23 - Não tem mais volta

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Já era bem tarde quando eles voltaram, pq demorou um pouco e tb eles ficaram um pouco com as fãs. Eu estava quase dormindo no sofá quando a porta abriu e eles entraram.
- Vamos nos arrumar e sair para comer, ok? - Ike indo para o banheiro.
- ok... eu pensei que vcs iriam para o hotel. Não estão cansados?
- Na verdade, estamos. Programas ao vivo sempre cansam. Mas passamos o dia dentro da emissora, queremos sair para tomar um ar. - Zac, se jogando no sofá, ao meu lado.
- Entendi...
- O que vc quer comer? - Taylor perguntou sentando no braço do sofá.
- Não sei... nem tinha pensado nisso ainda.
- Antes que vc pergunte, já falei com a Natália - Walker - vamos acabar amigos dessa moça.
- Não sei como ela não me matou ainda... - respondi rindo.
- Acho que ela está feliz de ficar livre de você - Zac provocou.
- Zac! - Walker olhando atravessado.
- Pai, ela sabe que eu estou brincando, não sabe, Lola?
- Espero que sim... - respondi rindo da situação. Nunca imaginei ver Zac "tomando um fumo" do pai.
Até então não tinha me dado conta: Zac e eu nunca ficaríamos bem juntos... nós somos idênticos e não nos completávamos. O que eu sentia era um tipo de identificação ou sei lá o que. Era como se fosse meu irmão... um irmão que eu não tive.
- Tb espero que sim, pq ela vai passar mt tempo ainda com a gente - respondeu Taylor.
*Mas e o que eu sentia agora pelo Taylor?* Borboletas de gelo bateram asas no meu estômago e eu tive certeza que não era o mesmo que eu sentia pelo Zac... o que eu sinto agora é maior e eu não sei o que fazer.
As vozes se tornaram cochichos, não pq eles estivessem realmente cochichando, mas pq eu sai de mim. Eu tinha acabado de me dar conta que em 5 dias eu tinha desistido de casar com o Zac e agora estou apaixonada pelo Taylor!
Eles estavam tão empolgados que tinham acabado a maratona do dia que nem prestaram atenção na minha cara de fantasma ou, quem sabe, eu consegui disfarçar bem? O fato é que a conversa deles seguiu sem mim e eles não pareceram notar.
O transito está horrível, então ficamos na van parados um tempo. A mesma disposição dos lugares. Eu não consigo mais encarar o Taylor agora, então passei o percurso olhando a janela ou meus pés.
Quando a van parou, eu me surpreendi, pq "eu não estava presente" quando eles decidiram que iriam num rodizio de carnes. Não lembro se eu concordei. Mas suspirei aliviada... poderia ter sido comida mexicana e eu não gosto de comida mexicana.
Entramos pelos fundos novamente. A casa está cheia, mas havia uma mesa reservada, mais ao fundo. O moço que nos recebeu nos levou lá sem demora e tivemos a opção de pedir qualquer prato da pista, que seria trazido até a mesa, sem que precisássemos ficar lá, na fila. Ser famoso tem algumas vantagens que eu desconhecia.
O pessoal da churrascaria foi super simpático e de extra os meninos só pediram uma salada e fritas. Do restante, ficamos nas carnes mesmo. Eles amaram as carnes daqui e o suco de laranja natural.
Walker foi acertar a conta enquanto nós voltávamos para a van. É sempre assim. Causa menos tumulto, eles disseram. Isso pq só as fanáticas reconheceriam o Walker. (Eu estava inclusa nesse grupo, só pra constar).
Na van, as mesmas posições e eu voltei à minha pose de observadora de janela.
Durante o jantar eu consegui conversar um pouco. Estávamos mastigando em boa parte do tempo e a conversa girou em torno disso, mas ali, na van, as borboletas voltaram.
Zac gemia pq comeu demais (pra variar), Ike dizia que aquilo tinha que se repetir, pq tinha sido maravilhoso e o Taylor não tirava os olhos de mim. Dei graças quando Walker entrou e pediu para o motorista nos levar de volta ao hotel.
O percurso de volta foi tranquilo e quando a van estacionou na entrada de serviço, nos despedimos e eu já estava aliviada de poder voltar para o meu quarto, quando Taylor segurou meu braço.
*essa não...*
- Tay, vc não vem? - Zac chamando.
- Podem ir subindo, preciso andar um pouco para fazer a digestão. - ele respondeu, ainda segundando em mim.
- Ok! Nos vemos lá em cima. - Zac respondeu com um aceno, sumindo lavanderia à dentro.
- Tá tudo bem com você? Mesmo?! - Ele me olhou, com olhos que exigiam uma resposta séria.
- Td certo... - respondi sem conseguir olhar pra ele.
- Então olha pra mim e diz que está tudo bem... pq vc está estranha hoje. É por causa do Zac?
Meu coração acelerou, pq a resposta era: "Não... é por sua causa."
- Não... tá tudo bem mesmo... eu acho que só estou cansada. Já é praticamente o último dia, então...- suspirei - acho que estou um pouco triste tb.
- Sei... - ele respondeu com a voz triste tb. - acho que sei como é.
*Que bom... ele acreditou*
E é verdade. Eu estava triste, pq já tinha me acostumado com eles e agora eu estava apaixonada de verdade! Não estava apaixonada pelo ídolo Zac, mas pela pessoa Taylor.
- É isso... - disse, soltando outro suspiro.
- Então acho melhor a gente subir, antes que sintam a nossa falta. - ele respondeu, ainda triste.
Concordei com um aceno de cabeça e seguimos nossos caminhos: ele pelo elevador de serviço, eu pelo hall do hotel até o elevador social.
