1 ~ O preço da fama

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Tínhamos passado um longo tempo fora da mídia. Nossa gravadora tinha passado por uma fusão e muita coisa aconteceu.
Não estávamos parados, claro! Estávamos no estúdio, escrevendo, amadurecendo idéias. Fazer um álbum não é só amontoar um monte de músicas. Um álbum é vc reunir parte da sua história em forma de música e organizar elas de forma que faça sentido e seja harmonioso, que as suas influencias sejam claras. Claro que você também precisa escolher qual será a música a ser lançada como "principal" e isso tem um peso e uma pressão enorme e a gravadora influencia muito nessa hora, mesmo que a gente não goste muito da decisão final, é a gravadora que vai investir nos nossos shows e cuidar da nossa publicidade, então é justo que ela tome a decisão no que investir. Nós fazemos o que amamos: música e eles espalham nossa música até alcançar pessoas que tb amem nosso som.
Apesar de amarmos e termos orgulho de MMMBop, tínhamos medo de sermos eternamente vinculados à essa música e somente à ela - Os "famosos artistas de uma música só". Nós tínhamos crescido, amadurecido e nosso som refletia essa mudança. As fãs iriam aceitar? Íamos conseguir novos fãs? Essas eram perguntas frequentes entre nós e por isso, nossa expectativa nem era tão alta. Estávamos como quando lançamos o MON: faça o que gosta com amor e se der certo, ótimo! Se não der, valeu a tentativa e a diversão.

Justamente por essa "insegurança", acabamos fazendo tudo que a gravadora pedia, inclusive algumas coisas das quais tínhamos certeza de que nos arrependeríamos apenas para divulgar nosso novo álbum: TTA. Uma delas foi uma proposta da MTv Brasil: passar uma semana com uma fã.
Isso era obviamente loucura! Nunca tínhamos ido ao Brasil e não sabíamos se as fãs eram receptivas ou ainda pior, aquelas loucas que gritam "I LOVE YOUUUUUUUUU" na sua orelha qnd vc passa. Zac brinca e sempre diz que elas parecem aqueles dinossauros do filme Jurassic Park: gritam e tentam pegar um pedaço de nós. Nós amamos as fãs, claro! A banda existe pq elas nos apoiam! Mas estar com elas nos momentos do show ou ainda dando autógrafos é uma coisa, agora passar a semana inteira com uma fã? Era insano! Íamos ter que pensar antes de fazer qualquer coisa... ela com certeza ia querer filmar, fotografar, guardar tudo o que conseguisse e, se conseguisse algo que a mídia ainda não tinha visto (como a gente bebendo, por ex.), com certeza ainda arrecadaria uma grana vendendo infos pra tabloides de fofoca. Ainda assim, não tínhamos muita escolha. A gravadora disse que TTA estava sendo sucesso no Br e a MTv era uma emissora de sucesso e com grande influência no público jovem, por isso eles também tinham conseguido entrevistas e programação para quase a semana toda em outras emissoras, rádios e revistas, com acesso para a filmagem. Era impossível rejeitar uma publicidade dessas.
Ike estava com o pé no chão, estava seguro, mas pudera! Ele sempre foi mais calado! O único medo dele é que descobrissem quem ele estava saindo com a Nikki. Não era nada sério ainda, mas nós tínhamos certeza de que ia ser. Eles se davam muito bem, conversavam por horas e ela era uma moça muito agradável.

Zac estava levando as coisas na zoeira, pra variar. "Já que temos que ir ao Brasil, que seja! Vamos aproveitar para conhecer a culinária local e as praias! Uma pena eu estar comprometido! Sempre ouvi dizer que as brasileiras são lindas!". É, Zac estava namorando. Havia pouco tempo, é verdade, mas ele se apaixonou perdidamente por Kate. Kate era amiga de uma vizinha nossa e eles acabaram se conhecendo e eles se amavam. Essa parte das "brasileiras quentes" é só pq Zac tem que ser Zac e rir de alguma coisa. Ele era o mais novo da banda, mas foi o primeiro a ter uma namorada, 2, na verdade e não ao mesmo tempo, claro. A primeira foi a Marion, da banda M2M, mas nem durou muito... a agenda de shows e a exposição da mídia não deram paz e esse é um dos motivos de nós termos decidido manter qualquer relacionamento fora da mídia até a última gota.
Eu estava sozinho. Já tive meus casos, claro. Ver seu irmão caçula namorando e você nunca ter dado um beijo seria frustrante. Mas em nenhum dos casos foi coisa séria... eram apenas uns beijos longe das câmeras, sem registros e que nunca passavam de um dia. Paixão para mim era algo que ficava na letra das músicas... definitivamente eu não era como o Ike e agora o Zac. Eu não era um galinha desenfreado, mas com a fama, eu achava que era impossível manter um relacionamento normal e saudável, então nunca levei nenhuma garota à sério.

A turnê mal tinha começado e já era hora de ir para o Brasil. Torcemos para que a fã fosse daquelas que viram pedra quando nos encontram. Pq as reações normalmente eram essa: ou viram pedra e não sabem o que falar, ou gritam, gritam loucamente. Entre uma e outra, preferimos a pedrinha... (risos). Novamente: amamos as fãs, mas conviver com isso fora do local de trabalho é como levar trabalho extra para fazer em casa. Ninguém gosta.

A viagem foi tranquila e os hotéis eram ótimos. Íamos para 3 capitais: Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Nas duas primeiras era mesmo só o show e uma ou outra entrevista em um canal local. Os shows foram ótimos! As meninas estavam enlouquecidas e cantavam à todo vapor. Os hotéis tb eram confortáveis e cheios de atrativos. Uma pena não podermos aproveitar tudo que o Brasil tem à oferecer! O país é enorme e tem muita variedade de tudo: cultura, temperatura, comidas, paisagem... um dia acho que vamos voltar para passar as férias.
O problema: as fãs brasileiras eram bem ousadas. Não eram do "tipo pedrinha". Elas eram daquelas que te reconheciam na rua e vinham pedir beijos e abraços e a gente não gosta de garotas oferecidas e o que mais tem no nosso meio é garotas se oferecendo. Meninas, apenas parem, ok? Pelo menos finjam que são fãs da música tb e não somente de nós... Se a gente se interessar, a gente manda o segurança trazer vcs. Começamos a esperar o pior da nossa fã vip.

Never Let Go ~ E foi assim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora