capitulo 18 (parte 1) - De volta ao mundo exterior

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*este capitulo está dividido em duas partes... obrigado por lerem*

            A minha desinteressante nova rotina não exigia que eu tivesse conhecimento do dia ou mês em me encontrava, por isso quando, numa noite depois do jantar, a minha mãe me disse que dentro de dois dias ia começar o nono ano escolar fiquei muito surpreendida. Tentei contar mentalmente quanto tempo passara desde que regressara de Los Angeles, mas tinha perdido totalmente o passar dos dias.

            Quando a minha mãe acabou o seu discurso sobre o quanto devia estudar e sobre responsabilidade, fui para o quarto e a primeira coisa que fiz foi confirmar a data no calendário do telemóvel, a minha mãe tinha razão, era dia 11 de Setembro.

            No dia seguinte fomos ao centro comercial de Faro para comprar as coisas que faltavam para começar aquele novo ano escolar. Perguntei à minha mãe o que estava a pensar fazer em relação aos livros que ainda não tínhamos comprado, que era a maior parte deles, e ela surpreendeu-me ao dizer que já estavam no meu móvel. A verdade é que não me tinha apercebido de nada, pelos vistos tinha andado mais distraída do que pensava.

            À noite, antes de jantar, recebi um telefonema da Luísa, a minha melhor amiga desde sempre, a dizer que estava cheia de saudades minhas e que estava feliz por me ver no dia seguinte, também expressou toda a sua satisfação por termos ficado na mesma turma, outra vez, e demonstrou-se bastante entusiasmada por entrarmos no nono ano e por irmos para a escola secundária, onde andavam os alunos mais velhos. Por sorte ela estava num dos seus dias faladores, e por isso não tive de contribuir muito para a conversa, ela falava pelas duas, por vezes respondendo às suas próprias perguntas antes que eu o pudesse fazer, e para ser honesta, fiquei-lhe bastante agradecida por isso.

            A nossa conversa foi interrompida, 50 minutos depois de ter começado, pela minha mãe que me chamou para jantar. Combinámos encontrar-nos no portão da escola, no dia seguinte, às oito da manhã, para começarmos o ano juntas.

            Durante a noite voltei a ter o mesmo sonho, o que já não era novidade nenhuma, e de manhã acordei a chorar, o que também não era novidade. Vesti-me e arrumei a mochila, e antes de sair de casa fui à casa de banho ver-me ao espelho, tinha de estar à altura da ocasião ou a Luísa, além de me infernizar a vida com conselhos de moda, também ia reparar que eu não estava totalmente bem. Claro que eu sabia perfeitamente que todas as pessoas que conhecia, e as que não conhecia, me tinham visto na televisão e já sabiam o meu segredo, mas mesmo assim queria que tudo fosse como se ninguém soubesse, o que eu mais precisava era de normalidade para compensar todas as tragédias que ocupavam a minha cabeça há mais de um mês, precisava ser apenas a Inês e não a famosa namorada do espantoso, talentoso e morto cantor Taylor Linton.

            Ao lembrar-me disso, fiquei admirada por a Luísa não ter mencionado isso quando telefonou, e só havia duas maneiras para explicar isso: ou ela entendia o que eu sentia e não queria entristecer-me, ou estava à espera de explicações detalhadas e uma boa justificação para não lhe ter contado. Bem, saberia isso tudo dentro de aproximadamente cinco minutos, quando chegasse à escola.

            A minha roupa era bonita e ela ia gostar, o problema era o cabelo que estava demasiado simples, mas não tinha paciência para o arranjar, por isso fui embora. Quando cheguei à porta de saída do prédio olhei para os dois lados antes de sair, só como medida de prevenção caso estivessem dez ou vinte paparazzi estacionados à minha espera. Não vi ninguém, por isso saí descontraidamente, pensando que talvez tivessem encontrado alguém mais interessante que eu, e que me deixariam em paz. Também não encontrei ninguém nem pelo caminho nem no portão da escola, pelo que me senti agradecida e aliviada. Tive de esperar uns minutinhos até a Luísa aparecer. Quando entrou pelo portão veio com um grande sorriso até mim e abraçou-me. Fiquei feliz por vê-la, afinal de contas era a minha melhor amiga.

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