Capítulo 17

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—Há uma coisa que eu queria te mostrar —diz Luke enquanto caminhamos pela floresta. —Acha que consegue andar mais um pouco?

—Claro —respondo, ignorando o fato de que estou ofegante e começando a ficar suada.

Ele acelera o ritmo da caminhada, obrigando-me a andar mais rápido. Deixo a dor nos meus joelhos de lado e concentro-me apenas em segui-lo, imaginando que vou ser logo recompensada com um belo cenário. O que será que ele quer que eu veja?

Sobre as copas escuras das árvores, aparece Lua cheia. Enquanto observo a grande esfera esbranquiçada, tropeço em algumas pedrinhas e galhos, mas consigo me manter de pé.

—Você está melhorando —Luke comenta.

Hum? —viro-me para ele.

—Não está caindo tanto quanto antes.

Fico em dúvida se devo agradecer ou encarar o que ele disse como deboche. Confusa, decido ficar quieta.

Andamos por mais alguns minutos até ele parar. No momento em que o barulho de galhos se rompendo sob meus pés para, consigo reconhecer o som de água correndo. Seria uma nascente? Como era de se esperar, está muito escuro para enxergar com clareza o que está à minha volta, mas consigo ver a luz da lua sendo refletida em uma superfície em movimento.

Uma luz "mágica", por fim, aparece. É alaranjada e se move de um lado para o outro dentro da água.

—É um peixe! —deixo escapar, sorrindo.

Um, dois, três peixes! Eles iluminam as pequenas pedrinhas submersas enquanto nadam agilmente para lá e para cá, espalhando tons de verde, laranja e amarelo por onde passam. É então que eu percebo que não trata-se de um laguinho, mas sim de uma pequena cascata. A água passa, então, por um longo e estreito córrego cheiro de plantas e animais brilhantes.

—Não acredito! —digo, encantada.

Sigo o percurso do riacho até chegar a um trecho grande o suficiente para uma pessoa poder nadar nele. Ajoelho-me ao lado da água e observo, calada, os pequenos animais marinhos rodopiando por aí, cheios de energia. Sou incapaz de me mover, hipnotizada pelas luzes multicoloridas. Isso é simplesmente maravilhoso...

Luke, parecendo um pouco hesitante, ajoelha-se ao meu lado. Como sempre, parece inexpressivo.

—Eu sei que está muito frio, mas eu com certeza nadaria aqui... —comento, deixando o encanto falar mais alto que a razão.

—Eu não sei nadar.

Viro-me para ele, mas o mesmo continua com os olhos cravados na água, recusando-se a me encarar de volta. Andar de bicicleta é uma coisa, mas nadar é mais sério. Acho que eu nunca tinha conhecido alguém, fora dos filmes, que não soubesse nadar. Será que os pais dele não se deram o trabalho de ensiná-lo?

—Eu poderia te ensinar —sugiro.

Luke balança a cabeça, parecendo arrependido por ter se aberto para mim.

—Não precisa ter vergonha —sorrio de leve. —Muita gente não sabe!

Pela forma suas sobrancelhas se contraem, imagino que ele saiba que estou mentindo. Respiro fundo e tento pensar no que dizer a seguir.

—Se não me engano, há uma piscina coberta perto do fundo do condomínio. Eu poderia te ajudar a aprender...

—Skyler, não precisa —ele corta, irritado.

—É importante! —insisto. —E se você, algum dia, se perder em uma ilha deserta e precisar nadar para encontrar alimento ou coisa do tipo?

—Eu duvido muito que isso aconteça —diz. —E, de qualquer forma, poderia não fazer muito bem para os meus...

Ele fica quieto por alguns segundos. Parece desesperado para cavar um buraco, entrar nele e encerrar esta conversa.

—Seus o quê? —eu o encaro.

—Pulmões, Skyler —respira fundo. —Pode fazer mal para os meus pulmões.

Não consigo dizer mais nada. Quero perguntar o que ele tem, mas minha voz não sai. Não é mais uma teoria. Luke não é saudável...

 Luke não é saudável

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