Capítulo 12

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Sentada na cama, encaro a janela por alguns instantes, cogitando a possibilidade de ter imaginado o barulho. Acabo levando um susto quando algo volta a acertar meu vidro. Meu coração acelera e um sorriso esperançoso surge em meu rosto.

Levanto-me rapidamente e abro a janela. Perco o ar quando vejo Luke lá embaixo, como no sonho. Mas e se não tiver sido um sonho?

Calço minhas pantufas, jogo um xale cinzento sobre meus ombros e abro a porta. Permaneço parada por alguns segundos, encarando o corredor escuro, mas então saio do meu quarto, desço as escadas rapidamente e vou para a calçada. Com pontadas de ânimo e esperança espalhadas por todo meu corpo, vou ao encontro dele.

—Não foi um sonho?! —gaguejo quando nós nos aproximamos. Não consigo me conter. —A floresta era real?! As flores? A borboleta? Eu não imaginei aquilo, não é?!

—Calma... —pede, mas não consigo esconder um largo sorriso. Pareço uma criança. —Não, Skyler, não foi um sonho...

Seguro minha cabeça com as mãos, eufórica. Era verdade! Aquilo realmente existe!

—Imagino que você queira voltar para lá... —supõe.

—Sim! —junto as mãos. —Sim, sim, por favor...

—Certo. Vamos.

Enquanto caminhamos, esfrego minha testa agressivamente. Não posso estar sonhando. Isto é real. Seja lá o que tiver acontecido ontem, foi verdade. Ainda estou em choque, mas a alegria me obriga a continuar andando. Não há como descrever o que estou sentindo, para falar a verdade. Eu sempre achei que não me encaixava neste mundo, que havia algo faltando nele. Prédios, carros, festas, celulares... Livros pareciam muito mais interessantes. Mas talvez eu estivesse errada. Talvez a realidade seja suficiente.

—Há quanto tempo vem aqui? —indago enquanto caminhamos pela floresta escura. —Sempre foi assim? Não estamos fazendo nada perigoso, não é?

Ele fica quieto.

Não é? —insisto, segurando seu braço. Luke o puxa de volta.

—Chegamos —diz. É difícil enxergar o ambiente à minha volta, mas parece ser o mesmo lugar de ontem.

Uma por uma, pequenas luzes brancas aparecem e começam a se movimentar. Dezenas de pequenos pares de asas luminosas pairam ao meu redor, roçando ocasionalmente meu rosto e minhas mãos. Um largo sorriso surge em meu rosto enquanto caminho de um lado para o outro, tentando inutilmente convencer uma das borboletas a pousar no meu indicador.

—Isso é incrível... —deixo escapar, seguindo uma delas. A mesma sobe e desce algumas vezes a pouco mais de um metro e meio do chão, então acomoda-se delicadamente sobre o ombro de Luke. Ele olha para ela com certo afeto. Provavelmente já vem aqui há algum tempo. —Elly vai adorar este lugar...

O carinho some de seus olhos, deixando apenas um misto de ódio e decepção. Em uma questão de segundos, todas as borboletas desaparecem, deixando-nos em uma completa escuridão. Não consigo enxergar quase nada, mas o som de passos se afastando é facilmente identificado.

—Calma! —peço, assustada. Não quero ficar sozinha nesta floresta.

Ele não para de andar. Tento acompanhá-lo, mas é difícil não tropeçar nas enormes raízes que estendem-se pela terra úmida. Para que toda essa raiva?

—Por favor, espera... —peço, segurando seu pulso. Ele se solta e continua caminhando. —Que saco! Eu não quis te irritar!

Nós saímos da floresta. Sem as árvores como escudo, o vento bate violentamente contra mim, bagunçando meus cabelos e fazendo meu corpo tremer de frio. Pelo menos consigo enxergar melhor aqui na calçada...

—Se você não quiser que eu conte para minha irmã, eu não vou —digo. Ele para de andar, mas não se volta para mim. —Eu prometo!

Finalmente, Luke me encara. Pela primeira vez na noite, fico com medo dele.

—Não diga nada —pede, então volta a olhar para frente e começa a caminhar.

Cogito ir atrás dele, mas sei que é melhor voltar para casa...

No caminho, penso no que acabou de acontecer. O que haveria de tão errado em trazer minha irmã para a floresta? Por que a ideia deixou Luke tão irritado? Afinal, são só flores brilhantes, não é? Que mal poderiam fazer a ela ou a ele?

É então que eu me lembro do momento no qual perguntei a Luke se estávamos fazendo algo perigoso. Ele não quis responder... Bem, talvez só não quisesse conversar. Ele já deixou claro que não é muito fã de socializar, característica que alguém como eu não deveria estranhar. Além do mais, ele não me colocaria em uma situação arriscada... Espero.

Finalmente entro em casa. Subo silenciosamente até meu quarto, guardo meu xale e vou me deitar. Permaneço sentada na cama por alguns minutos, repassando tudo o que aconteceu na minha cabeça algumas vezes antes de um longo bocejo interromper meus pensamentos. Apoio a cabeça no travesseiro, puxo meu cobertor e fecho os olhos...

Quando o Sol se PõeOnde histórias criam vida. Descubra agora