Capítulo 3

90 13 6
                                    

Tenho mania de ficar vagando pelo supermercado enquanto minha mãe faz as compras. É isso que estou fazendo no momento, por sinal. Olho para o outro lado do corredor, onde Elly está carregando um pote enorme de sorvete de menta para o carrinho. É o nosso favorito, mas não me animo muito. Ela sempre acaba com tudo antes que eu possa experimentar...

—Mamãe, podemos passar em uma loja de brinquedos? —minha irmã começa enquanto me aproximo delas. —E em uma locadora? Ah, minha meia das princesas furou! Será que podemos comprar outr...

—Elizabeth, por favor! —mamãe ralha. —Chega!

Elly fica quieta. Ela se magoa com muita facilidade, assim como eu —mas ela é bem mais expressiva, motivo pelo qual seu descontentamento fica bem mais perceptível. Passo meus dedos pelos seus cachinhos e faço um pouco de carinho para consolá-la. Odeio vê-la triste...

—Não liga, El —sussurro quando mamãe se afasta. —Ela está cansada...

—É, eu sei —diz, mas sua expressão ainda não demonstra muito ânimo,

—Mais tarde, posso te levar naquele parquinho —sorrio.

Seus lábios formam um sorriso instantaneamente. É, eu conheço minha irmãzinha...

Vamos até o caixa e começo a retirar as coisas do carrinho. Compramos coisas básicas como frutas, legumes, ovos, leite e farinha, além de alguns temperos exóticos que minha mãe insiste em usar na cozinha. Ah, claro, tem também aquele pote gigante de sorvete de menta.

Elly me ajuda a colocar tudo dentro das sacolas, então vamos até nosso carro. Este é da minha mãe desde que me entendo por gente, para falar a verdade. A superfície dos bancos já está toda empelotada, as janelas traseiras estão cheias de adesivos desbotados e o porta-luvas está todo riscado. Ainda assim, apesar de ter dinheiro suficiente para trocá-lo por um novo, mamãe insiste em mantê-lo. Não reclamo, mas também não apoio muito sua decisão. O veículo inteiro cheira a cigarros, odor que eu, pessoalmente, desprezo.

Depois de aproximadamente quinze minutos de viagem, nós chegamos ao condomínio. Passamos pelo grande portão e vamos diretamente para casa. Elly faz menção de abrir a boca quando passamos perto do parquinho, mas faço sinal para que ela fique quieta. Mamãe claramente não está com muita paciência.

—Depois —sussurro e ela concorda com a cabeça.

Nós descemos do carro, pegamos as compras e entramos em casa. Depois de depositar algumas sacolas sobre a bancada da cozinha, começo a separar os alimentos que vão para a geladeira e aqueles que ficarão no armário. Elly tenta fazer o mesmo, mas claramente não faz a menor ideia de onde vai cada coisa. Ajudo-a a realizar a divisão, então guardamos tudo.

Assim que terminamos, olho através da janela. Já está bem tarde. Passamos o dia inteiro terminando de desempacotar e colocando tudo em seu respectivo lugar. O Sol já está se pondo, mas acho que ainda dá tempo de darmos uma saidinha.

—Mãe, vamos dar uma volta naquele parquinho —aviso, entrelaçando meus dedos nos de Elly.

Hum —ela mal olha para mim.

Abro a porta, então nós duas vamos para a calçada. Está um pouco menos frio que ontem, mas não chega a estar agradável. Seguimos a mesma trajetória que traçamos da última vez até chegarmos ao nosso destino. Minha irmã sai correndo em direção ao escorregador, mas eu apenas me sento em um banquinho. Estou exausta e minhas pálpebras parecem chumbo...

Quando o Sol se PõeOnde histórias criam vida. Descubra agora