Funeral dos Corvos

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Com a briga encerrada e os ferimentos de seus homens já tratados, Raskanarys ordenou o retorno ao navio e os guiou de volta ao Sea Ravem. atrás dele seguiam quatro homens carregando o corpo de Barock enrolado em dois lençóis dados a eles pelo taverneiro, mas atrás seguiam Damian, Alisa, Igor, Glingolt e Memphis e atrás deles o resto dos homens com Gargus no final da fileira guiando o cavalo que puxava a carroça emprestada pelo dono da taverna, enfim chegaram ao navio, o capitão foi até o timão e parou do seu lado observando a entrada de seus homens, os quatro que seguiam atrás do dele botaram o corpo de Barock no centro do convés bem a frente do mastro principal e se afastaram, os outro foram se posicionando a volta do corpo mantendo uma certa distância, Memphis passou direto indo pro andar inferior do navio seguido por Glingolt enquanto Damian e Alisa foram até Raskanarys, não demorou muito e os dois retornaram ao convés carregando tochas que foram dadas a cada um dos tripulantes ali, assim que a distribuição acabou Memphis começou a acender uma por uma enquanto os homens escutavam em silêncio Raskanarys começar a ordenar.

-Tragam aquele trapaceiro metido a capitão até aqui e tragam-me também minha adaga de ritual, faremos uma cerimônia completa hoje!

E os homens acataram a ordem, dois deles carregaram o capitão Alair até Raskanarys enquanto um terceiro correu a cabine pegando as pressas a tal adaga guardada em uma das gavetas da mesinha e voltou correndo a seu capitão entregando-lhe a mesma.

-Muito bem, vamos começar, lembram-se da canção certo?-perguntou Raskanarys e os homens confirmaram com um "SIM SENHOR" em uníssono- então comecem a cantar!-ordenou.

- A fumaça negra se levanta do solo seco, quando as nuvens carregam nossos temores, voamos em meio ao cheiro pútrido, enquanto corações soam como tambores, magoa, medo e frustração ficam talhados em nossos ossos, enquanto essa tempestade não passar, encontraremos a coragem, da morte voaremos ao despertar, onde chovera sangue, do choro dos lamentadores, deitados sobre o próprio sangue os malditos sofredores,vingado sob os tambores dos trovões e o assovio da tempestade, milhares de gritos ecoaram, como um brado de crueldade, o céu escuro hoje trás a manhã, e meus inimigos clamam em desespero, pôs a vingança será feita ao despertar do pássaro negro!-Cantaram todos os tripulantes juntos em tom não muito alto, a canção foi repetida três vezes enquanto Raskanarys caminhava lentamente a volta de Alair que estava ajoelhado próximo dele, Damian e Alisa observaram calados sem ter certeza do que ocorreria mas já deduzindo o que pelo menos Raskanarys iria fazer e acertaram, assim que a última frase da terceira repetição foi alcançada o capitão se posicionou atrás de Alair, tocou-lhe o pescoço com a adaga e lentamente cortou a garanta do mesmo de um lado até o outro deixando o homem cair em espasmos no chão assim que terminou e gritou -Desperte, velho corvo adormecido!- mada ocorreu por alguns segundos até que finalmente Alair parou de se debater morrendo e no mesmo momento Barock, enrolado nos lençóis se levantou sentando onde estava, puxando o ar novamente para seus pulmões com muita força, Alisa e Damian estatizaram arregalando seus olhos impressionados com o ocorrido, e todos os homens ali presentes bradaram juntos em comemoração a volta a vida de seu companheiro.

-Bem vindo de volta meu amigo!-disse Raskanarys com um sorriso exagerado estampado na cara.

-Eu morri não foi, como dessa vez, facada, canhão, tiro?-perguntou Barock tirando os lençóis de cima de seu corpo.

-Tiro, um único tiro certeiro em sua testa.- respondeu Igor.

- E quantos mais morreram?

-Alguns poucos que infelizmente não podemos trazer de volta, o capitão garantiu sua vingança mas não pudemos garantir de todos.-respondeu Glingolt.

Filhos do Mar - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora