21. Eu te soltei

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Antes de sair pegou o relógio de bolso dourado que ele havia te dado de presente, estava em cima da cabeceira, onde pôs no dia em que ganhou, se esqueceu dele até agora.

Taehyung abriu a porta do quarto e saiu correndo pelos corredores. Ouviu o som provindo de um violino, ele estava tocando, mas ignorou completamente.

Procurou pelo elevador até encontra-lo no fim de um corredor. Apertou o botão que o levaria para o térreo e torceu para que ninguém notasse sua presença. Antes das portas se fecharem, ouviu um grito. Era Dorotea. Tinha chegado em seu quarto com o almoço e provavelmente todos no andar teriam ouvido.

As portas do elevador se abriram, o coração de Tae estava em mil por hora, seu corpo tremia tanto que quase caiu ao por os pés para fora. Seguiu em direção a imensa e branca porta principal. As paredes em dourado ficavam mais belas sob a luz do sol, se lembrou de quando as viu, era de noite e não notou os detalhes em prata por estar muito nervoso.

Abriu as portas principais que não precisavam de chaves por dentro, olhou para o pátio. Era imenso, havia uma estrada circular para os carros e no meio uma grande fonte cercada por plantas. Um pouco a frente avistou um grande portão com dois jotas transcritos nele. Um muro com cerca elétrica cercava a mansão.

Para sua sorte, o portão estava aberto. Alguns encarregados levavam alimentos para dentro da mansão, aproveitou que nenhum notou sua presença, pois estavam bastante ocupados, e atravessou. Olhou para o céu e ele estava nublado, como se naquele instante fosse começar a chover e estragar todo o seu plano, mas não começou.

Saiu correndo em disparada pela estrada, não havia casas ao redor, só árvores, e plantas de todas as espécies. Tae escutou o som de um carro se aproximando, era um táxi. Ficou no meio da estrada e obrigou o motorista a parar.

- Você está maluco, quer ser atropelado? - O motorista gritou batendo na lateral do carro.

- Por favor, preciso chegar a cidade. - Tae não esperou a resposta e adentrou no carro rapidamente. O motorista apenas assentiu com a cabeça e o carro começou a andar.

A viajem durou cerca de três horas, com Tae conferindo o tempo em seu relógio de bolso. O carro parou em um dos pontos de ônibus do centro.

Tae não tinha como pagar, então ofereceu o seu relógio de bolso, sabia que ele deveria valer algo.

- Cuide bem dele.

Disse antes do táxi voltar a andar, o deixando a deriva em uma cidade que mal conhecia. Não era sua cidade, mas provavelmente era a mais próxima da mansão. Olhou ao redor e tudo que via era prédios cercados por mais prédios.

Avistou um pouco a frente uma pracinha e se sentou em um dos banquinhos, pensou no que faria agora, onde viveria, o que comeria...

Se deitou no banco e aliviou a mente, o que importa era estar fora daquele mundo que só te causava dor e sofrimento. E dormiu.

Acordou com uma mão acariciando suas bochechas, o barulho dos carros inundou sua mente antes da visão tomar foco e conseguir se sentar no banco, olhou para quem o estava alisando.

Já era de noite, e as luzes dos postes iluminavam toda a cidade.

Era ele, Jimin estava em pé na sua frente, lágrimas desciam de seus olhos percorrendo todo seu rosto. Ele estava lindo como sempre, Tae pensou, estava todo agasalhado, com um casaco branco e calças jeans, combinando com a bota preta. Usava uma touca cinza que deixava alguns fios de cabelo soltos na frente.

- Estava tão preocupado, nunca mais faça isso. - Jimin estica uma mão em direção ao rosto de Tae que se afasta rapidamente, levantando-se.

- Saia daqui, me deixe em paz. - Brotaram lágrimas em seus olhos, quis afasta-las, estava cansado de chorar, mas não conseguiu. Se virou e andou, sentiu alguém puxar seu braço e em alguns segundos, seus lábios estavam grudados aos dele novamente.

Jimin segurava o rosto de Tae enquanto seus lábios se movimentavam em sincronia, lágrimas se juntaram ao beijo.

Era um beijo necessitado, ambos necessitavam um do outro, Jimin se afastou, apenas um pouco, a distância necessária para que pudesse falar.

- Eu te amo, morreria por você se fosse necessário. - A voz de Jimin estava falhando, encarava Taehyung como se ele fosse o único ali, mesmo os dois estando no centro da cidade.

Tae sentiu seu peito inflar, não conseguia respirar. Se lembrou do que Yoongi disse, das mentiras que Jimin contou e ainda contava.

Pessoas que amam, não mentem, sua mãe o alertava. Tae se lembrou de toda sua família reunida na hora do jantar, era tudo tão maravilhoso, mas tudo mudou depois daquela noite, e por culpa dele, não sabia quem eram os responsáveis.

Tinha que por um basta naquilo tudo, sentiu as mãos quentes de Jimin enxugando suas lágrimas, se afastou e pôs as mãos em volta do corpo, se protegendo, contra quem quer que fosse.

- Este é o problema Jimin, você me ama, mas eu não te amo. - Taehyung se vira e sai correndo, lágrimas inundam seu rosto, ele estava vermelho e sabia disso, seu coração estava despedaçado, ele amava Jimin, mas esse amor só o traria dor, e ele estava cansado de sentir dor.

Não olhou para os lados, não olhou para ninguém.

Apenas atravessou a rua em direção ao outro lado.

Sentiu mãos o empurrarem para longe, foi tudo muito rápido.

Caiu no chão, suas pernas doíam e sangue escorria de sua testa.

Voltou seus olhos para a rua, queria saber o que tinha acontecido e quem o havia empurrado.

Sentiu seu coração parar em seu peito, sua visão embaçou, aquilo não poderia ser real. Tem que ser um sonho, pensou.

Pessoas se aproximavam do rapaz estirado no meio da rua formando um círculo impedindo sua visão de onde estava, tudo que conseguia ver era um contorno.

Tae escutou alguém chamar uma ambulância.

- O motorista não prestou socorro, deve ser um bêbado infeliz. - Tae ouviu alguém dizer próximo a ele. Era uma mulher, ela pôs a mão em sua testa. - Não se preocupe, você só teve ferimentos leves.

- E o rapaz atropelado? - Tae sentiu uma pontada de culpa, se não fosse por ele, isso não teria acontecido. Agora não se importava mais com ele próprio.

- Não sei, mas ele estava bastante machucado. - A mulher responde indo até o círculo de pessoas.

Tae se levanta com dificuldade, suas pernas doíam devido ao impacto da queda, suas mãos estavam machucadas. Andou lentamente até o círculo de pessoas, uma ambulância havia chegado.

Enfermeiros botaram quem quer que fosse em uma maca, o erguendo para poder passar pela multidão que ali estava.

Tae gritou, com toda sua força, tudo que conseguia fazer era gritar.

Jimin estava deitado na maca.

Ouroboros | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora