capitulo 16 - Despedida

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            Dirigi-me mais calmamente até ao caixão, iam começar a fechá-lo mas, quando cheguei, pararam, tal como todos os outros e ficaram a olhar para mim em silêncio, enquanto eu olhava para Taylor. Mesmo morto era lindo, um autêntico anjo. Ouvi alguém a entrar, provavelmente Stephanie e a minha mãe, mas não deixei que isso me desconcentrasse, continuando a observá-lo. Nesse momento, comecei a chorar, tirei do bolso a metade do colar que dizia “Ni” e prendi-lha ao pescoço. A partir daquele momento estaríamos sempre juntos através do colar, e chegaria o dia em que as duas metades do colar voltariam a unir-se. Senti uma mão no ombro, virei a cara para ver quem era, e vi Alice a sorrir para mim, sorri-lhe também e voltei a olhar para Taylor.

            - Vou ter saudades. – comecei. – Vou sentir falta da voz, linda como a de um anjo, feita para abençoar. Vou sentir falta dos olhos, tão grandes, castanhos e carinhosos. Também vou sentir falta do sorriso caloroso e, principalmente, de lhe despentear o cabelo. Ele ficava furioso, lembras-te? Começava a gritar “Inês, o que foste fazer? Olha lá o meu cabelo!”, eu desatava a rir e, claro, ele acompanhava-me. – ri com a recordação mas também chorei ainda mais por causa dela. – Vou ter saudades de tudo. Vou ter mesmo muitas saudades dele, do meu amor, do meu melhor amigo e de mim própria. Vejo todas estas pessoas aqui e não sei como podem esperar que eu sobreviva só com metade de uma alma e um coração destruído. – fiquei calada por uns minutos, aquela era a última vez que o ia ver, pelo menos enquanto fosse viva e estivesse no meu perfeito juízo. Virei-me para os homens que seguravam a tampa do caixão. – Por favor, prossigam. – disse, e dei três passos para trás.

            Fiquei ali a ver o caixão fechar-se, a ver o meu anjo a desaparecer. Segundo a segundo, centímetro a centímetro, o caixão foi-se fechando enquanto ele desaparecia, até que se fechou totalmente. Abracei-me a Alice, que ainda me segurava no ombro, e chorei ainda mais. Agora era definitivo, já não havia esperança, tudo tinha acabado.

            - Queres ir embora? – pergunto Alice.

            Limitei-me a acenar com a cabeça. Taylor ia ser levado e enterrado, e por muito que me custasse virar-lhe as costas e retirar-me de livre vontade deixando-o para trás, tinha a perfeita noção de que não sobreviveria a ver o caixão a desaparecer na escuridão daquele buraco enquanto era coberto por terra. Alice deu-me a mão e saímos dali seguidas por Stephanie e pela minha mãe. Quando chegámos à rua, Stephanie telefonou a pedir um táxi para nós. As despedidas foram feitas enquanto esperávamos. Stephanie abraçou-me e disse que esperava voltar a ver-me em breve e que devia ser forte, e Alice deu-me um beijo na testa e fez-me prometer que iria visitá-la a Miami. Quando o táxi chegou demos os últimos abraços e eu e a minha mãe entrámos e fomos embora. Quando chegámos ao aeroporto fizemos o check in e entramos no avião. Assim que me sentei adormeci logo, estava exausta. Enquanto dormia voltei a ter o mesmo sonho que tivera antes, e fiquei feliz com isso, era bom recordar aqueles tempos.

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