Capítulo 17 - Um dia quase perfeito

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Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém
chamado saudade.

(Veja bem, meu bem - Los Hermanos)

Por Sakura

- Sakura minha filha por que você tá chorando? - mamãe me perguntava preocupada e vinha correndo em minha direção.

Nós estávamos no jardim de cerejeiras e eu ainda era uma criança... eu me lembro muito bem daquele dia... Mamãe e eu fomos fazer um piquenique no nosso jardim à sombra de nossa cerejeira favorita.

Eu usava um vestido branco , tinha um laço vermelho em minha cabeça e usava um sapatinho de boneca rosa claro, mamãe usava uma roupa toda branca, a sua roupa de médica como eu dizia. Ela chegou em casa depois de um plantão cansativo e teve a ideia de fazer um piquenique, como tínhamos uma cesta pra preparar ela preferiu vir com a sua roupa de trabalho pra não perder tempo.

- Eu caí e ralei o joelho na raiz da árvore – eu disse com a voz chorosa – tá doendo e também tá sangrando;

- Ô meu amor, deixa a mamãe ver - ela me pediu e levantei meu vestido mostrando o machucado;

- Cuidado mamãe, tá doendo muito – eu tentava segurar o choro, mas foi em vão;

- Sakura, sua mamãe é médica lembra? - eu assenti em resposta – então, pode ficar tranquila – ela analisou o ferimento com todo cuidado e suspirou aliviada – não é nada, foi um apenas um pequeno arranhão... mamãe vai limpar e passar um remédio;

- Remédio? – perguntei assustada – vai arder?

- Vai arder só um pouquinho;

- Não quero mamãe – comecei a fazer birra... péssima ideia;

- Sakura, se não passar o remédio pode piorar – fiz beicinho, mas mamãe não se abalou – e outra, se não passar o remédio vamos embora porque você não irá poder brincar nem na terra e nem na grama;

- Poxa mamãe – resmunguei;

- É remédio ou casa, você escolhe – não tinha escapatória;

- Você promete que só arde um pouquinho? - ela assentiu – então, eu prefiro remédio.

Mamãe abriu a toalha xadrez na grama e pediu que eu sentasse sobre ela. Tirou uma bolsinha branca de primeiros socorros dentro de sua bolsa, na bolsinha tinha gaze, band-aid e merthiolate. Ela tirou tudo de lá e começou a limpar o ferimento.

- Ai mãe, isso arde muito – reclamei;

- É pro seu bem, Sakura – mamãe não hesitava em continuar limpando;

- Mas doi – comecei a chorar;

- Sabe filha, existe algo que dói mais que merthiolate – sério que existe algo que doi mais que isso?

- O que é mamãe?

- Saudade – ela falou e eu fiquei confusa;

- Não entendi mamãe? Como que saudade dói mais que mer...mer... esse remédio aí ? - apontei pro remédio e ela achou graça porque eu não lembrei o nome;

- Porque saudade doi aqui – ela colocou uma das mãos no meio do meu peito – doi o coração da gente;

- Como assim?

- Quando a gente sente saudade de algo ou de alguém o coração da gente aperta e aí dói – eu tentei entender o que mamãe dizia, mas eu não conseguia compreender... eu tinha apenas cinco anos;

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