capitulo 4 - Prendas e revelações

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*hoje adicionei dois episódios pq sei que alguns de vocês se aborrece a ler só um de cada vez. eu também sou assim :p espero que gostem*

Passámos catorze anos juntos, treze anos dos quais apenas falarei dos momentos mais marcantes.

              Quando tinha 6 anos, na noite de Natal, o Tay deu-me dois colares. Eram dois fios de prata fina e reluzente que no estremo continham uma metade de um coração cada. Uma das metades tinha escrito a ouro ‘Tay’ e a outra ‘Ni’ e, à volta, tinha pedras preciosas em cor-de-rosa, a minha cor preferida. Adorei-o!

              Num outro Natal, aos 8 anos, Taylor e Alice deram-me um quarto novo. Até àquela data, ficara sempre no quarto de hóspedes, mas agora tinha um quarto só meu. Era todo cor-de-rosa, a cama era enorme e parecia a típica cama de princesinha, além de o roupeiro ser gigantesco.

              No dia seguinte, quando acordei, vesti-me, saí do quarto e comecei a dirigir-me para a sala. Ao passar pelo escritório, ouvi as vozes de Taylor e Alice. A voz de ambos parecia tensa e assustada, por isso, fui para trás da porta e tentei ouvir a conversa:

            - Taylor, por favor, tu ouviste o médico. – repreendeu-o Alice - Nada de esforços, nem preocupações, nem nada que seja desnecessário. Eu sei que estás confuso e que é difícil admitir que isto te está a acontecer, mas tens de te mentalizar de que é verdade, tens de aceitar que estás doente e que se não tiveres cuidado morres! – disse Alice exasperada.

              Nesse momento deixei de sentir as pernas. Quando dei por mim estava sentada no chão a chorar. À minha frente a porta tinha-se aberto, e eles os dois olhavam para mim. Nos seus olhos espelhava-se o sofrimento. Percebi que naquele momento sofriam por mim, eles sabiam que eu tinha ouvido.

            Taylor aproximou-se de mim e sentou-se no chão à minha frente. Olhou-me nos olhos, tentando que a calma que se manifestava nos seus olhos contagiasse os meus. Não funcionou.

            - Vais-te embora? – perguntei, sentindo um nó na garganta.

              Ele percebeu o que eu queria dizer e segurando-me as mãos disse:

- Não. Vou ficar contigo.

- Prometes? – perguntei aflita.

- Prometo. – confirmou ele, sorrindo como um anjo.

              Mesmo assim não consegui sorrir, algo que ele esperava que acontecesse. Continuei apática enquanto fitava as mãos. Ele reparou que não estava a conseguir tranquilizar-me nem um pouco, por isso segurou-me no queixo e esperou que eu olhasse para ele. Quando finalmente o fiz vi como ele olhava para mim de uma maneira profunda, seria capaz de apostar em como ele conseguia realmente ver a minha alma naquele momento.

           - Ni, vai correr tudo bem, não tens de ter medo, não te vou deixar sozinha. Tu sabes que eu cumpro as minhas promessas. Podes confiar em mim, vou fazer tudo o que puder para ficar contigo.

- Eu sei, Tay, eu sei. – disse eu, sentia-me perdida - Sabes que te adoro muito, não sabes?

           - Sei. – respondeu sorrindo - Eu também te adoro muito, muito.

            Ao pronunciar estas palavras, beijou-me na testa e abraçou-me. Não queria pensar em como aquele podia ser o nosso último abraço, pensar em como, a partir daquele momento, todos os abraços podiam ser o último. Deixei que ele me consolasse, apesar de saber que não lhe cabia a ele decidir se cumpriria a sua promessa ou não, não lhe cabia a ele decidir se ia continuar a viver ou não, mas não queria pensar nisso, queria acreditar que ninguém o impediria de ficar comigo.

Quando voltei a olhar para ele, Tay estava calmo, mas eu não, eu estava apavorada até às pontas dos cabelos.

            Depois disso tudo continuou igual, ao contrário do que esperava. Apesar da doença, os dias seguiram o seu rumo natural.  

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