14 - Save me

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Hoje não temos nada programado. Teoricamente, é um período de descanso pra todos, mas eu, pra variar acordei cedo. Tb pudera, se eu acordasse tarde, perderia o café da manhã e ficaria com fome até o almoço, então eu meio que não tive escolha.
Tomei meu banho, dei uma arrumadinha nas coisas e desci pro café.
Ainda havia uma leve esperança de cruzar com eles pelo corredor ou pelo menos no elevador, mas não aconteceu. No refeitório menos ainda.
Fiquei cutucando um pedaço de bolo de chocolate no prato enquanto pensava no que eu faria... nunca pensei que passaria uma manhã no mesmo hotel do Hanson e não saberia o que fazer.
Resolvi que já que eu estou em um hotel, eu vou aproveitar o hotel! Eu tenho a manhã toda para fazer o que eu quiser! Só preciso avisar a Natália caso eu saia do hotel e eu não pretendo fazer isso, pq não tenho vontade de sair pela cidade. Tudo que eu quero está bem ali. No quarto 515 para ser mais exata... mas isso não vem ao caso agora.
Se eu tenho a manhã livre, eles também têm! Será que escolheriam dormir até tarde ou talvez fossem dar uma volta pela capital? Ou será que passariam o dia na piscina?! A piscina! Foi quando eu tive um estalo! O hotel tem outros serviços! Tem piscina, academia e sauna! Os meninos poderiam estar lá nesse momento!
É isso! Eu vou para a piscina!
É perda de tempo me trocar. Eu já estiou na área comum do hotel. E a essa hora da manhã, os hóspedes já teriam ido fazer suas coisas. Já passava das 8:00 e o refeitório estava quase vazio. Ninguém estaria na sauna, piscina ou academia a uma hora dessas, certo? Seria a hora perfeita para os meninos fugirem do quarto e aproveitarem o hotel.
Comi meu pedaço de bolo e tomei meu leite numa velocidade que até eu desconhecia. Eu poderia ter engasgado! Mas felizmente isso não aconteceu. Limpei os farelos que inevitavelmente ficaram grudados no canto da boca devido à voracidade que eu usei para engolir o café da manhã e sai.
Me esforcei para não correr, juro que tentei não parecer apavorada. Mas eu ria sozinha... me senti meio doida, eufórica... o que as pessoas pensariam quando vissem uma menina usando jeans e chinelos, andando à passos largos rumo a piscina, com um sorriso estampado na cara?! É doida, com certeza!
Eu tenho que confessar a mim mesma... é loucura! Tudo aquilo é loucura! É mais do que eu tinha pensado em toda a minha vida! Quem se importava com o que as pessoas iriam pensar? Se eu conseguisse ficar com o Zac, de que me importava a opinião dos outros?! Só a opinião dele era importante e eu não sei a opinião dele...
Nesse momento precisei parar. Foi como um coice no meio do peito. Acho que é o peso do bom senso, um soco da realidade. E se o Zac me odiasse? E se estivesse sendo simpático só pq era o que mandava o protocolo?
Cadeira... eu precisava de uma cadeira. Como era obvio que não haveria uma cadeira no corredor, sentei no chão mesmo. O formigamento foi tão grande que eu senti minhas forças descerem pernas abaixo... antes que o chão me engolisse, eu precisava pensar.
Ok... Essa é uma possibilidade que nunca me passou pela cabeça. Eu fui com tantas certezas que nem ponderei sobre outras possibilidades.
Eu tinha um objetivo, uma check list:
- Conhecer Zac - ok
- Ele se apaixonar - ???
- Ir embora para Tulsa - ???
- Casar com o Zac - ???

Ok... cadê a parte prática disso tudo? Onde estava o plano?! Burra! Burra! Burra!
Acho que no fundo eu sabia que o primeiro passo seria quase impossível, então nunca tinha dado sequência aos pensamentos. Mas contrariando a lógica, eu consegui me encontrar com o Zac e agora eu simplesmente não sei o que fazer de agora em diante.
Me senti pequena, muito pequena... sabe, quando você quer perguntar para a sua mãe como faz o número 100, pq vc só sabe fazer até o 99? Bom, talvez vc não saiba, mas eu me senti assim... sem saber o que fazer dali pra frente.
Toda a graça se foi... eu não quero mais encontrar com eles. Quero voltar pra casa. Quero um buraco fundo para entrar. Bom, eu ainda quero o Zac, mas só agora me dei conta de que precisava de um plano melhor.
Peguei o elevador ali mesmo e voltei para o quarto. Preciso colocar os pensamentos no lugar antes de conseguir articular um bom plano.
Passei a manhã deitada resmungando. Nada produtivo.
Queria ir até o quarto deles e resolver isso. Mas o bom senso me dizia que eu faria papel de idiota pq:
1 - Eu não tinha o direito de bater na porta deles
2 - Não tínhamos liberdade e/ou intimidade o suficiente
3 - Quem sou eu pra cobrar qq explicação?!
Minha manhã já tinha se perdido e eu não queria que acontecesse o mesmo com a minha tarde. Se eu não pretendia fazer nada sobre eles, ao menos eu ia aproveitar a tarde no hotel!
Desci para o refeitório para almoçar e já fui preparada com biquíni e toalha!
O almoço foi ótimo... muitos camarões... camarões demais pra falar a verdade. Sinto que descontei minha ansiedade no coitado do camarão... meu cérebro não conseguiu distinguir buraco no estômago por ansiedade do vazio da fome. Que feio! Agora eu sou uma doida, desapontada e gulosa!
É impossível entrar na piscina com a barriga tão cheia, mas decidi dar uma volta assim mesmo. Eu faria o que eu tinha "planejado" fazer na parte da manhã, sem a parte de intimar os meninos, claro.
Fui para a piscina e me acomodei em uma espreguiçadeira. Não é alta temporada, então o hotel está quase vazio. Me pergunto se quando vem algum artista eles fecham parte do hotel, pq aquelas fãs lá fora com certeza estavam hospedadas em outro local e haviam quartos vagos nesse hotel... eu tentaria mudar de hotel se fosse elas.
É um mundo novo. É tudo novo... Weird... como as coisas mudam assim, num MMMBOP?
Fiquei ali observando o movimento e decidindo os próximos passos, quando escuto uma gritaria das fãs na porta do hotel! Será que eles tinham descido?!
Meu Deus! Eu não podia sair feito louca de biquíni hall a fora! Se fosse no RJ, haveria a praia como desculpa, mas aqui, o que uma garota correndo de biquíni numa avenida estaria fazendo?
Corri pro vestiário e coloquei a roupa de volta, por cima do biquíni e sai, o menos desesperada possível. Como elas ainda estavam gritando, conclui que eles ainda estariam no hall. Meu Deus, como elas gritam!
Cheguei ao hall e pra minha surpresa, não tinha ninguém além da recepcionista. Que me olhou com cara de "tudo bem?". Imagino como estaria minha cara de doida, seguida pela contorção da interrogação mental: "CADÊ ELES?!".  *Nota mental: doida é agora a palavra que me descreve melhor.* Olhei em volta e vi que as meninas do lado de fora da porta de vidro não olhavam pra dentro e sim pra cima! Eles estavam na sacada!
Sai e me juntei à elas. Mas não gritei. Só fiquei parada olhando eles acenando e elas gritando. Era como se eu estivesse vendo um filme. Meu corpo estava ali, mas eu não fazia parte daquilo. Não era como eu imaginei e olha que sempre me imaginei ali, no meio de um monte de fãs gritando em um show.
Não, eu não sou melhor do que elas, eu sou pior do que elas. Eu nem sabia meu lugar. *Eu tinha um lugar? Existe isso?*
Então os braços se agitaram e o coro ecoou:
"Loving you like I never have before..."
Elas tinham ensaiado e esperado esse momento. E olhando para algumas delas se abraçando e chorando, eu também chorei. Não sei pq, mas as lágrimas quentes só escorriam pelo meu rosto. Acho que chorei pela emoção delas, pelo sonho delas estar se tornando real, por elas conseguirem fazer o que planejaram, por eu não saber o que fazer, por eles, lá de cima da sacada do quarto do Ike, terem começado a cantar com elas. Eu tb me juntei à elas. Ergui os braços e com lágrimas nos olhos, entoei o refrão
"Won't you save me?
Saving is what I need
I just wanna be by your side..."

Cantei olhando para o Zac. Cantei PARA o Zac. Eu queria ser salva... queria estar ao lado dele naquela maldita sacada.

Weird - E foi assim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora