Você já parou para pensar como vamos nos divertir com todo esse dinheiro? As coisas legais que vamos poder fazer?

— Acho mesmo... genial — respondi.

— Genial? Clarke, é simplesmente sensacional! Vamos ter um semestre simplesmente sen-sa-ci-o-nal! Estou tão orgulhosa de você!

Desliguei o telefone me sentindo meio zonza. Não é todo dia que alguém é eleito vice-presidente de uma turma que está frequentando há menos de uma semana.

Mal tinha acabado de pôr o telefone no gancho quando ele voltou a tocar. Dessa vez era uma voz de garota que não reconheci, pedindo para falar com a Clarke Griffin.

— Falando — respondi, e a Kelly berrou no meu ouvido.

— Minha nossa! — gritou ela. — Você ficou sabendo? Não está elétrica? Vamos ter um ano do barulho!

Do barulho. Certo. Calmamente, eu respondi:

— Estou louca para trabalhar com você.

— Olha só — disse a Kelly, de repente falando sério. — Temos de nos encontrar logo para escolher a música.

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