28 ~ O adeus oficial e o México

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O pessoal da produção veio me passar o pó na cara e pela primeira vez eu acho que eu realmente estou precisando, pq eu me sentia péssimo.
É besteira falar isso, talvez até pecado e que Deus me perdoe, mas é quase um sentimento de luto.
Qnd eles saíram, eu não tinha ânimo para escrever uma canção, que era oq eu queria, mas resolvi escrever um bilhete pra Lola com meu MSN. Acho que seria a forma mais fácil de nos encontramos. Eu estava sempre com meu note e td hotel que a gente fica tem internet então... é  isso!
Me arrumei na mesinha e não consegui pensar em nada simpático ou romântico para escrever... e eu precisaria ser discreto... é provável que eu não terei mais tempo de entregar qq coisa longe das câmeras. Então só coloquei meu e-mail com uma indicação de MSN e assinei "Para sempre e mais um dia". Dobrei o papel da menor maneira que consegui para facilitar a entrega, seja ela como for. Coloquei o papelzinho no bolso da calça e tentei pensar em como eu entregaria. O mais sensato seria tentar passar pra mão dela, mas Lola, espontânea como é, capaz de fazer cara de espanto e me questionar... eu teria que ser ninja e dar um jeito de colocar na bolsa dela.
Estava fazendo meus planos e isso me distraiu bem até que o telefone tocou.
- Tay, é o papai.
- Oi papai.
- Vc já está pronto?
- Na verdade não.... mas não tem como  parar, não é?
- Filho, não fica assim... não é o fim, é uma mudança de circunstância. Vc e Lola vão ficar bem, tenho certeza.
- Espero que sim... tenho medo que tenha sido só paixão de país tropical ou coisa do tipo...
- Taylor, isso nem existe de verdade! - ele gargalhou - Deixa de ser mole e vamos descer. A produção já me avisou que a Lola desce em 10 min e a gente precisa estar lá.
- Falou, papai. - respondi rindo, pq meu estado é mesmo lamentável. Eu sou um frangote maricas.
Sai no corredor e nem papai, nem Ike e Zac ainda tinham saído, mas em menos de um minuto estávamos tds no corredor.
Nos abraçamos. É uma despedida do hotel e de td que tinha acontecido essa semana, mas eu percebi que os abraços com tapinhas de consolação foram dados apenas em mim.
Esperamos Lola descer e gravamos o "encontro" no saguão: Ela vinha de um lado trazendo a mala dela *ela Não tem mala de rodinha!* e nós do outro, puxando as nossas. Paramos bem no meio, debaixo de um grande lustre e então Ike perguntou:
- Pronta para o Gran Finalle?
- Pronta! - ela respondeu forçando um sorriso, mas os olhos dela ainda doíam e eu conhecia isso mt bem.
E seguimos os 4 em silêncio para a van em frente o hotel.
Papai já estava lá e tinham poucas fãs dessa vez. Umas 4 que ainda restavam e normalmente faríamos uma pausa e daríamos atenção, mas tinha o lance das câmeras, do vôo e tudo mais e o agravante de que nenhum de nós está no clima, então só nos desculpamos e entramos na van.
Seguimos calados todo o trajeto. Nunca vi aquela van tão quieta! Estava tão quieta que o cara da MTv abaixou a câmera e começou a conversar com ela em português. Claro que boiamos, mas como ela não pareceu empolgada com a conversa, desencanei e fiquei prestando atenção em cada detalhe daquele rosto e em como a boca dela se mexia. Eu preciso decorar td que conseguir.
Mas Zac não resistiu. Não sei se por curiosidade ou ciúmes, mas ele pediu atenção:
- O que ele disse?
- Só disse que vai desligar a cam pq a gente tá mudo. - ela respondeu casualmente.
- Tsc, melhor assim, mas nunca confie nisso... muitos deixam a gravação rodando só pra ver se vamos fazer algo constrangedor. - Zac avisou.
- Sério?! - perguntou ela espantada.
Ela com certeza é esperta,  mas não tem a malícia da fama.
- Com certeza! - respondi.
O homem da camera resmungou alguma coisa em português e Lola respondeu outra, meio seca e ele só finalizou com um "ok", não sei se pelo tom de voz dela ou pelas escaradas que o Zac dava. De todos nós, ele era o que mais odiava a imprensa e apesar de ser sempre educado (nossos pais e nossa criação não nos permitiam agir de outro modo), ele era sempre evasivo e disfarçava o sarcasmo em um papel cômico que todos engoliam muito bem, inclusive as fãs. Zac é hiperativo desde criança, mas ele exacerba a energia toda desenhando ou tocando. Ele só perturba e brinca msm com as pessoas que ele confia e gosta e eu fiquei orgulhoso por ele ter aceito a Lola desde o primeiro momento.
- Não.. só estava explicando pra ele o que vc disse. - respondeu ela.
- Ok... - disse ele ainda desconfiado.
Continuamos mudos até o aeroporto. E descemos de forma discreta. As pessoas estavam tão agitadas com suas viagens que nem perceberam a movimentação dos câmeras e os seguranças extras espalhados. Também é meio de semana, oq contribuiu para o local não estar abarrotado de gente. São apenas homens e mulheres de negócios, apressados e olhando para o relógio.
Fizemos o protocolo de malas e embarque, cada um no seu guichê e voltamos para um ponto mais tranquilo, onde foi filmada a despedida oficial. Cameras focadas e Lola começou, ainda com aqueles grandes olhos tristes, mas com um sorriso:
- Bom... eu gostaria de agradecer a oportunidade de ficar com vocês essa semana e dizer que eu amo vocês ainda mais. - disse ela tirando as cartinhas dobradas em forma de origami da bolsa e entregando uma pra cada, depois de conferir os nomes - É uma cartinha agradecendo os bons momentos. Obrigada mesmo!
- Nós é que agradecemos! - Ike disse a abraçando primeiro.
- Foi ótimo! - Zac em seguida.
É minha oportunidade! Ela tinha deixado o zíper da bolsa aberto e enquanto Ike a abraçava, peguei discretamente meu bilhete e deixei ele bem preparado... eu tenho que ser rápido.
- Deixei meu MSN na sua bolsa. - cochichei dando um abraço. - Foi divertido. - disse com a voz no tom habitual.
Ela fez uma cara de espanto, como esperado e eu quase ri, pq ou ela era muito previsível ou eu tinha decorado todos os possíveis movimentos dela. Ela foi esperta o suficiente para não olhar pra bolsa e conseguiu manter a compostura.
- Obrigada! - repetiu ela, mas tenho certeza que as palavras foram um agradecimento pelo bilhete. Os olhos dela agora não estão tão tristes.
- Se cuida! - disse com um aceno.
E então, a cena: acenamos e cada um foi para um lado. Não deu tempo de mais nada. Já era possível ouvir o anuncio da chegada do nosso avião. Precisávamos ir para a sala de embarque.
- Estou acabado... - declarei me jogando na poltrona.
- Força, Tay... - disse papai me dando tapinhas na perna - vc sobrevive!
- Pai, esse é o problema... não quero sobreviver, quero viver! Esse lance da gravadora e agora a Lola... isso me arrebenta!
- Mas foi por causa da gravadora que vc encontrou a Lola... - ele disse rindo.
- Ótimo... pelo menos uma coisa boa... - resmunguei me encolhendo para uma senhora passar.
- Filho, as coisas nem sempre são como a gente quer. O jeito é dar nosso melhor até as coisas se arrumarem. Isso é a vida adulta.
- É a vida... - dei de ombros.
Não demorou para embarcarmos. Vamos para o México e Zac está bem empolgado, pq ele adora comida mexicana e não parava de falar com o Ike sobre isso. Eu até gosto de comida mexicana, mas não estou assim empolgado obviamente pq eu queria estar em qq lugar, desde que a Lola estivesse lá tb e eu sabia que isso não aconteceria no México.
Chegamos e fomos direto para o hotel. O restante da nossa família já estava lá e as praias mexicanas são as mais lindas, mas a agenda está bem apertada e provavelmente só quem vai aproveitar a estadia são a mamãe e as crianças.
Nos encontramos no hotel e foi uma bagunça só. Foi bom, confesso. Estávamos acostumados a viajar sempre juntos e eu sentia falta dessa zona toda que é nossa família reunida.
- Hey, Mac! Que bom ver vc, carinha! - disse abraçando o pqno, que já não tinha nem sinal de qq coisa que fosse. - Já melhorou?
- Uhum - ele respondeu com carinha de pentelho.
Mamãe veio e me deu um beijo e o rodizio continuou: Mac desceu do meu colo e foi pra Zac e assim por diante.
Bagunça feita, nos instalamos em nossos quartos e demos uma organizada nas coisas.
Me joguei na cama e fui ler a carta da Lola em paz.
Ela tem uma letra feminina, redonda e cheia de curvas, tão grande quanto os olhos amendoados dela. A carta tb tinha o cheiro dela... é viciante... é algo como bergamota... não sei... mas é bom e viciante. O cheiro e a letra combinam exatamente com ela. Ela é autêntica, única e... OMG, eu seria idiota se não quisesse essa garota pra mim.
No final da carta, ela tinha deixado o MSN dela também. Dei um pulo da cama e peguei o note, mas quando tentei ligar, ele simplesmente não ligou. Achei que poderia ser a bateria, então resmunguei e coloquei pra carregar.
Na janta eles não quiseram ficar no hotel, então saímos e procuramos um restaurante legal.
Foi uma farra, pra dizer o mínimo. Ike bebeu tequila até literalmente meu pai mandar parar: "Nada de ressaca amanhã...". Foi bom, pq me distrai e ia dar tempo do note carregar sem que eu ficasse resmungando e olhando pra ele.
Mas quando entrei no quarto, a primeira coisa que eu fiz foi conferir e a porcaria realmente não ligava! Desesperei e liguei pro meu pai, como qq cara na minha idade faria:
- Pai, sou eu, Tay.
- Aconteceu alguma coisa? A comida não te fez bem? - perguntou ele com as preocupações de pai.
- Não, eu estou ok... mas não posso falar o msm sobre meu notebook.
- Oq tem ele?
- Não liga...
- Vc derrubou ou coisa assim?
- Nada...
- Já tentou recarregar?
- Pai, não sou tão tapado assim! - respondi quase sem paciência.
- Hey! Vamos com calma ai! Vai dormir e amanhã a gente vê com o pessoal do hotel alguma indicação, ok?
- Mas pai...
- Taylor, vc realmente acha que vai conseguir resolver isso agora à noite?
E então eu recobrei o bom senso:
- Não... vc tem razão... desculpe....
- Vai descansar...
- Vou... Boa noite...
- Durma bem.
E desligamos.

Never Let Go ~ E foi assim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora