16. Não me solte

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Após as luzes se apagarem, Jimin foi verificar o que tinha acontecido - deixando Tae a deriva na escuridão. - apenas a luz da lua iluminava pouquíssimo o local.

Depois de alguns instantes a luz voltou e Jimin também, era apenas um problema no gerador de acordo com ele. Jimin o convidou para comer alguma coisa, voltaram ao andar de seu quarto e surpreendentemente, o andar tinha sua própria cozinha. - Será que em cada andar tinha uma cozinha diferente? Pensou Tae ao se sentar em uma das cadeiras da mesa que ficava no centro do lugar. - Notou que as paredes eram amarelas e o chão era como um tabuleiro de xadrez.

Pensou em como minutos atrás os dois estavam tão perto, quase a ponto de... Uma pergunta interrompe seus desvaneios.

- O que você quer comer? - Jimin pergunta com um sorriso no rosto, era a primeira vez que ele sorria para Tae que imediatamente percebeu que suas bochechas esquentaram, os dentes dele eram perfeitos.

- Nada-da - Tae fala com dificuldade, suas mãos tremiam de nervosismo. - Você pode comer, eu só te acompanhei mesmo.

Jimin se vira para a geladeira e pega algumas fatias de pão, manteiga e presunto, colocando tudo em cima da mesa.

- Quando ele volta? - Tae pergunta, ele provavelmente deve saber. Se lembra da carta que ele deixou para Jungkook, será que ainda estava apaixonado por ele?

- Em uma ou duas semanas, não sei. - Ele começa a preparar um sanduíche, com seus dedos ágeis de violinista.

- E você aceitou cuidar de mim sem ter um prazo para acabar?

- Não tinha nada de melhor para fazer. - Ele termina o sanduíche e o encara novamente com seus olhos castanhos ardentes. - E também não teria como recusar ficar com um garoto tão bonito quanto você. - Ele põe o sanduíche na boca e morde.

Tae abaixa a cabeça tentando esconder suas bochechas provavelmente vermelhas. Ele o acha bonito, ninguém além de seus pais dizia isso.

- Eu tenho um presente para você. - Jimin tira algo do bolso de seu casaco cinza, era um relógio de bolso dourado com uma cordinha. - Pegue, ele agora é seu.

Tae pegou o relógio e ficou admirando seus detalhes, parecia uma herança de família, mas não quis perguntar. Pôs no bolso da sua jaqueta.

- Não acha que eu mereço algo em troca? - Jimin fala antes de dar mais uma mordida em seu sanduíche.

- Foi um presente, não te devo nada. - Tae o encara, aqueles olhos castanhos estavam mais vivos do que na estufa.

- Poderia pelo menos agradecer. - ele soltou uma risada abafada enquanto mastigava.

Ao terminar de comer, Jimin limpou a mesa e guardou a manteiga na geladeira. Saíram da cozinha - apagando todas as luzes. - e caminharam em direção ao quarto de Tae, andando pelos longos e dourados corredores. Por um momento Tae pensou ter ouvido passos, mas ignorou, deveria ser Dorotea ou qualquer outra empregada ou segurança.

Entrando no quarto, - iluminado apenas pela luz da lua que vinha da janela, da mesma forma que na estufa. - não fez questão de acender a luz e se jogou na cama, como sempre, ainda de roupa. De barriga para cima olhou para Jimin que o observava de feições sérias e serenas, pensou como aquilo seria possível. Ele ficava tão lindo sob a luz da lua, como um anjo, um anjo caído, com seus segredos e obscuridades, mas encantador.

- Eu não quero ficar sozinho hoje. Quer se deitar comigo? Tem espaço. - Tae nunca notou a diferença de sua antiga cama de solteiro com sua nova cama de casal, nunca precisou, sempre ficou preso a ideia de que estava na mais terrível das prisões. - Eu geralmente não me cubro, mas tem um cobertor branco no closet. Se quiser...

Jimin não esperou que ele terminasse de falar e se deitou delicadamente sob os lençóis brancos que cobriam a cama, também de barriga para cima. Os dois olhavam para o teto, não sabiam como proceder com aquela situação.

Tae usa de toda sua coragem e deita a cabeça sob o peito de Jimin, se encolhendo sobre seu corpo. Sentiu o coração bater forte contra seu ouvido.

Pum pum pum... Várias batidas, aquilo era como a melodia de seu violino, o acalmava, fechou os olhos e tentou imaginar o que será que ele estava pensando.

Um medo preencheu sua mente, quando Jungkook chegasse, ele teria de ir embora, não queria se importar o bastante para sofrer com sua perda, mas parecia tarde demais para aquilo. Seu corpo treme e Jimin sente, responde acariciando seus cabelos louros.

- Não tenha medo, eu estou aqui.

Tae sentiu suas mãos coçarem, estava curioso e queria saber mais. Queria saber sobre Jungkook, sobre os pais dele e se estão mortos como Dorotea falou, quem foi responsável pela chacina de sua família e... sobre ele

- Por que você mantém tantos segredos? - Tae pergunta, após instantes em silêncio Jimin suspira.

- Não quero que você se machuque, apenas. Agora durma, te fará bem. - Jimin responde pausando a mão entre seus cabelos.

- Não quero dormir, quero a verdade. - Tae retira a cabeça do peito de Jimin e se afasta. Deita a cabeça sobre o travesseiro olhando para o teto.

Tae escuta a respiração pesada de Jimin ao seu lado, olha para ele que agora estava com os olhos fechados. Será que ele dormiu? Pensou. Se curvou para o lado e apoiou a cabeça sob seu próprio ombro. Jimin abre os olhos, Tae se assusta, mas não se meche.

Jimin se vira para ele, o encara com seus olhos castanhos ardentes, como se chamas estivessem saindo deles. Se aproxima cada vez mais, Tae recordou que poucos minutos atrás estavam tão próximos...

Agora, suas bocas estavam coladas, e Tae pensou não querer parar de beija-lo nunca mais.

Ouroboros | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora