Weird - E foi assim (COMPLETA)

20 - Revelações

Estava no corredor e ainda assim dava pra ouvir o alvoroço que a presença deles causa nas fãs.
Dei um suspiro e segui para o meu quarto. De lá eu quase não ouço nada, já que é do lado oposto à rua. Só ouvia as crianças brincando na piscina.
Tirei a roupa e fui para o chuveiro. Banho quente tem se tornado minha terapia.
Depois de um longo banho, nada melhor que colocar o pijama e me enfiar nas cobertas, com o ar condicionado ligado. Eu queria fingir que não estava ali. Não queria pensar, mas os pensamentos vinham sem que eu conseguisse evitar. Até conseguia pensar em outras coisas, mas não por muito tempo. Hanson, Zac, fãs... tudo estava presente mais do que ontem e as coisas não pareciam melhorar.
Não tinha vontade de descer para jantar. Não sei se é efeito do lanche no almoço tardio ou se são meus pensamentos. Decidi: Não desceria para jantar. Seguiria meus planos: pijama e cobertas.
Já tinha conseguido relaxar e pegar no sono, mesmo sendo cedo demais pra isso, quando meu telefone tocou. Acordei num sobressalto e atendi, ainda meio perdida.
- Alô?
- ...
- Alô?!
- Lola?
- Taylor?!
- Preciso falar com você. Tem um tempo?
A voz dele parecia séria e deprimida.
- Claro... eu só preciso de alguns minutos.
- Me encontre na saída da lavanderia, pode ser?
- Claro... desço em 15 min.
- Obrigado.
Minhas pernas tremiam enquanto eu tentava entender o que poderia ter acontecido enquanto eu dormia.
Eles tinham ido se encontrar com as fãs... será que tinha dado algo errado? Será que alguém se machucou? ZAC!
Achei que não conseguiria terminar de me arrumar. A tremedeira das pernas tinha se espalhado pelo corpo todo. Eu sei o quanto nós fãs podemos ser loucas e fazer besteira para ter um pedacinho deles, literalmente.
Coloquei a roupa mais fácil que eu consegui: um macacão e chinelos.
Desci pelo elevador de serviço e quando a porta abriu, na lavanderia, lá estava ele, de braços cruzados e rosto sério, me olhando no fundo da alma.
- Aconteceu alguma coisa?
- Aqui não... tem muita gente. O parquinho está vazio, já olhei.
Ele saiu andando e eu segui ele. O que mais poderia ter feito?
O parquinho realmente estava vazio. Já começava escurecer *que horas são?*, então as crianças devem estar em seus quartos, se preparando para a janta.
Ele sentou em um banco de madeira, depois de dar mais uma olhada em volta. Eu me sentei ao lado, numa distância "social".
Ele ficou um tempo com as pernas abertas e os cotovelos apoiados um em cada joelho, de cabeça baixa. Foram segundos angustiantes pra mim. Eu queria sacudir ele e perguntar o que tinha acontecido, mas ele parecia precisar organizar os pensamentos antes de começar a dizer o que quer que fosse e eu deixei.
Então ele suspirou, me olhou no fundo dos olhos e disparou:
- Pq o Zac?
Meu chão sumiu. Eu só ouvia meu coração batendo dentro dos meus tímpanos.
Então ele repetiu, com a voz mais baixa:
- Pq o Zac?
- O que vc quer dizer com isso? - foi a única coisa que eu consegui responder, pois eu não sabia se ele queria me dizer que algo tinha acontecido ao Zac ou se perguntava de mim.
- Você disse que seu Hanson favorito era o Zac e queria saber pq...
- Eu... não sei... sempre foi o Zac. Sempre achei ele mais espontâneo, mais real... não sei... - gaguejei.
Ele passou a mão nos cabelos e suspirou, como se precisasse de força para continuar:
- Eu não sou real? - foi um suspiro mais do que uma frase e então continuou, agora num tom normal - Zac tem namorada.
- Oq vc disse?
- Zac ama uma pessoa, Lola. Eles estão juntos há um tempo e... - outro suspiro - está tudo bem entre eles. Eu sinto muito se ele pode ter alimentado algum sentimento...
- Não... é que... eu só não sabia...
Meu mundo... minha fantasia toda desmoronou.
- Tudo bem... olha, não conte pra ninguém, ok? Não gostamos de expor nossa vida amorosa, entende? As meninas não tem culpa.
- Meninas? Todos vcs tem namoradas?
- Droga... não! Ike e Zac tem... eu não. Ike na verdade está saindo com uma pessoa...
Senti meu estômago revirar. Tive certeza que eu ia vomitar ali, no pé de Taylor Hanson. É demais pra mim... então só balancei a cabeça concordando e seguiram os malditos minutos de silêncio constrangedores que sempre aparecem depois de frases chocantes.
- Eu sinto muito - ele disse, por fim, sem tirar os olhos do chão.
- Tudo bem... eu já deveria imaginar... eu sabia que tinha algo errado, só não sabia o que era. Obrigada por me dizer.
- Eu sinto muito - repetiu. - tem alguma coisa que eu possa fazer por vc?
- Acho que não... mas eu vou ficar muito sem graça amanhã. - e dei um sorriso nervoso.
- Eu cuido de vc.
Senti meu coração aquecido... era um sentimento diferente. Seria gratidão?
- Obrigada. - respondi, pq precisava responder algo.
Suspiros e olhos marejados.
- Então é isso? - perguntei antes que o silêncio fosse longo demais novamente.
- É isso.
- Vou voltar para o quarto - respondi, me levantando - peça desculpas ao Zac se causei algum constrangimento ou problema pra ele.
- Tudo bem, não precisa se desculpar. A Kate entende nossa relação com as fãs...
*Kate... então é esse o nome dela. Ela é o amor dele... e eu? Eu sou uma fã*
- Obrigada. - e comecei a andar antes que ele visse minhas lágrimas. Eu não quero parecer uma idiota iludida (o que é bem pior que uma fã doida, na minha opinião).
- Eu te acompanho!
- Não precisa. - respondi sem olhar pra trás.
- Eu cuido de vc, ok?
Não respondi... não tive forças para perguntar o que ele queria dizer com aquela frase. Eu precisava me preparar, pois amanhã eu teria que encontrar com Zac Hanson e fingir que estava tudo bem e eu se quer sabia se o Taylor tinha dito ao Zac que teria essa conversa sobre a Kate... Kate... outro nome para ficar rodando na minha cabeça. Pelo visto Zac superou o fim do namoro com Marion... eu tinha ouvido boatos do inicio e termino, mas Kate... essa eu não fazia idéia!
*Não deveria doer assim, já que ele nunca tinha sido meu, no fim das contas. Alguns amores não foram feitos para serem vividos, eu acho... Merda! Mas dói!*
Voltei para o quarto e deitei de macacão mesmo. Eu queria sumir e por pouco não bati no quarto da Natália e inventei uma desculpa louca, dizendo que eu precisava ir pra casa.