Filhos do Mar - O Despertar

O Bom Pai

Longe do caçador de piratas com danos medianos no navio, horas de distância do ponto em que ocorrera a batalha o Corvo do Mar agora diminuía a velocidade, os homens recolhiam suas velas por sequência, primeiro as do mastro traseiro, depois as do mastro principal e por fim as do frontal, enquanto isso ainda no convés vigiados por dois marujos os marinheiros que subiram a bordo aguardavam seu destino sentados com as mãos atadas a uma barra de ferro que ligava um a um em uma fileira lateral e se prendia ao chão os mantendo com as mãos baixas, Glingolt por sua vez não tivera descanso tratando dos feridos de imediato do exato momento em que voltou ao navio, Damian por sua vez ainda dominava o timão guiando o navio enquanto o mesmo ainda não estava completamente parado, enquanto isso Alisa observava a reta guarda do navio fitando o mar imaginando como saíram tão "ilesos" daquela batalha feroz contra um navio tão monstruoso, Barock limpava suas armas como de costume sentado no degrau mais alto da escada de acesso ao convés superior do lado esquerdo, enquanto Gargus descansava seu chicote enquanto ajudava seus homens em seus serviços já que a batalha anterior se incumbiu de motiva-los ao serviço como sempre acontecia após uma batalha.

Tudo parecia normal, o Sol tingindo o céu azul com uma gigantesca mancha alaranjada já ia se pondo enquanto do lado oposto ao dele se erguia a lua se preparando para cumprir sua função de iluminar a noite junto as estrelas, finalmente com o navio parado os homens  começaram a fazer suas reformas, enquanto isso Barock desceu ao convés inferior, guardando suas armas no cinto ele caminhou até os marinheiros, os encarou com frieza como um predador que encara sua presa já abatida antes do abate e os homens tremeram, o medo lhes dominou por um momento, mesmo aos corajosos encarar um homem que invadiu um navio da marinha com apenas três companheiros em meio a uma batalha sangrenta com um navio famoso por não deixar sobreviventes, enfrentar dezenas de marinheiros furiosos aozinho armado apenas de um sabre e sua coragem, correr em meio a explosões, disparos de canhões e ainda conseguir sair vivo com todos os seus companheiros dessa batalha não era um feito a ser ignorado, e eles não o ignoravam, todos o temiam como um homem invencível mas até homens invencíveis sangravam.

-Ei, Barock, que sangue é esse, você se feriu?-perguntou Glingolt se aproximando do amigo ao ver uma mancha de sangue em sua roupa na altura do abdômen.

-Não é nada.-respondeu o atirador olhando brevemente para o local do ferimento e voltou a olhar pros marinheiros dirigindo-se então a eles.-Marinheiros, homens, não sei por que diabos embarcaram em um navio pirata quando haviam seis outros navios da marinha espalhados no combate para lhes darem refúgio, mas não julgo as atitudes de homens postos frente a morte, sendo assim adianto-lhes minha opinião sobre vocês em meu navio, os que quiserem abandonar os falsos ideias da marinha que tiram a liberdade dos homens para alimentar a cobiça e gula de burgueses e nobres gordos, ofereço-lhes uma chance de provarem seu valor em serviço neste navio até que ao reencontrar nosso Capitão oficial que está ausente por assuntos pessoais e ele decida se vai efetiva-los como parte da tripulação ou não, a maior vantagem para aqueles que provarem seu valor terão alguns membros ou talvez até todos da tripulação a favor de sua efetivação, porém aqueles que não desejarem agarrar está oportunidade eu os deixarei ai por mais alguns minutos enquanto me decido se subirem a bordo foi uma boa ideia ou uma burrice fatal.

Logo quatro dos marinheiros sacudiram as correntes pedindo atenção e aceitaram a oferta enquanto um quinto indivíduo gritou a Barock atrapalhando Glingolt que estava pronto a chamar a atenção do amigo.-Ei Pirata, você nos encara com superioridade por que estão em maior número, quer levar estes pobres covardes contigo, leve, se fosse um homem de verdade soltaria minhas algemas e me enfrentaria de homem pra homem, vamos, eu te desafio, duvido que seja capaz de um duelo justo!