Capítulo 18

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Pequenos insetos se acomodam nas falhas dos velhos troncos de árvores, lotando os mesmos com pequenos pontinhos brancos de luz. Uma mariposa laranja rodopia à minha volta e pousa no meu ombro por alguns segundos, então volta a voar pela floresta. Respiro fundo, encantada, e sigo o bichinho com o olhar, acompanhando todos os seus movimentos. Eu passaria minha vida toda neste lugar...

—Vai cair se continuar sem olhar para o chão —ele diz, esboçando um breve sorriso.

Nós caminhamos mais um pouco até o cansaço nos impedir de ir mais longe. Sento-me sobre uma pedra úmida e contemplo a vista. Uma minhoca esverdeada se contorce perto de minhas sapatilhas, tentando enfiar seu corpo comprido em algum buraquinho na terra.

—Posso te fazer algumas perguntas? —indago, desviando os olhos do invertebrado.

—Achei que já tivéssemos ultrapassado essa fase —Luke franze o cenho.

—Vou ter que discordar —elevo a voz, irritada. Ele realmente achou que ia ficar por isso mesmo?

Luke respira fundo e esfrega a testa.

—Pode perguntar —suspira.

Acomodo-me na pedra da melhor forma possível e junto as mãos.

—Como tudo isso começou? —pergunto. —Digo, quando você descobriu este lugar e começou a frequentá-lo?

Ele faz o máximo de esforço para não me olhar nos olhos, mostrando-se evidentemente desconfortável.

—Eu não sei bem —esfrega a nuca. —Um dia, eu simplesmente entrei sozinho durante a madrugada e tudo começou a brilhar. Achei interessante e passei a vir toda noite para a floresta.

Fico tentada a perguntar o porquê de ele ter entrado sozinho em uma floresta escura no meio da madrugada, mas resolvo deixar isso para depois.

—Isso, imagino, tem relação com suas caminhadas eternas pela rua.

—Sim —enfia as mãos pálidas nos bolsos. —Checo se não há ninguém me seguindo antes de entrar.

Assumindo que provavelmente não conseguirei nenhuma resposta melhor do que essa, sigo para a próxima questão.

—Você sabe se tem algum problema de saúde?

—Como é? —exalta-se, revelando sua aversão à minha pergunta.

—Você claramente não é saudável —tento me manter firme enquanto falo. —Não adianta esconder, eu já liguei os pontos. Apenas responda à pergunta.

Luke engole em seco e, nervoso, encara uma árvore a alguns metros de onde estamos.

—Você já deve ter percebido que, às vezes, aparece gelo sob meus pés —comenta, voltando-se para mim. Concordo com a cabeça. —Isso, acompanhado de problemas de saúde foram, digamos, consequências dessas minhas visitas à floresta...

Perco a voz por alguns segundos.

—Como é? —gaguejo, arregalando os olhos.

—É —dá de ombros. —Nem tudo é uma maravilha. Eu preferi lidar com esses danos ao meu organismo a deixar de vir aqui.

Suas palavras me atingem como um soco no estômago.

—Mas... Mas e quanto a mim? Eu também vou sofrer com essas consequências?

—Sei lá, Skyler. Eu não entendo muito sobre como essa coisa funciona. Até agora, você não apresentou nenhum problem...

—Eu não acredito —levo minhas mãos ao meu rosto, chocada. —Quem te deu o direito de decidir por mim? Sinto muito se sua família é uma droga, mas minha mãe e minha irmã me amam muito e ficariam devastadas se eu...

—Não fale sobre a minha família —interrompe. —Não tire conclusões sobre algo que você não conhece.

Sua irritação repentina me assunta um pouco, mas logo a indignação volta a me controlar.

—Como você pôde? —sussurro. —Como pôde fazer isso comigo sabendo o que poderia acontecer?

—Não fale como se eu fosse o vilão da história —retruca. —Eu te fiz um favor. Sua vida estava uma porcaria e eu te mostrei uma saída. Não se atreva a negar.

Fico quieta, refletindo sobre o que ele disse. Seu olhar perdido expõe certo arrependimento, mas seu orgulho provavelmente não permitirá que ele peça desculpas.

—Eu não estou brava —minto. No fundo, estou possessa. —Só quero saber por que você não me contou isso antes...

Luke permite que o ar escape ruidosamente por entre seus lábios antes de voltar a falar.

—Não sei dizer —admite. —Eu pensei que fosse a coisa certa a fazer. Não planejei nada, apenas fui agindo por impulso até perceber que poderia estar arruinando sua vida. Resolvi ignorar a possibilidade de você sofrer consequências por visitar a floresta e continuei fingindo que estava tudo bem... Desculpe.

Seu pedido de perdão me deixa muda por alguns instantes. Eu realmente não esperava que ele fosse reconhecer seu erro.

—Depois de quanto tempo você começou a demonstrar... sintomas? —questiono.

—Talvez duas semanas após começar a frequentar a floresta.

Respiro fundo e dou um sorriso triste.

—Que venham as consequências...

—Que venham as consequências

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