Capítulo 13

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Ao fim da tarde, minhas pernas estão completamente exaustas. Devo ter perambulado pela rua por pelo menos uma hora em busca de Luke. Certo, sessenta minutos caminhando pode não ser muito para alguns, mas para alguém com meu condicionamento físico, definitivamente é bastante.

Admito que não tive coragem de ir até as quadras de tênis. É óbvio que seria muito mais fácil encontrá-lo perto de sua casa, mas tive medo. Parece idiota, mas é verdade. A ideia me dá calafrios. Por algum motivo, eu imagino que residência vá ter um aspecto abandonado, com cortinas fechadas e talvez garrafas de bebida pelo quintal. Sei que devo estar exagerando, mas está claro que Luke não gosta de ficar em casa...

Esfrego minha testa e jogo meus cabelos para trás enquanto deixo o ar escapar ruidosamente por entre meus lábios. Me sinto uma estúpida. Há duas opções: ou eu tive o mesmo sonho duas noites seguidas e a realidade continua insuportável ou eu encontrei algo fantástico e estraguei tudo por falar demais. Nenhuma das alternativas parece muito boa.

Vejo que horas são na tela de meu celular. Sete e trinta e quatro da noite. Arregalo os olhos e deixo meu queixo cair alguns centímetros. Céus, estou aqui fora há quase duas horas. Derrotada, enfio o aparelho no bolso do meu casaco e volto para casa. Pelo menos fiz exercício...

—Skyler? —mamãe arqueia uma sobrancelha ao me ver. —Achei que você já tinha voltado...

—Não, eu... —coço a nuca. —Eu li que fazer longas caminhadas faz bem para o coração.

—Para o corpo todo —ela sorri. —Estou feliz por você estar se exercitando! Apenas... use uma roupa mais adequada na próxima vez.

—Certo —olho para minha saia rodada. —Sem problemas.

—Vá se arrumar. O jantar fica pronto em uns vinte minutos.

Ofereço ajuda, mas ela recusa, então tomo um banho rápido e visto meu pijama. Enquanto minha mãe não nos chama, fico observando a rua através da janela. Tudo está tão confuso... Não tenho a menor noção do que está acontecendo, o que é uma situação muito estranha e desconfortável para alguém como eu, que vive dentro de uma rotina.

Ela finalmente chama. Levo um susto ao perceber o quanto o tempo passou rápido, mas logo me recomponho e desço as escadas. Mamãe e Elly me esperam na mesa, evidentemente esfomeadas. A comida já está nos pratos, sinal de que ela deve estar estressada. Quando minha mãe está com algum problema, lava as travessas assim que acaba de servir a comida a fim de se adiantar. Ela tem essa mania desde que me entendo por gente...

Comemos nosso macarrão em silêncio. Está com um gosto um pouco esquisito, mas obviamente não digo nada. A última coisa da qual ela precisa no momento é uma reclamação sobre sua comida.

—Elly tirou um A na prova de Geografia —mamãe conta, evidentemente orgulhosa de minha irmã. —Prometi que iria comprar algum docinho para ela no supermercado amanhã. Quer alguma coisa, Sky?

Faço que não com a cabeça e tomo um gole de água. Terminamos de comer e lavamos os pratos, então subo as escadas e vou até o banheiro. Depois de escovar os dentes, apoio as mãos na pia e fico encarando meu reflexo no espelho. Os minutos vão passando e minha própria face começa a parecer estranha, como se pertencesse a outra pessoa. Sinto um pouco de medo e desvio o olhar.

***

Tento nadar em direção à superfície, mas tudo está tão confuso... Meu cabelo forma uma cortina negra em frente aos meus olhos, atrapalhando ainda mais minha visão. Minhas pernas e braços se movem freneticamente enquanto luto para sair da água, mas estou tão desnorteada que temo estar mergulhando cada vez mais fundo.

Começo a me desesperar. Ar. Eu preciso de ar. Quero chorar, berrar e implorar por ajuda, mas, ao que tudo indica, estou completamente sozinha. Onde estão Elly e mamãe?

Uma pancada forte atinge o topo minha cabeça. Empurro o corpo sólido que me fez bater com as mãos, mas percebo que não estou conseguindo fazê-lo se mover. Começo a nadar para o lado, mas essa coisa continua a se estender logo acima de mim...

Abro meus olhos, assustada. Por que estou tendo aquele maldito pesadelo de novo? Sento-me na cama e encosto minhas costas na parede enquanto espero minha respiração voltar ao normal. Acaricio meus joelhos e fecho os olhos, deixando um longo suspiro escapar.

Já mais calma, levanto-me e saio do quarto. Fico parada na frente da porta do quarto de Elly por quase um minuto antes de tomar coragem para abrir a porta. Tento ser o mais silenciosa possível para não acordá-la. Entro e imediatamente sinto o cheiro de morango e baunilha do perfume que ela adora. Observo-a dormir com um esboço de sorriso no rosto, então deito-me ao seu lado. Fico um pouco espremida contra a parede, mas não é desconfortável.

—Skyler? —ela esfrega os olhos e boceja.

—Oi —sussurro.

—Por que você está aqui? —indaga com voz de sono.

—Eu tive um sonho ruim —explico, colocando um de seus cachos atrás de sua orelha. —Tudo bem se eu dormir aqui?

—Sim... —ela apoia a cabecinha no meu braço e volta a dormir.

Fecho meus olhos e tento não pensar em mais nada...

Quando o Sol se PõeOnde histórias criam vida. Descubra agora