capitulo 13 - Conversas amigáveis

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*e a história vai continuando. espero que estejam a gostar e que contuem a ler.*

            Quando voltei a acordar fi-lo também fisicamente, há muito tempo que já não abria os olhos e a luz incomodou-me, mas acabei por me habituar. O sentimento de derrota não tinha desaparecido, apenas aumentado. Tinha estado tão perto de o ver, tão perto de ter o meu final feliz… “Quando eu apanhar quem me fez isto parto-lhe o pescoço!”, pensei eu, profundamente irritada.

            Virei a cara para o lado e vi a máquina dos bips, pelo que percebi daquilo, eu estava bem, e isso era mau.

            Ouvi alguém a entrar e olhei para a porta.

            - Mãe?! – disse eu surpreendida. “O que é que ela faz aqui?”, pensei.

            - Oh, querida estás acordada. Estás bem? – perguntou aliviada.

            Bem? Estava viva, claro que não estava bem! Mas claro, ela não ia aceitar que eu me tinha tentado suicidar.

            - Sim, dentro dos possíveis. – disse com um ligeiro sorriso.

            A última coisa que me apetecia fazer era fingir que estava contente com a minha derrota.

            - Ainda bem. Pregaste-nos um grande susto. – disse.

            - Desculpa mãe. – pedi.

            - Não peças desculpa, querida. A culpa não foi tua. – disse ela, com uma voz meiga.

            - Não, claro que a culpa não foi minha. – disse eu, sentindo-me culpada por cada palavra que dizia. – Que dia é hoje? – perguntei, estava curiosa por saber quanto tempo passara a “dormir”.

            - É dia onze. – respondeu.

            - Uau! Fartei-me de dormir mas continuo com sono. – e bocejei.

            - Claro, deves estar muito cansada e, aliás, tens de descansar. Dorme bem, adoro-te! – disse ela, enquanto se ia embora.

            - Continuo com jeito. – sussurrei, virei a cara e fiquei a olhar para a minha odiada máquina dos bips. Comecei a pensar que aquilo devia ter outro nome qualquer, mas a verdade é que, na minha opinião, “máquina dos bips” ficava-lhe bem, além de ser, quase de certeza, muito mais fácil de pronunciar que o nome verdadeiro.

            Não sei quanto tempo fiquei naquela posição, mas quando estava, por fim, a adormecer, entrou uma enfermeira no quarto. Era uma mulher que devia estar à volta dos 50 anos e que tinha um olhar maternal. Fez-me lembrar a minha avó.

            - Bom dia, Bela Adormecida, - cumprimentou a senhora. – está na hora do teu almoço. – disse com uma voz amável. “Oh não! Comida de hospital.”, pensei, e fiquei com vómitos só de imaginar.

            - Pois, parece que sim. – disse eu, com o estômago às voltas.

            Pousou o tabuleiro à minha frente e fiquei totalmente enojada. Bacalhau cozido era o meu almoço, sem temperos, nem sal que pudesse disfarçar o sabor. Tinham acertado em cheio na comida que eu mais odiava.

            Fui obrigada a comer. Engasguei-me várias vezes pois engolia a comida inteira para sentir menos o sabor.

            Quando acabei o peixe e comecei a comer a maçã quase chorava de alívio, os sabores eram incomparáveis. Quando acabei a enfermeira foi-se embora. Depois de ela sair, comecei a pensar no sabor do que tinha comido, e jurei para nunca mais. Já tinha comido a minha dose de peixe cozido para a vida inteira, “Prefiro comer um ovo cru a comer isto outra vez! É que nunca mais, nem pensar!”, pensei, ainda com aquele sabor horrível na boca.

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