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72. Por Lauren.




Mas hoje eu poderia me deixar cair... Mas você é tão hipnotizante...

Em seu amor é que estou me deixando cair, então por favor, não me segure!





Quase esqueci do meu papel, enquanto observava Camila escrever, escrever e escrever no seu. O dela já passava da metade do papel, imaginei se o que ela escrevia fosse algo para mim, ou não! Mas com toda a certeza toda palavra escrita na minha folha seria para ela. Depois de algum tempo a professora pronunciou que iríamos começar a ler de um por um, seus papéis.



— Ariana, — A loira a olhou e se levantou. — Pode começar!

Os incomodados que se mudem, eu estou aqui para incomodar! — Ela terminou de ler, arrancados sorrisos de todos da sala, realmente aquela garota era problemática, gostava de ver o sofrimento das pessoas.

— Oh, — A professora exclamou. — Estou sem palavras, acho até que isso também foi escrito para mim. — Novamente todos da sala riam. — Agora vejamos... — Ela deu uma pequena olhada na chamada e disse: — Lauren é a sua vez agora! — Eu me levantei sorrindo e comecei a ler.

É tão difícil você perceber que tudo que eu preciso é você? Não entende que tudo que você fala vai me matando mais pouco a pouco? Não vê que a cada vez meu desejo sombrio cresce dentro de mim? Eu tentei esquecer, tentei de todas as formas, mas se torna impossível pra mim não lembrar de nós dois, mesmo nunca tendo existido. É em você que eu penso quando estou com qualquer outra pessoa, é em você que eu penso ao ir dormir e ao acordar. É em você que eu penso, enquanto você pensa no fim. Isso vai me matando pouco a pouco, e logo não haverá mais nada. — Assim que eu terminei, barulho de palmas soou por toda a sala, quando eu olhei em direção a Camila, uma lágrima percorria seu rosto.

— Ora, ora! — A professora disse entra as palmas. — Temos um futuro Shakespeare na sala. Meus parabéns Lauren! — Eu sorri e voltei para o meu lugar. — Camila Cabello, agora é você!



Camila ficou sentada rigidamente encostada na cadeira, sem mexer um músculo se quer. Ela passou a mão em seu rosto e levantou devagar com seu papel, indo em direção a frente da sala. Todos notaram sua cara de choro e prestaram atenção enquanto ela começou a falar com a professora.



— Não sei se vou conseguir ler tudo! — A professora assentiu e fez um sinal para que ela continuasse. — Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: Chore o quanto quiser, mas não
brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, esqueça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer uma santa, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santa, mas estava longe de ser a santa que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: "Foi minha amiga, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!" ai então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituída, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadela na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. 
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas? — Ela olhou para mim e depois para Dinah, que se encontrava com o rosto coberto de lágrimas. — Então ore para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu... "Ser seu amigo... já é um pedaço dele."

Vê este coração? Não vai se acalmar como uma criança correndo com
medo de um palhaço.

Eu tenho medo do que você vai fazer, meu estômago grita só de olhar para você.





Se comigo os aplausos não cessaram, com ela foi diferente. Alguns se levantaram para aplaudira de pé. De repente o seu rosto passou de pálido, para mais pálido ainda, seu corpo cambaleou para frente e para atrás, em poucos minutos, Dinah já estava lá para ampará-la e logo em seguida eu também estava. No rosto de cada pessoa na sala estava estampado um ar de preocupação. Imediatamente, a professora nos autorizou a levá-la para enfermaria, enquanto ela ligava para seus pais.

A  Lista - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora