*aqui está a segunda parte para festejar o último dia de aulas. agora é descansar :) a história já está mesmo no fim."
- De quem? – perguntei confusa.
- Do meu irmão. – confessou ela com um sorriso.
Ao ouvir isto tive a sensação de que o meu coração ia saltar para fora do meu corpo. Já não estava habituada a senti-lo bater com tanta força e vitalidade, ultimamente apenas sentia pequenas palpitações que me separavam da morte. O facto de alguém se referir a ele e de me trazer uma última prenda da sua parte aquecia-me por dentro e fazia-me sentir como se ele próprio estivesses comigo para ma dar.
- Do Taylor? Mas como? Ele está… - comecei a argumentar mas deixei a frase a meio.
- Nós contamos-te, mas só se mantiveres a calma. – disse-me Alice.
Demorou um pouco até a minha respiração assumir o seu ritmo normal, nesse tempo os olhos de todos vacilavam confusos entre Alice, Stephanie e eu. Quando Alice achou que eu estava suficientemente calma olhou para Stephanie e acenou com a cabeça. A história ia começar.
- No dia seis de Agosto, - começou Stephanie. – depois de saíres de casa, o Taylor desceu, foi ter comigo, deu-me um envelope, pediu-me que o guardasse e que lesse a carta que estava no seu interior dirigida a mim nessa noite, e voltou a subir para o seu quarto. Algum tempo depois recebi um telefonema dele a dizer para ir vê-lo ao seu quarto. Quando lá cheguei, entrei e ele apenas disse para eu te manter afastada do seu quarto o máximo de tempo possível, e foi isso que fiz. Assim que chegaste a casa pedi-te que me ajudasses a limpar, com o propósito de te manter ocupada e longe do quarto dele, mas para teu azar tiveste saudades dele e lembraste-te de o ires acordar, encontrando-o inconsciente. – ao ouvir a palavra inconsciente estremeci. – Estava a limpar uma jarra quando te ouvi a gritar por mim, deixei-a cair e corri para onde tinha suado a tua voz. Quando entrei no quarto e vi Taylor inanimado na cama percebi o porquê de ele te querer afastada. Ele não era burro, e tenho a certeza de que se apercebeu que a sua vida estava a acabar, e não queria que fosses tu a descobri-lo morto. O pobre rapaz morreu apenas com o desejo de não seres tu a encontrá-lo. É incrível como mesmo no estado em que se encontrava teve força para me escrever todo o seu plano na carta, e é engraçado como talvez tivesse resultado. Se não tivesses ido ao quarto dele, irias ajudar-me a limpar, tarefa que nos teria mantido entretidas toda a tarde, depois iríamos jantar e quando acabássemos irias para o teu quarto e adormecerias preocupada com ele. Enquanto isso, eu iria até ao quarto dele, para tentar convencê-lo a comer ou algo de género, e encontrá-lo-ia morto. Chamaria a ambulância e os bombeiros levá-lo-iam para a morgue. Na manhã seguinte só tinha de fingir que estava tudo bem e dizer-te que ele não queria ser incomodado, depois diria à tua mãe o que tinha acontecido e dir-lhe-ia qual era o plano. Ela só tinha de te mandar voltar para Portugal e não te deixar ver televisão durante uns dias, e nós só tínhamos de desaparecer da tua vida, de repente e sem explicação. – contou-me ela, falando mais para si que para mim. – Adiante, nos dias seguintes não tive tempo de ler a carta, e só quando chegámos a Miami é que a li. Dentro do envelope havia uma carta para mim, uma para a Alice, uma para ti e um CD.
Quando acabou a sua história eu chorei descontroladamente. Era incrível o que ele era capaz de fazer por mim e era triste pensar no quanto eu não era digna dessa preocupação. Enquanto Stephanie contava a história, Alice fazia-me festas no braço e chorava comigo.
Quando Stephanie se recompôs, pois ela também chorara enquanto falava, Alice secou as lágrimas que tinha no rosto, endireitou-se no colo do namorado e preparou-se para começar a contar a segunda parte da história.
– Na minha carta ele pedia que te desse isto. É a prenda de aniversário que ele te tinha prometido, estima-a bem por favor, pois esta será a última que receberás dele. – pediu ela com as lágrimas outra vez nos olhos.
