Capítulo 12 - Camélias Brancas

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Não consegui dizer não, os olhos de Emma tinham um poder sobre mim completamente desconhecido, até então. Segui a loira pela sala que já se encontrava mais calma, Killian e Neal conversavam em um canto e diante de tudo Mary e David sumiram pelas escadas, certamente David tinha muito a pensar sobre o que faria comigo. Emma parou perto de um lugarzinho no canto da sala onde ficavam taças e garrafas de diversas bebidas diferentes, a loira se virou fitando apenas o chão, seus olhos não eram capazes de me olhar, eu poderia cuspir as piores palavras para Emma naquele momento, mas perto dela eu não me reconhecia, estava um tanto quanto magoada e ao mesmo tempo sentia uma certa falta da loira, o que me fez agir, sobre tudo, calma e fria.

Regina: Está satisfeita Swan? Era isso que queria? Fazer-me passar por tamanho constrangimento? Sei que está com raiva, sabia que descontaria de alguma forma, mas jamais achei que mexeria com algo tão doloroso. – Busquei seus olhos que continuavam a encontrar apenas o chão, falei quase em sussurro para não correr o risco de alguém ouvir, tentei manter a calma que me era permitido. –

Emma: O que aconteceu não tem nada a ver com isso Regina, aliás, nada aconteceu e já deixamos isso bem claro. Só não achei justo você esconder isso de nós, ainda mais em um momento tão delicado, nossas empresas estão em acordo, logo todos descobririam e seria pior, tentei amenizar fazendo você contar somente pros meus pais e Killian, além do fato de que não suporto mentiras. – Emma falava intercalando seus olhares entre eu e os que ainda estavam presentes na sala. –

Regina: Não suporta mentiras? Então quão justo você acha em chegar à frente de Killian e Neal e conta-los o que aconteceu aquela noite em que você foi me levar os papéis que seu irmão pediu, querida?! Confiei em você, por impulso, mas confiei, não custava nada me esperar voltar e falar comigo antes Emma. – Arqueei as sobrancelhas e alterei um pouco meu tom de voz a encarando o mais perto que pude, fazendo a loira me encarar de volta quase que por instinto... ou necessidade. –

Emma: Esqueça aquela maldita noite Regina, que droga! – Emma falou entredentes alterando sua voz por alguns segundos. – Se você tivesse por um minuto saído da sua pose de RAINHA e me contado isso, eu teria respeitado, não podia adivinhar Regina. Só achei que era o certo. E... e sem chances de falar com você sobre isso antes, você sabe. – a loira gesticulava nervosa, o estresse a consumia. –

Regina: Sei o quê? Que se você tivesse falado comigo antes a sós teria tido uma recaída? Esperava mais de você Swan, bem mais. Você não faz ideia do que acabou de fazer comigo, mas não importa, está feito. A salvadora da verdade conseguiu, agora todos sabem que a única pessoa que me amou de verdade está morta, e que a única pessoa que confiei em anos, gritou aos ventos que eu sou filha de Henry Mills. – gesticulei completamente sarcástica, explodindo minhas últimas palavras sobre a loira, bufei e bati o bico de meu scarpin compulsivamente no chão. –

O olhar de Emma antes ocupado por estresse, agora demonstrava culpa e uma confusão como se buscasse entender o quão ruim significava falar algo tão obvio e tão simples. Era nítido o peso que pairou sobre a loira ao saber que confiei nela, que dizer meu sobrenome por impulso, embora simples, foi meu jeito de confiar.

Emma: Não me faça sentir culpa, já basta, você brinca com as palavras, mas dessa vez não vai me jogar a culpa. Fiz o que era certo, talvez da maneira errada, sinto muito Regina, mas é só isso. Se tiver mais algo que eu tenha que saber antes de novas surpresas... – Emma foi sincera, seus olhos não escondiam isso, o jeito nervoso em que ela balançava as mãos mostrava o quanto estava frustrada com tudo aquilo. –

Regina: Não tem nada sobre mim que você precise saber – a interrompi – Fique longe de mim, se devo alguma verdade a alguém, esse alguém é seu irmão, cunhadinha. – minhas ultimas palavras ditas totalmente provocantes ao ouvido da loira, notei sua pele arrepiar, diante de tudo, nossos corpos reconheciam a tensão sexual de nossa distância tão curta. –

Não deixei que Emma dissesse mais nada, apenas virei-me e caminhei até a porta de saída com a velocidade de uma águia, precisava ficar sozinha, mais do que isso precisava ficar longe de Emma Swan. Fui impedida de sair pela voz de Killian