Oh dia longo! E eu achando que já tinha tido os piores dias... Pelo menos antes eu sabia o que eu sentia! Agora eu sou um furacão de sentimentos: tristeza, felicidade, saudade antecipada, paixão...
*Mas que droga! Eu nem tenho certeza se quero chorar!*
Entrei no quarto, fechei a porta e tirei a roupa; fui para a minha terapia: banho quente!
Não chorei, não pensei direito... apenas curti meu banho até o banheiro ficar todo cheio de vapor de água quente. O chuveiro é ótimo e a água batendo nos ombros é quase uma massagem.
Eu já estava enrugada, então decidi que é hora de sair.
Coloquei meu pijama e deitei na cama. Os pensamentos começaram a fluir e eu ainda não tenho certeza de nada. Eu deveria ficar feliz por estar acabando? Assim eu poderia voltar para a minha rotina e tudo voltaria ao normal depois de uns dias, claro... ou eu deveria ficar triste, pq as coisas não tinham saído como planejado? O que eu sentia pelo Taylor era real? E se fosse? Por Deus, a gente nunca mais vai se ver! De que isso adiantaria?!
Eu queria afogar minhas mágoas numa panela de brigadeiro quente... mas isso tb não é possível. Quase peguei o telefone e pedi para a recepcionista me ligar com alguma das minhas amigas. Queria uma luz, mas eu teria que contar tudo e no final, essa decisão continuaria sendo apenas minha.
Os pensamentos foram se perdendo conforme fui pegando no sono. Acordei com batidas na minha porta. Dei um pulo. *será que eu perdi a hora?!* e quando eu abri a porta, soltei um gritinho. Taylor estava encostado no batente.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei, tentando ficar atrás da porta, pq eu estava de pijamas.
Ele percebeu, ficou vermelho e disse:
- Desculpa, eu não deveria ter vindo sem te ligar, mas eu não conseguia dormir e parecia tão urgente... - ele disse apoiando a cabeça na lateral da porta novamente.
- Vc quer entrar? *pergunta inconsequente*
- Eu gostaria, mas acho melhor não.
- Claro... - respondi sem graça - Então...
Ele suspirou.
- Vc pode me encontrar no parquinho?
*conheço essa cena*
- Claro... vou me trocar e desço.
Me troquei de vagar, escovei os dentes com paciência, arrumei bem o cabelo. A verdade é que eu estava com medo de descer.
Suspirei e abri a porta. Aquele parquinho sabia de muita coisa e desconfiei que enquanto eu dormia, todos esses dias, Taylor tinha passeado debaixo da minha janela, naquele parquinho ao lado da piscina.
Quando eu cheguei, a cena era como no dia que ele me contou sobre o Zac. Ele sentado no banco, mas não estava de cabeça baixa. Ele estava largado no banco, olhando o céu.
Parei por alguns instantes para recobrar o fôlego. Ele está lindo. A luz da noite deixa ele meio pálido, mas ainda assim, lindo.
Ele se ajeitou e me viu. Deu uns tapinhas no banco e eu me movi. Sentei ao lado dele e esperei, exatamente como na última vez.
- Amanhã é o show... - ele começou.
Ficou o maldito silêncio pairando... então eu disse:
- Sim...
- Nosso último dia...
Meu estômago revirou.
- Está nervoso? - perguntei.
- Eu só... Droga... eu não queria que acabasse, sabe? - e me olhou com aqueles olhos intensos. - parecia que nunca ia acabar, mas ontem eu me dei conta de que não tenho mais tempo. Temos shows agendados para um ano inteiro... não tem como mudar isso... - ele parecia estar falando mais consigo msm do que comigo, então não interrompi. - Lola, eu... droga... eu nem sei como falar isso sem parecer um idiota.
Meu coração estava na boca e parecia que ia saltar fora a qq momento.
- Apenas diga o que for... eu vou te ouvir e não vou te julgar. Você é humano, Taylor, vc tb erra, tb tem problemas... - eu disse pq parecia ser o certo e tb pq não tinha certeza do que se tratava o assunto. Me senti minha mãe quando ela tentava me aconselhar sem ser invasiva, esperando que eu me abrisse.
- E que problema... - ele riu e passou a mão nos cabelos.
Continuei esperando, então ele se virou pra mim e disse:
- Lola, eu me apaixonei por uma brasileira... e eu não sei oq fazer.
*Aquilo era uma confissão ou um pedido de conselho?* Eu tive vontade de chorar.
- Eu... eu... - eu não conseguia terminar a porcaria da frase, então ia me levantar e, literalmente fugir, qnd ele segurou meu braço.
- Lola, por favor... - os olhos implorando.
- Por favor oq? - eu disse, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Fica comigo...
Eu ria e chorava ao mesmo tempo. Tinha resposta pra td oq estava acontecendo?
Ele me abraçou e falou no meu ouvido:
- Eu sabia que me apaixonaria por você desde o primeiro dia. Eu senti ciumes do Zac... Foi por vc que eu aprendi dizer "eu te amo" (em português)... então, por favor... eu não sei o que fazer...
Eu o apertei forte, tão forte que era difícil respirar naquele abraço. Eu queria ficar ali... pq eu não tinha uma resposta, mas ali, naqueles braços, eu me sentia segura. E ele entendeu, primeiro do que eu mesma, que aquele abraço é um sim.
Qnd o abraço foi ficando mais frouxo, ele encostou a testa dele na minha e disse:
- Eu vou dar um jeito, ok? Eu preciso disso.
E me beijou. Um beijo carinhoso, quente e delicado, que foi ficando mais intenso. O ar ficou quente e ambos sabíamos que não poderíamos continuar assim. O gatilho foi apertado. Não tem mais volta.

Weird - E foi assim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora