Ike abriu a porta.
- Vocês vieram juntos? - perguntou surpreso.
- Encontrei a Lola perdida no corredor... - ouvi papai rindo.
- Eu não tinha certeza se esse era o seu quarto ou o do Taylor. - ouvi ela responder com a voz sem graça. *eu já tinha decorado o tom de voz dela?!*
- Ah sim. - ele respondeu e eu comecei a pensar em como ela estaria.
Zac estava batucando com uma caneta na mesa (ele nunca consegue ficar quieto) e eu estava jogado na cama.
Ike sentou na beirada da cama e empurrou as minhas pernas. Eu estava tão distraído pensando em como seria triste minha vida sem a Lola que nem percebi que ela estava parada ao lado, na minha cama. Só percebi qnd ouvi a voz grave do papai:
- Taylor, não foi essa a educação que eu te dei!
- Desculpa, papai... - disse me ajeitando na cama e dando espaço para ela se sentar ao meu lado. Papai se acomodou em uma cadeira, na mesinha que havia no quarto.
- E então, já decidiram o que vão comer? - ele quis saber.
Ninguém está animado pra isso, então nossas respostas foram negativas.
- O que acham de algo leve? Comemos muito esses dias e não é bom voar de estômago cheio... - continuou ele.
E todos os pensamentos que eu estava tendo a manhã toda, voltaram como uma onda, me engolindo.
- Pizza? - ouvi Zac perguntar.
- Que parte de comidas leves você não ouviu, Zac? - consegui rir.
- Foi só brincadeira... - respondeu Zac.
- Sei... - disse Ike.
E nós fizemos algo que se tornou hábito: jogamos a bola pra Lola com um olhar.
- Oh não! Eu de novo não! - disse ela gesticulando um "não" com o dedo na nossa fuça.
- Mas por vc, td bem a comida ser leve? - Papai perguntou, segurando o riso.
- Eu não me importo... - ela deu de ombros meio aliviada.
- Então vou ligar para o serviço de quarto e pedir frango grelhado e salada para todos, tudo bem? - ele disse olhando pra gente.
Respondemos com uns resmungos afirmativos, pq ninguém quer comer frango e salada... mas é isso ou passar mal durante o vôo. As comidas aqui no Brasil são todas fartas... Então ele não esperou que mudássemos de ideia, pegou o telefone e foi fazer os pedidos.
Quando o pedido chegou, era como esperado: fartura. Ok que era realmente salada e frango, mas parecia que era o peito de frango inteiro pra cada um e a salada era mais que completa: alface, tomate cereja, cubos de presunto e queijo, palmito e ovinhos de codorna (um pote pra cada).
Nos servimos e todos comemos de vagar. Estávamos todos no mesmo barco, mas Lola parecia que ia chorar a qq momento. Conversamos durante a refeição e ficamos esperando Ike terminar (ele foi o último) e então ela se levantou para se despedir. Ninguém queria, mas a gente sabia: cada um de nós tinha um papel à cumprir e ela precisava voltar para o quarto e encontrar o pessoal da produção para gravar o último dia. Ela iria conosco até o aeroporto e era isso... a menina que me conquistou em menos de uma semana iria embora e ambos íamos ter que reaprender a viver uma velha rotina, que parecia não se encaixar agora. Lola foi um divisor de águas nas nossas vidas. Nikki era fã, claro, mas não sei... é diferente. Talvez só pra mim, mas é assim que eu sinto e essas coisas a gente não escolhe. Foi tudo tão rápido, surpreendente e bom...
- Bom... - disse ela suspirando - é melhor eu voltar para o meu quarto...
Nós nos levantamos e ela continuou, parecendo que ia desabar:
- Eu só queria que vcs soubessem que eu amei tudo isso. Amei mesmo! Além de músicos maravilhosos, vcs são pessoas maravilhosas - e a voz começou embargar - Eu... eu vou sentir muita saudade!
E teve um abraço coletivo, começado pelo Zac. Ele aparentemente gostou de ser o Hanson favorito sem a intenção de ser beijado. Ela finalmente chorou, abraçada à ele. Eu não senti ciumes, pq no fim, todos estávamos abraçados e de olhos marejados. Um bando de marmanjos chorando por uma garota que conhecemos há alguns dias!
Quando nos soltamos, Ike deu os tapinhas carinhosos que ele sempre dava na cabeça dela:
- Nós sentimos o mesmo, tampinha! (Ike representou a família).
- Não fica assim... nós vamos nos ver de novo, ok? - prometeu Zac, dando um soquinho no braço dela. (Ele tinha voltado a ficar sem graça?).
- Você é uma mocinha forte. Sei que vai conseguir esperar... - Papai tentando consolar ela, meio sem graça.
Eu fiquei por último de propósito: queria um abraço sem pressa. Então eu a abracei forte e depois segurei seu rosto, para que eu olhasse direto nos meus olhos. Eu preciso ter certeza de que td oq aconteceu foi verdadeiro e que ela me esperaria. É ridículo... esse normalmente é o inverso: as fãs enlouquecem e querem promessas de amor eterno, querem ser lembradas. Então fiz oq eu poderia fazer:
- Olhe bem pra mim. Eu não vou te deixar, entendeu? É só uma questão de tempo... - prometi.
- Entendi... - respondeu ela com as lágrimas ainda correndo pela bochecha rosa.
E eu a beijei de forma doce e sentida. É muito sentimento misturado para passar em palavras ou mesmo por um abraço ou beijo.
- Vocês querem um momento sozinhos? - Perguntou papai sendo solicito. - Pq na frente das câmeras vcs não vão poder conversar... apenas serem profissionais.
Concordamos com um aceno de cabeça e os 3 se levantaram, abraçaram ela de novo e disseram "Até logo".
- Tenho uma coisa para você. - disse finalmente.
- Ah não... eu não comprei nada para você! - respondeu ela apavorada.
- Não precisa. Você vai me enviar as fotos quando elas estiverem reveladas, ok? Esse vai ser meu presente. - pedi enquanto procurava o pacotinho com nossos pingentes na gaveta da mesinha.
- Ok... - respondeu ela se rendendo.
- É simples, mas espero que vc goste. - disse entregando pacotinho.
Quando ela abriu, vi qnd os olhos dela sorriram e ela tirou os olhos do pingente apenas pra me olhar e dizer:
- Taylor, é lindo! - respondeu e voltou a olhar o pingente.
- Escolha sua metade. Uma vai ficar com você e a outra comigo. Você vai render muitas músicas ainda, tenho certeza! - disse fazendo menção de rir, pq sei que é verdade. Toda a nossa história viraria poema e música, mesmo que nunca fossem lançadas oficialmente, haveriam muitos e muitos desses momentos registrados em forma de canção.
Ela escolheu o pingente com a "Clave de sol", que é o mais discreto. Eu achei sensato. É mais feminino.
Coloquei a metade dela na correntinha que comprei junto com os pingentes e coloquei no pescoço dela. Tive que me controlar para não morder o pescoço dela qnd ela enrolou o cabelo em uma espécie de rabo de cavalo e puxou td pra frente e deixou a pele branca e nua da nuca exposta. Ela tem uma pintinha bem no meio do caminho da coluna, perto de onde o cabelo começa.
Coloquei minha metade na correntinha de couro e me abaixei para que ela pudesse prender a minha. Esperei que ela fosse mais fraca que eu e atacasse meu pescoço como uma vampirinha faminta e eu teria desculpa para atacar de volta... mas como ela não fez, eu me controlei e disse com sinceridade:
- Pra sempre.
- E mais um dia - respondeu ela sorrindo.
Essa foi nossa troca simbólica de alianças e compromisso mútuo: temos metade um do outro.
Eu senti uma súbita vontade de chorar... é complicado para um homem admitir isso e, para esconder minha dor, eu a beijei. Um beijo doce, misturado ao salgado das lágrimas. É nosso beijo de despedida.
- Eu escrevi uma carta para cada um de vocês, mas vou entregar no aeroporto. - ela disse qnd acabamos.
- Ah, pq não agora?! - Fiz biquinho ainda tentando camuflar o buraco que está aberto e sangrando no peito.
- Pq não quero me despedir de mãos vazias em rede nacional.... - disse ela dando de ombros.
*Minha Lola é bem mais esperta do que eu!*
- Hmmm... espertinha! - respondi orgulhoso.
- É, eu sei... - e deu e ombros novamente.
*Sempre sincera...*
- Eu vou mesmo sentir sua falta. - disse a abraçando.
- Eu tb... - respondeu me apertando um pouco mais. - Mas agora eu preciso ir... caso contrário não vou estar no quarto qnd o pessoal chegar.
- Eu te levo até lá. - me ofereci pq não queria ficar longe dela nem por um segundo.
- Não precisa... e tb, vai que já tem gente andando pelos corredores... vai ser estranho só vc me acompanhar e os meninos não. - ela disse e com razão.
- Saco! Verdade! Maldita fama... eu gosto dela, mas tem horas que eu queria ser um "joão ninguém" só para ser livre... - confessei num impulso.
- Pessoas comuns tb não podem fazer o que der na telha, sabia? - respondeu ela finalmente rindo.
- Ah, vc entendeu... - respondi sentido. *eu só queria ficar com vc...*.
- Sim, meu amor... eu só estava tentando quebrar esse clima chato... a gente vai se ver de novo e lembre-se: pra sempre. - disse ela levantando o pingente.
- Pra sempre e mais um dia - respondi levantando a outra metade do pingente, que já se misturou aos meus outros 12 pingentes.
Outro beijo com gosto de adeus e ela se foi. Fiquei parado na porta até ela sumir elevador à dentro.
Dentre tantas pessoas passageiras e superficiais, Lola tinha vindo pra ficar marcada profundamente e pra sempre.
Suspirei.
Esse sentimento é maior do que eu e espero que ele não me mate!
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Never Let Go ~ E foi assim (COMPLETA)
FanfictionSentíamos falta da loucura das turnês e estávamos empolgados com a volta. Porém algumas coisas propostas pela gravadora pareciam loucura! Por exemplo, passar uma semana no Brasil com uma fã. Eu sou Taylor Hanson e vou contar para vcs como enco...