capitulo 19 - Invasão de privacidade

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*aqui está o novo capitulo, espero que gostem*

            Já no início da quarta semana de Setembro, a minha vida privada foi completamente devassada por quem eu menos esperava, os paparazzi.

            Como nos primeiros dias de escola não tinham aparecido para me atormentar, pensei que já não o fariam, pensei que me iam deixar em paz, e uns dias depois deixei de me preocupar com eles, fingindo que não existiam. Mas eles nunca se esqueceram de mim, nem por um minuto. E se não tinham aparecido antes, era porque estavam muito ocupados a preparar outras coisas, coisas que eram muito piores que uma entrevista ou uma sessão fotográfica.

            Foi numa tarde de sábado que me apercebi de que um novo pesadelo estava prestes a começar. Estava sentada no sofá da sala a ver televisão sozinha pois os meus pais e o meu irmão tinham ido passear. Eu tinha ficado em casa porque, de manhã, tinha visto na programação o anúncio de um programa especial que ia dar à tarde e ficara curiosa por saber sobre o que era, e por isso estava à espera que começasse. A curiosidade transformou-se em surpresa, que logo se transformou em raiva, quando percebi que o tal programa era sobre mim.

            “Então, foi isto que andaram a fazer.”, pensei eu, vermelha de raiva.

            Sentia-me capaz de apanhar na televisão e de a atirar ao chão, mas decidi que ia ficar a ver o programa, queria ver o que tinham descoberto sobre mim.

            O documentário começava com uma sequência de imagens minhas, desde que era bebé até àquele ano. Depois aparecia no ecrã o titulo “A verdadeira história” e de seguida contavam a nossa história, minha e de Taylor, revelando tudo sobre mim, tudo o que Taylor tentara esconder estava ali exposto. No documentário aparecia eu com Tay nas poucas vezes que íamos à rua juntos, depois havia gravações minhas no jardim a cantarolar, a seguir mostraram e falaram sobre a minha vida em Portugal, sobre a minha família, as minhas escolas, os meus amigos, o hospital onde tinha nascido e sobre onde tinha morado. Resumindo, disseram sobre mim, tudo o que havia para dizer, e mostraram tudo o que havia para mostrar. A partir daquele momento, toda a privacidade que ainda me restava tinha sido completamente arrasada, o Mundo inteiro conhecia-me e sabia tudo sobre mim, tudo, estava tudo ali. Quando o programa acabou, às seis e meia da tarde, desliguei a televisão e fiquei a olhar para ela. Pouco tempo depois chegaram os meus pais e o meu irmão. Quando me viram sentada a olhar para a televisão apagada vieram todos a correr até mim.

            - Inês, que se passa? O que aconteceu? – perguntou a minha mãe aflita.

            - A televisão. – sussurrei. – Eles descobriram tudo, já sabem tudo.

            - De que é que estás a falar? – perguntou ela confusa.

            Em vez de lhe responder, limitei-me a ligar a televisão, a ir à secção de programas gravados e a pôr no programa que acabara de ver, tinha tido o cuidado de o gravar para depois lhes mostrar.

            Quando o programa começou, eles olharam para a televisão, e assim que perceberam o que era e, especialmente, sobre quem era, sentaram-se e começaram a vê-lo de olhos arregalados, enquanto eu baixava a cabeça e a pousava nas mãos. Fiquei naquela posição até o programa acabar, depois levantei a cabeça e olhei para a minha família, de olhos prestes a saltar das órbitas, à espera que a raiva aparecesse, o que até não demorou muito. De repente os meus pais levantaram-se, e começaram a queixar-se um para o outro que o mundo estava cada vez pior, que as pessoas já não podiam viver descansadas e que alguém devia processar quem tinha feito aquilo por se meter na minha vida daquela maneira. Enquanto isso, continuei a observá-los, esperando que alguém tivesse uma ideia que evitasse que o pouco que tinha conseguido reconstruir da minha vida se voltasse a abater sobre a minha cabeça.

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