capitulo 7 (parte 2) - A morte do anjo

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Stephanie adormeceu à meia-noite, mas eu fiquei acordada até às quatro da manhã, hora em que adormeci devido ao cansaço, acordando depois às seis e meia. A essa hora, a Stephanie ainda dormia, por isso, levantei-me sorrateiramente e fui até ao bar. Comprei um iogurte, que bebi enquanto regressava. Stephanie já estava acordada quando cheguei, aconselhei-a a comer algo mas ela não quis. Ficámos sentadas a fazer nada até às duas, hora a que fomos almoçar e, quando voltámos, sentámo-nos nos mesmos lugares, caladas, nenhuma de nós tinha vontade de conversar.

            Às três horas comecei a ver alguns médicos muito agitados e a correr de um lado para o outro, mas estava demasiado cansada para pensar no que isso poderia significar. Às três e meia, o médico veio falar connosco, estava tão exausta que tive de me esforçar muito para me levantar e prestar atenção ao que ele dizia.

            - Tenho más notícias. – começou ele  – O Sr. Linton está a piorar muito depressa. A sua condição é muito frágil, a cada minuto que passa os batimentos cardíacos são mais fracos e as máquinas não estão a conseguir ajudar. Devo admitir que não tenho muitas esperanças. – confessou.

            Ao ouvir isto, deixei-me cair sobre a cadeira e apoiei a cabeça nas mãos. Não havia esperança, ele ia morrer, eu ia ficar sozinha, sem nada. Comecei a chorar, estava desesperada, era evidente que ele ia morrer. “E agora, o que me vai acontecer? Como posso suportar perder a pessoa que mais amo no mundo? Como posso viver sem a minha alma?”. Neste momento, o médico interrompeu o meu raciocínio.

            - Não deve desesperar, deve sempre ter um pensamento positivo. De qualquer maneira, faremos o que pudermos. – disse, tentando calmar-me.

            - E se isso não for suficiente? – perguntei, olhando-o nos olhos.

            Reparei que ficou impressionado ao ver o meu olhar desesperado. Esperei, mas o médico não me queria responder, ele sabia que eu tinha razão. Se não fosse suficiente, Tay morreria, isso era muito claro para mim. Mas ele tinha prometido que ficava comigo, por isso tinha de acreditar, era só isso que me restava: acreditar.

            Esperei que o médico fosse embora e voltei a pousar a cabeça nas mãos. Ouvi Stephanie sentar-se ao meu lado e senti as suas mãos quentes a fazerem-me festas na cabeça. De certeza que ela também se tinha apercebido do mesmo que eu, do quanto íamos perder em pouco tempo.

            Durante o tempo de espera, não fiz outra coisa senão rezar. Pedi que Taylor ficasse bem, nem que para isso tivesse de ser eu a morrer, a vida dele era mais valiosa que a minha. Houve uma altura, já no fim, em que pensei que ia enlouquecer. Não havia notícias, só pessoas a correr, não havia nenhum som que me indicasse que ele estava vivo ou morto, e eu estava a ficar impaciente. Mesmo assim, esperei.

            Já passavam das cinco quando vi o médico a aproximar-se. Parecia exausto, mas não foi isso que me chamou mais a atenção, foi a expressão de derrota que tinha no rosto. Percebi logo porquê. Tinha jogado com a morte e perdera tudo o que apostara. Tinha perdido a vida de Taylor. Ele tinha perdido um paciente; eu tinha perdido tudo.

            Quando ele falou, já estava mentalizada, mas isso não diminuiu a dor que senti.

            - Lamento imenso, a menina tinha razão, não foi suficiente. – confessou.

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