Killian: Calma Regina, vou lhe deixar em casa, precisamos conversar. – Ele disse se aproximando rapidamente de mim me guiando até a saída. –

Regina: Não querido, preciso ficar sozinha, depois conversamos, mas não agora e não hoje. Sei bem o caminho. – Eu disse em um tom um tanto quanto triste dando um breve selinho e saindo daquela casa –

Killian: Desculpa por tudo isso meu amor! – o homem falou alto de modo que Emma e o noivo ouvissem e descem atenção a nós dois, me fazendo virar e dizer as últimas palavras que eu podia diante do acontecido. –

Regina: Não é você quem tem que pedir desculpas querido. – Encarei Emma deixando claro que aquelas palavras eram pra ela, todos notaram, mas não me importei, ela tomou a atitude errada e todos tinham que saber disso. –

Por sorte eu estava com meu carro e dirigi o mais rápido que pude até meu apartamento sendo guiada por algumas lágrimas e frustações. Tentei buscar o motivo das sensações que me aguniavam, parte de mim estava preocupada com as possíveis atitudes que David tomaria, mas a maior parte naquele momento estava triste com Emma, incrível como meu coração ansiava pela loira mesmo eu negando tantas vezes pra mim mesma. Dessa vez optei por nada de bebida, uma nova semana começaria e tudo poderia acontecer, eu precisaria estar bem sóbria e mais disposta do que nunca.

A semana havia começado agitada, após ter voltado de Miami antes do combinado achei viável assinar um contrato com o hotel "Conrad Miami", o pouco tempo no lugar havia sido do meu agrado e em minhas pesquisas pude notar a qualidade do atendimento, estava feito. Sai pra almoçar em um restaurante a poucas quadras da minha empresa e ao voltar fui surpreendida com um buquê de Camélias brancas em cima de minha mesa, Belle disse que um entregador deixou sem revelar o nome de quem havia mandado, sentei em minha cadeira e passei a fitar o buquê, tive a certeza de que era de Killian o que não me permitiu dar a mínima importância para aquele mimo. O segurei firme nas mãos, fitei-o novamente e reparei que havia um cartão preso ao ramo, era branco e preso por um laço vermelho de cetim, tinha que confessar que era lindo e meu namorado tinha bom gosto, pois eu amava aquelas flores, balancei minha cabeça em sinal negativo achando completa bobagem, bufei e arremessei as lindas flores na lixeira de papéis, voltando a mirar a tela do meu computador. Em minutos minha curiosidade já havia aumentado a um nível que não resisti, precisava ler as bobagens escritas naquele cartão, o puxei do buquê que continuou na pequena lixeira prateada e brilhante, desmanchei o lindo laço vermelho e passei a ler o cartão:

"Não conheço nem se quer suas preferências, mas uma mulher como Regina Mills não se agrada com um clichê de rosas vermelhas, certo?! Espero que goste de camélias brancas, pois eu as amo, e significa algo que combina perfeitamente com você: "Beleza perfeita" como a sua. Estamos empatadas senhorita Mills?" -Emma Swan

Sem que eu percebesse, um sorriso enorme e surpreso havia se instalado em meus lábios, li e reli inúmeras vezes para ter certeza de que era realmente ela a dona do presente que em segundos havia passado de bobo para o mais lindo que eu poderia ter recebido, fitei todo o envelope o segurando firme nas mãos, como podíamos ter preferência pela mesma flor? Emma me surpreendeu, embora eu tivesse deixado claro que queria ficar longe dela, a loira estava mesmo sentindo-se culpada pelo que aconteceu. Enquanto eu não sabia mais se o que sentia era chateação e raiva, mas acho que acabara de entrar em um jogo que ficaria cada vez mais divertido...

"Swan...Swan...você não faz ideia de onde está se metendo." – Disse em tom alto sorrindo feito uma tonta até ouvir um pigarrear da minha secretária, que me fez desmanchar o sorriso me deixando sem graça, obviamente disfarcei ficando séria e perguntando o que a mesma queria.

Belle: Killian tem bom gosto senhorita Regina, mas porque as jogou no lixo? – a moça disse fitando as flores na lixeira e sorrindo simpática ao notar a forma como fiquei ao ler o cartão. –

Regina: Isso é problema meu Belle, deixe os papéis na mesa e saia. – falei séria embora minha vontade fosse dizer que não eram de Killian e pedir um jarro para bota-las. Controlei-me, voltando a fitar meu computador e guardando o cartão na gaveta da minha mesa. –

Revenge: O preçoOnde histórias criam vida. Descubra agora