Fogos Portuários

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A patrulha estava se aproximando e Balthazar ainda não tinha pensado em nenhuma solução, os primeiros passos dos soldados na rampa já faziam barulho no navio anunciando sua chegada e sem outra solução Helena e sua jovem companheira sacaram suas armas enquanto Wopper agachado se aproximou da mureta ao lado da subida para o convés onde a rampa estava posta dali até o píer do porto. Balthazar foi deixado com a parte de conversar com os marinheiros e convence-los de que tinha um bom motivo para estar ali e que os soldados deveriam se retirar novamente do navio e sem outra alternativa o Capitão acatou o plano. Apesar de tudo era arriscado demais aquela situação pois um tiro alertaria a todos os marinheiros naquela área. Não tinha mais jeito, era tudo ou nada. Os passos vieram e cada um deles causava um calafrio maior, o som dos passos mais próximos do convés do navio só assustavam mais e mais e quando finalmente o grupo de marinheiros subiu Balthazar deu passos a frente falando meio confuso com o que fazer, ele não tinha planos, esperava ser bom o bastante para improvisar naquele mesmo momento e confiava fielmente toda a situação a sua capacidade de improvisação.

-Olá meus amigos, precisam de algo?...acredito que o Capitão tenha lhes informado que só a guarda deixada por ele iria vigiar o navio então não podem ficar por aqui, me digam do que precisam e se retirem antes que o Capitão retorne e veja essa quebra de regras de nossa parte.

-Você sabe contar histórias?- disse um dos 5 soldados ali presente e Balthazar o encarou totalmente confuso.

-Hã?

-Você sabe contar histórias?-repetiu.

-Sim, sim, eu sei, sou o melhor no ramo de contar histórias pode acreditar mais por que o inte ...quem são vocês?

-Ótimo, estamos com o Raskanarys, ele nos mandou na frente por que somos os únicos com disfarce, os outros estão esperando lá em baixo.-as palavras saíram o grupo respirou fundo, no canto detrás da escada Helena respirou tranquila abaixando as armas e saindo, da mureta Wopper se levantou também tranquilizado e se juntou aos demais, ainda assim o que mais se tranquilizou naquele momento foi Balthazar que respirou tão fundo que até sentiu o peito doer.

-Ótimo, ótimo.-disse ele agitado começando a andar pros lados.-vocês sabem manusear um navio, trabalhar, usar as velas, mexer nas cordas, me digam que sabem, pelos deuses se não souberem estamos perdidos, vocês tem que saber, vocês não tem tempo de aprender e vão ter que fazer agora, preparem o navio, vamos zarpar o maus rápido o possível!

Os homens ficaram confusos mais sendo ex-militares já haviam trabalhado mesmo que poucas vezes em um navio, o bastante para aprender a lidar com o necessário e então começaram a preparar o navio.

Enquanto isso lá embaixo ainda Raskanarys o resto do grupo de fugitivos esperava escondidos em um beco esperando a abertura para correrem pro navio, quando Raskanarys ouviu uma voz.

-Damian?-ele perguntou baixo olhando  sua volta e não viu ninguém mais além dos homens que já o acompanhavam.-devo estar ficando louco. Bom vamos agora o próximo grupo, dessa vez metade de nós vão avançar.

-Mais como?. tem muitos guardas, há patrulhas de 4 deles em cada lado fora aos vigias da torre-farol.-questionou um dos fugitivos.

-As patrulhas andam de forma a cobrir as costas uma das outras, temos que distrair só uma delas por que a outra vai estar de costas pra nós.

-Entedi, mais como?-perguntou o mesmo homem.

-Eu vou derrubar aqueles barris ali a direita quando a patrulha da esquerda estiver de costas e distante, assim quando eles forem olhar o que aconteceu vocês terão uma abertura, basta então correr rápido e agachado pra não ser visto pelos vigias da torre.-disse Raskanarys revelando seu plano e apontando um amontoado de barris empilhados em um canto do píer. Todos acataram a ordem, entenderam o plano e dividiram-se em dois grupos decidindo quem iria primeiro e quem ficaria junto de Raskanarys. Enfim o Capitão foi em direção aos barris, se aproximou por trás das construções que serviam tanto de armazém para pescadores e mercadores do porto como também de base para os marinheiros ali instalados. Raskanarys enfim alcançou os barris ainda sem ser visto, marcou a melhor rota pra se afastar e se esconder depois de derruba-los e então os chutou agachado fazendo-os cair em pilhas de barris onde alguns quebraram e outros rolaram no pier, os soldados se desesperaram para salvar os barris antes que caíssem na água e também para verificar o que tinha os derrubado, enquanto isso Raskanarys se jogou para trás do armazém em um vão estreito entre dois prédios e foi se arrastando de lado o mais rápido que podia até o outro lado ora sair atrás deles. Ao mesmo tempo o grupo avançou, o plano havia funcionado corretamente e no momento as duas patrulhas estavam de costas pra eles, bastava então que passassem despercebidos pelo vigia da torre.

Filhos do Mar - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora