15 ~ Queria sempre mais

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- Como foi a entrevista? - Ela perguntou qnd entramos.
- Tranquilo! O cara é msm gente boa! - respondi.
- Sim, lembra os talk shows americanos, tipo Larry King, sabe? - Zac falou continuando a conversa. Ele já se sente à vontade com ela.
Ela pareceu surpresa, não sei se pelo Larry King ou se ela ainda tinha o Zac como favorito e agora ele falava normalmente com ela... *ciúme?*.
- Acho que ela não conhece Larry King... - Ike comentou me tirando dos meus pensamentos.
- Não... - ela respondeu depois de um tempo.
- Tudo bem, é basicamente a mesma coisa: um cara atrás de uma mesa tentando ser engraçado e os convidados no sofá ao lado... - disse Zac dando de ombros.
- hmmm - respondeu ela.
- Bom meninos, comam e descansem, pq daqui a pouco vocês vão entrar no próximo programa, ok? - Papai batendo palmas para chamar a nossa atenção. Esse é um gesto ao qual estamos acostumados. Ele parece um treinador de um time de qualquer esporte.
- Acho que a comida ainda não chegou... pelo menos não entrou ninguém desde que vcs saíram e eu fiquei aqui. - disse ela.
- Bom, então descansem. Eu aproveito para ver se conseguem um prato extra para a Lola. - Disse ele saindo.
- Não precisam se incomodar! Eu volto pro pessoal da MTv, eles devem receber meu prato lá... - disse ela, caminhando para a porta.
- Relaxa! Meu pai já saiu. Se vc sair agora só vai bagunçar as coisas. - disse pegando a mão dela colocando-a na curva do meu cotovelo - Senta e aproveita as frutas, eu vou ao banheiro. - disse guiando ela de volta pro sofá e seguindo para o banheiro.
Eu não ia ao banheiro, mas agora eu preciso lavar pelo menos o rosto: a minha mão na dela... e esse pequeno contato, a troca de calor e a pele macia tinham me tirado do chão.
Quando abri a porta, de volta para o camarim, ela estava se desculpando por qualquer coisa. Ela pensa demais e se desculpa demais... Nós não gostamos de gente nos bajulando... isso soa falso... mas no caso dela, é verdadeiro. O rosto dela não deixa os sentimentos escondidos.
- Mesmo assim, me desculpe. - repetiu ela com uma voz que doía até os ossos, de tanto pesar.
- Já percebeu que vc pensa demais e se desculpa demais? - disse saindo do banheiro de vez - O que aconteceu agora?
Ike observava quieto e ela encarava ele com olhos que imploravam socorro, então ele respondeu:
- Ela acha que causou problemas para o Zac e a Kate.
- Já não tinha dito que estava td bem? - Disse meio puto. *Ela ainda gosta dele*.
- Sim, eu sei, mas não tinha me desculpado pessoalmente e isso me incomodava. Eu não gostaria que meu namorado passasse uma semana com uma fã sem limites. - respondeu ela na defensiva.
- E vc não tem limites? - Zac provocou, pq é oq ele faz sempre que tem oportunidade.
Ela ficou extremamente sem graça.
- Quem tem qualquer relacionamento com famosos precisa se acostumar com isso... fique sabendo. - disse sem conseguir olhar direto pra ela. Pq eu queria que ela pensasse em nós. *pensamento idiota!*
Uma senhora entrou com um carrinho com nossas refeições e papai entrou logo atrás:
- Vamos comer, garotos!
- E garota - Zac ainda olhando pra ela, provavelmente tão intrigado qnt eu.
- E garota! - concordou papai.
Todos pegamos nossos pratos e comemos em silêncio.
Papai chamou ela para fora para que pudéssemos trocar de roupa e nos aprontar para o próximo programa. A gravação é no mesmo dia, mas o público normalmente não sabe disso, então a troca de figurino é importante para não parecer que usamos a mesma roupa a semana toda.
Quando saímos do camarim, ela e papai conversavam animadamente sobre qq coisa que não sei dizer e achei estranho pq o pessoal da MTv ainda não tinha aparecido. Não importa...  Fomos juntos até a entrada do estúdio. Nos apresentaram nossa interprete e dessa vez íamos entrar ao vivo mesmo, de verdade, apesar de tb ser playback na música.
Demos as mãos e nos abraçamos. O um costume que a gente tem desde crianças e algumas coisas nunca podem mudar... estávamos prontos para entrar e então alguém notou Lola e depois de conversar alguma coisa em português, ela ficou séria e foi saindo.
*Damn it! Mandaram ela de volta!*
Papai tinha acesso à lateral do palco e já estava lá. Não ficou na plateia. 
Deixei meus irmãos e corri até ela, dando um abraço:
- Volta pro nosso camarim - cochichei com uma piscadela.
Ela ficou nos olhando até a hora de entrarmos e nós acenamos antes de entrar. 
Eu estava no programa, mas a minha mente torcia para que quando o programa acabasse e eu voltasse para o camarim, encontrasse o sorriso dela ao abrir a porta.
Eu acho que é sobre isso: Lola me faz querer sempre mais - mais um olhar, mais um sorriso, mais um toque, mais e mais e mais, nem que fosse apenas mais um minuto ao lado dela.
Quando terminou, demos um pouco de atenção para as fãs e tiramos algumas fotos com a apresentadora, essas coisas rotineiras. Eu estou cansado e louco para voltar para o camarim *ou para Lola, como quiserem*.
Quando finalmente saímos pela porta do estúdio, Zac reclamava:
- Aquela comidinha light de modelo não me deixou nada satisfeito... eu quero comida de verdade! 
- Assim que sairmos daqui vamos comer, Zac, não se preocupe - disse papai, que já estava atrás de nós.
- Pelo menos não foi tão ruim... - disse Ike.
- Com certeza! Cansativo, mas gratificante... - disse espreguiçando - eu só queria que não fosse sempre playback fora dos palcos.
- Nem me fale... vc fala isso sendo o tecladista... imagina se a bateria fosse sua? - disse Zac rodando a baqueta.
- Não gosto nem de pensar... - respondi.
- Perfeccionista do jeito que vc é? Ia ser um Taylor morto em dias... - concordou Ike.
- Podre! - concordei.
- Precisamos mesmo de um ar... -  papai - não sei ficar trancado em estúdio por muito tempo.
Quando abrimos a porta do camarim, ela estava com uma carinha de cansaço. Eu teria dormido naquele sofá se fosse ela, mas ela esperou. 
- Vamos nos arrumar e sair para comer, ok? - Ike anunciou enquanto ia para o banheiro.
- ok... eu pensei que vcs iriam para o hotel. Não estão cansados? - Ela perguntou bocejando antes de se espreguiçar.
- Na verdade, estamos. Programas ao vivo sempre cansam. Mas passamos o dia dentro da emissora, queremos sair para tomar um ar. - Zac, se jogando no sofá, ao lado dela. *Ele não faria isso se soubesse o que eu sinto...ou faria?*
- Entendi...
- O que vc quer comer? - perguntei me sentando no braço do sofá. *sim, estou marcando território*
- Não sei... nem tinha pensado nisso ainda. - disse ela.
Papai veio até nós e disse pra ela:
- Antes que vc pergunte, já falei com a Natália...  vamos acabar amigos dessa moça.
- Não sei como ela não me matou ainda... - ela respondeu rindo.
- Acho que ela está feliz de ficar livre de você - provocou Zac.
- Zac! - papai olhando atravessado.
- Pai, ela sabe que eu estou brincando, não sabe, Lola? - Zac na sua melhor cara de cachorro.
- Espero que sim... - ela ainda rindo.
E de repente ela fez uma cara que era um misto de satisfação e surpresa. Depois de olhar pra ela, só consegui dizer: 
- Tb espero que sim, pq ela vai passar mt tempo ainda com a gente.
- Chega dessa ladainha! Quero saber o que vamos comer...  - Zac.
- Queria comida mesmo... nada de lanches - disse Ike.
- Concordo... quero uma coisa que satisfaça a fome de um lenhador - comentei.
Lola estava desligada e não comentou mais nada, talvez fosse o cansaço.
Nós continuamos discutindo sobre o que comer e meu pai ligou para o motorista da van. O cara sempre tem boas sugestões e nós gostamos da opção de churrasco brasileiro. Se for igual ao argentino, vai ser delicioso!
Perguntamos para Lola se tudo bem e ela só disse um "ok" abafado. Os olhos dela diziam que ela não estava ali.
Meu pai chegou a perguntar se ela estava cansada demais e queria voltar para o hotel, mas ela só respondeu um "Não..." sem terminar a frase. Demos de ombros e nos aprontamos para sair. 
- Ela deve estar podre tb... - comentou Ike olhando pra ela.
- A coitada não se acostumou com a rotina... - Disse Zac olhando de volta pra ela.
- Na verdade, acho que ela até que levou numa boa... acho que está cansada msm, mas aguenta firme pra ficar com a gente... - disse olhando pra ela, que continuava nos seguindo distraída em direção à van.
Entramos e nos sentamos nos mesmos lugares de antes e o quando saímos, o transito estava horrível, então ficamos na van parados um tempo. Ela continuou sem dizer nada... na verdade, passou o percurso olhando a janela ou os próprios pés.
Entramos pelos fundos novamente e quando a van parou, ela meio que despertou do transe.
A casa estava cheia, mas havia uma mesa reservada, mais ao fundo. O Maître nos recebeu e nos levou lá sem demora e tivemos a opção de pedir qualquer prato da pista, que seria trazido até a mesa, sem que precisássemos ficar lá, na fila. Ser famoso tem algumas vantagens. Pois apesar de a pista estar bem servida, não ter que sair para buscar qq coisa e ser reconhecido no caminho vinha à calhar. É raro vc poder comer sem ter pessoas na sua mesa pedindo por fotos ou autógrafos. Em Tulsa é quase sempre possível, mas tb não é "100% seguro". A gente não se incomoda, mas é ruim ficar comendo e parando, deixando a comida esfriar.
Acabou que não pedimos nada de diferente além das carnes, só mesmo salada e fritas. 
Para beber, escolhemos suco de laranja. O suco de laranja aqui é espremido na hora e é formidável.
Conversamos sobre o quanto nós gostávamos disso e daquilo e Lola até que participou, dando palpites nas carnes e nos sucos.
Quando acabamos, papai foi acertar a conta enquanto nós voltávamos para a van. É sempre assim pq causa menos tumulto. Isso pq só as fanáticas reconheceriam o "papai Hanson". A grande maioria, ou não o conhece ou se o reconhece, fica em dúvida se é ele mesmo, já que nenhum de nós está por perto.
Na van, as mesmas posições e ela voltou a encarar a janela.
Zac gemia pq comeu demais (pra variar), Ike dizia que aquilo tinha que se repetir, pq tinha sido maravilhoso e eu não tirava os olhos dela. Eu queria entender o que se passava. *Será que era mesmo só o cansaço ou ela tinha se chateado com alguma coisa?*
Papai entrou na van e pediu para o motorista nos levar de volta ao hotel.

O percurso de volta foi tranquilo e quando a van estacionou na entrada de serviço, nos despedimos e ela já estava dando meia volta para ir pro quarto quando segurei o braço dela.
Eu precisava saber se estava mesmo tudo bem e ela pareceu surpresa com a minha intromissão no mundinho dela.
- Tay, vc não vem? - Zac me chamando. 
*Agora não, Zac! Suma!*
- Podem ir subindo, preciso andar um pouco para fazer a digestão. - respondi, sem tirar a mão dela.
- Ok! Nos vemos lá em cima. - Zac respondeu, sumindo lavanderia à dentro.
- Tá tudo bem com você? Mesmo?! - disse olhando nos olhos dela.
- Td certo... - ela me respondeu, ainda olhando os pés.
- Então olha pra mim e diz que está tudo bem... pq vc está estranha hoje. É por causa do Zac? - perguntei.
*Maldito ciúmes infantil*
- Não... tá tudo bem mesmo... eu acho que só estou cansada. Já é praticamente o último dia, então...- suspiro - acho que estou um pouco triste tb.
*é isso?*
- Sei... - respondi com a voz triste tb. - acho que sei como é.
*Que merda, isso foi um soco no estômago! Meu tempo está por um fio*
- É isso... - disse ela, soltando outro suspiro.
- Então acho melhor a gente subir, antes que sintam a nossa falta. - respondi ainda meio perdido.
Ela concordou com um aceno de cabeça e seguimos nossos caminhos: ela pelo hall do hotel até o elevador social e eu pelo elevador de serviço.

Never Let Go ~ E foi assim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora