capitulo 18 (parte 2) - De volta ao mundo exterior

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*aqui está a parte dois, espero que gostem*

            - Tudo começou quando eu e a minha família fomos de férias a Los Angeles, tinha eu 8 meses… - comecei, segui com a cabeça baixa, sem nunca olhar realmente para ela, enquanto contava a minha história.

            Quando acabei o meu relato, olhei finalmente para ela. A Luísa estava completamente mergulhada em lágrimas, e o seu rosto expressava tantos sentimentos diferentes ao mesmo tempo que se tornava impossível de decifrar, mas eu sabia como ela se devia sentir, como toda a gente se sente depois de ler o Romeu e Julieta: maravilhada, emocionada e ligeiramente invejosa. A verdade é que ficava admirada quando via a inveja nos olhos das raparigas que conheciam a minha história, mas eu conseguia perceber isso. Elas não pensavam na dor que eu estava a sentir, pensavam no rapaz ideal que eu tinha encontrado, a dor não era problema para elas porque só queriam saber da felicidade que iam sentir enquanto o príncipe encantado vivesse, e quando ele desaparecesse elas poderiam ser as protagonistas da melhor história de amor do século XX. Nesse ponto eu é que as invejava, a maneira como conseguiam encontrar algo positivo no facto de terem perdido a pessoa que mais amavam no mundo, já no meu caso não acreditava que existisse nada de positivo em ter perdido Taylor, porque eu nunca quisera ser protagonista de nenhuma história de amor altamente famosa, nem ganhar nenhum prémio de melhor romance, eu só queria tê-lo ao pé de mim, o que comparado com o que todas as outras queriam não parecia ser pedir muito.

            A Luísa não disse mais nada até entrarmos na aula seguinte. Continuou a andar pela escola comigo, de cabeça baixa, quando tocou foi atrás de mim até à sala de aula, olhando por vezes para o meu rosto quando outras pessoas ficavam especadas a olhar para mim, a fim de ver qual era a minha reacção, mas eu não reagia, continuava o meu caminho, afinal de contas nem aquelas pessoas nem as suas opiniões tinham qualquer significado para mim. Durante a aula ela também não falou, tinha uma expressão confusa no rosto, percebi que ela tinha razão, eram sentimentos demasiado fortes para uma pessoa só.

            Aquela aula foi tão curta como a anterior. Eu e a Luísa fomos outra vez dar uma volta pela escola. De súbito ela olhou para a frente com uma expressão pacífica e suspirou.

            - É demasiado para uma pessoa só. – repetiu num murmúrio. – Começou de uma maneira tão natural, tu com 8 meses e ele com 2 anos, simplesmente olharam um para o outro e encontraram o que andavam à procura, e nenhum dos dois estava à procura conscientemente. – e sorriu. – Depois cresceram e estiveram sempre lá, ao lado um do outro, nos momentos bons e maus. Vocês estavam mais unidos do que a maioria das pessoas conseguem estar, completavam-se de uma maneira impressionante, encaixavam-se como duas peças de um puzzle. Ele fazia parte de ti e tu dele de uma maneira natural. – continuou a explicar as suas conclusões enquanto eu a ouvia em silêncio. – E depois, de um momento para o outro, são separados sem nem sequer saber porquê. – acabou com uma cara triste.

            - Tem de ser assim para a história ter mais impacto. – citei-a eu com um ligeiro sorriso irónico.

            - Mas eu não quero saber do impacto! Tu também não e ele de certeza que também não! Ninguém quer saber do impacto para nada! É como tu dizes, vocês não queriam impacto, queriam ficar juntos. Não acho que fosse pedir demais! – disse ela, revoltada.

            - Eu também não acho que fosse um pedido assim tão disparatado, mas parece que alguém não tinha a mesma opinião, e infelizmente era uma pessoa com o poder suficiente para nos separar. – disse eu. A minha fase de revolta já tinha amainado há algum tempo, o meu coração naquele momento só tinha espaço para o sofrimento e para a apatia. Esses eram os sentimentos predominantes no meu interior.

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