Enquanto observava o CD fez-se luz na minha cabeça. Era aquilo que a minha visão e os sonhos queriam dizer-me: os sonhos falavam sobre a minha prenda de aniversário, que era o CD; e a visão revelava-me o seu nome, “Para Sempre”. Tudo fazia sentido, finalmente os mistérios tinham sido resolvidos e a minha mente estava outra vez às claras.
Continuei a admirar a capa do CD, uma fotografia de Taylor a sorrir com uma rosa branca na mão e sentado no baloiço de casa. A seguir virei a capa ao contrário para ver a parte de trás, e fiquei admirada ao ver que ele não me oferecera só uma música, mas sim um monte delas. O exagero devia ser um componente genético dos Linton, pois Alice e Taylor eram iguais, se lhes pedias uma mão, davam-te o braço todo. Pela parte de trás do CD podia concluir que ele possuía músicas das minhas preferidas (como por exemplo: I need you, I’m here, My heart e Beautiful girl.), mas também músicas que Tay compusera exclusivamente para mim (como por exemplo: You are my life, Together, My eyes e, a música principal, Forever.)
- Mãe posso ir ouvir? – pedi sem tirar os olhos da capa do CD.
- Claro, vai lá. – respondeu com uma voz carinhosa.
Levantei-me e dirigi-me até à televisão, e a Alice foi atrás de mim e sentou-se no sofá à espera que eu pusesse o CD a tocar. Quando acabei de programar o leitor de CD’s fui sentar-me ao lado dela e encostei-me ao seu ombro.
Ouvi as primeiras músicas enquanto lia a carta que Taylor me havia escrito. Na carta ele agradecia-me por ter aparecido na sua vida, dizia que me amava e que me amaria para sempre e que nunca se afastaria de mim. Quando chegou a vez da última música, e também a mais especial, Alice disse-me que olhasse para o ecrã da televisão. Nele estava escrito “Forever”, que significa “Para Sempre”, o que só podia significar uma coisa, que aquela música tinha vídeo clip. Isso chamou-me a atenção, por isso inclinei-me para a frente para ver melhor e tentei prestar o máximo de atenção que conseguia a cada imagem. O vídeo que acompanhava a música era constituído por imagens e vídeos meus com Taylor, desde que ele me conhecera até ao dia do ensaio geral dos concertos. Ao ver aquilo agradeci que Taylor e Alice fossem viciados em tirar fotografias, e pela primeira vez, percebi porque o eram. Porque ao ver aquelas imagens lembrei-me de muitas coisas maravilhosas, e era como se voltasse ao passado e estivesse com ele outra vez, e porque enquanto as via conseguia relembrar todos os traços do rosto dele, conseguia lembrar-me perfeitamente da combinação da cor dos seus olhos e de como me sentia feliz sempre que o via sorrir... Conseguia lembrar-me de tudo, e isso fazia-me feliz.
Quando a música acabou estava a chorar, como era de esperar. Enquanto fitava o ecrã vazio da televisão, senti uma mão a pousar-se no meu ombro, mas não era a mão de Alice nem de nenhum dos outros, não era a mão de ninguém que eu conseguisse ver, e isso tornava-a especial. Pus a minha mão por cima da mão invisível de Taylor, e agradeci num sussurro.
- Amo-te. – disse-lhe num murmúrio, e ao proferir esta palavra uma onda de felicidade invadiu o meu corpo, o que significava que Tay estava mesmo ali, e melhor ainda, estava feliz.
Naquele momento soube que seria feliz, porque além de ter família e amigos, que conseguia ver e que adorava, também tinha Taylor, e teria sempre. Naquele momento soube que o facto de ele estar morto, não tinha importância, porque ele seria sempre o meu Taylor. Naquele momento soube que a morte dele não era o fim do meu mundo, mas sim um novo começo, pois a partir daquele momento estaríamos sempre juntos, para onde quer que eu fosse, ele iria também. Naquele momento soube que o facto de não o conseguir ver não tinha assim tanta importância, porque podia imaginá-lo e senti-lo. Naquele momento tive a certeza de que estava preparada para enfrentar o passado, o presente e o futuro, pois tinha tudo o que queria e precisava.
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Para sempre
RomanceEste foi o primeiro livro que escrevi e tem um grande valor sentimental para mim.. é uma história de amor com drama pelo meio e partes engraçadas também. espero que gostem e comentem para eu poder saber