7. O Lago dos Cisnes

14.4K 1.9K 2K
                                    

A menina virginal, pura e doce, presa no corpo de um cisne. Ela quer a liberdade, mas só o verdadeiro amor pode quebrar o feitiço. Seu desejo é quase concedido sob a forma de um príncipe. Mas, antes que ele possa declarar seu amor, o gêmeo lascivo, o Cisne Negro, engana e o seduz. Devastado, o Cisne Branco pula de um penhasco, matando-se e, na morte, encontra a liberdade.

Uma mesa os aguardava no centro do restaurante, Tae observou a decoração dourado que contrastava com as paredes brancas. Tudo era tão elegante, assim como Jungkook. Seu jeito de andar era fino e seus gestos eram precisos, ao contrário dele. No meio de todo o branco, ele era como uma chama negra que de diferenciava de tudo ali.

Ambos sentaram e um dos garçons veio pegar os pedidos.

- Já decidiram, senhor? - O garçom soava com familiaridade, Jung deveria ser um cliente bastante presente, Tae pensou.

- Queremos os melhores da casa. E pode trazer o da noite. - Jungkook respondeu sem ao menos tocar o cardápio, o garçom saiu. Tae não entendeu o que ele quis dizer com isso, nunca tinha entrado em um restaurante tão requintado. Sua família vivia bem, mas não chegava a ter tanto dinheiro.

- Jungkook, me desculpe por hoje mais cedo. Não queria ter de tocar em um assunto tão delicado para você. - Tae fez uma pausa, agora que começou, tinha que chegar ao fim. - Só achei que era meu dever te entregar a carta. - As feições de Jungkook ficaram sérias, mas ao mesmo tempo convidativas.

- O que você quer saber sobre ele? - Jung se recosta na cadeira. - Sobre Park Jimin.

- Como ele chegou a sua casa? - Tae criou coragem, sua curiosidade era maior que seu medo da resposta.

- Eu o encontrei na rua, ele praticamente implorou por um pouco de comida. - Jungkook solta uma risada baixa. - Trouxe ele para esse mesmo restaurante, sabia? - Tae ficou surpreso, não esperava por aquilo. - Achei ele legal, não tinha casa ou família, igual você, não tinha para onde ir então o levei para minha casa.

- Quem agredia ele? Por que ele não gostava de ficar lá? Eram seus pais? - Tae sentiu o sangue correr mais rápido por suas veias.

O garçom chegou com o prato da noite, - Não fez questão de olhar, não estava com fome. - duas taças e um vinho que Tae não soube reconhecer. Ele sai após por tudo em seus lugares.

- Não vai comer? - Jungkook indaga, ignorando completamente a pergunta anterior.

- E você, não vai me responder? - Tae sabia que estava se arriscando, bebeu um pouco de vinho para aliviar a tensão. Quase cuspiu, era a primeira vez que tomava qualquer bebida alcoólica, não estava acostumado.

- Tudo em seu tempo, aliás, eu não te devo satisfações. - O mesmo sorrisinho de sempre voltou a seu rosto por alguns instantes, ele bebeu um pouco de vinho com toda a graça que Tae não tinha.

- Venha comigo. - Jungkook se levanta, sem olhar para trás, ele segue até uma escada que levaria ao segunda andar. Tae sobe logo atrás, percebe que o segundo andar é menos iluminado que o primeiro e possui uma varanda que era uma vista perfeita de um pátio que ficava nos fundos do restaurante. Jung estava ali, com as mãos na barra que o impediam de cair para frente. Tae se aproxima por trás.

- Está vendo aquele lago? No centro. - Jung indaga, apontando com seus olhos para a direção.

Tae observa um lago circular com uma estátua em seu meio - de um anjo. - arbustos cresciam ao redor, luzes penduradas nas árvores davam iluminação ao local.

- É chamado de lago dos cisnes, dizem que coisas mágicas acontecem ali. - Jung acrescenta, passando os dedos pelos cabelos negros bagunçados pelo vento.

- Cisne negro é um dos meus filmes favoritos. - Tae fala sem pensar, essa conversa está sendo íntima demais.

- Não sabia que você gostava de filmes com terror psicológico. - Jung sorri, aquele sorriso. - Para alguém de dezoito anos, seu gosto para cinema é muito bom. - Jung parecia mais leve, mas ainda era frio. Não questionou como ele sabia sua idade, no fundo já sabia.

- Você não parece muito mais velho que eu. - Tae contradiz, ainda olhando para o lago, ele era belíssimo como um diamante, suas águas reluziam a luz que vinha das luzes nas árvores.

- Tenho dezenove.

- Realmente, muito idoso. - Os dois caem em risos reprimidos, Tae não conhecia esse seu lado, talvez por seus pais não gostarem de piadas.

- Seus olhos azuis estão realçados, eles são como a água do lago. - Jung estava elogiando? Tae fica surpreso, suas bochechas começam a corar, não gostava de receber elogios. Olha para o lado e observa Jungkook olhando diretamente para ele, com seus olhos negros e frios.

- Jungkook, por que uma hora você diz ser meu dono e outra que quer me deixar livre? As vezes me parece que são duas pessoas diferentes conversando comigo. - Jung fica sério e agarra Tae pelos braços, ele estava furioso.

- Por que está me chamando assim? - Tae fica confuso, seu estômago está se revirando dentro de si.

- Do que você está falando? Você foi ao meu quarto e me falou seu nome. - As mãos de Jung tremem em seus braços, Tae sente como se estivesse prestes a andar em uma montanha russa.

De repente Tae não sente nada, nada além dos braços de Jungkook ao seu redor, lhe abraçando como ninguém jamais abraçou.

Ouroboros | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora