CONFIANÇA QUEBRADA - CILADA

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- Ma? – perguntou ele.

- Oi. – falei secamente.

Tinha certo tempinho que ele não me procurava, uma semana talvez, já não sabia mais e nem me lembrava dele com tanta frequência assim.

- Nossa! – começou ele – Achei que não fosse me atender. Tive receio de te ligar.

- Um receio que durou no mínimo uns sete dias ou mais. Estou certa? – perguntei ironicamente.

- Você sempre foi muito boa de contas. – respondeu rindo sem jeito.

- Eu sempre fui muito boa em várias coisas, você é que não...

- Não liguei para falarmos do passado. – cortou ele.

- Então por que ligou? – perguntei já irritada.

- Estou lhe atrapalhando? – perguntou.

- Sim. – respondi simplesmente.

- Me desculpe. – disse

Pude sentir um pouco de preocupação em sua voz, mas não saberia dizer se era isso ou outra coisa, talvez estivesse esperando que eu chorasse ao telefone, ou dissesse que estava com saudades dele.

- Já que acabou, eu vou...

- Quer sair comigo hoje à noite? – perguntou me cortando.

- Eu não acho que seja uma boa ideia. – falei desconfiada.

- Por favor, é só uma conversa. – pediu.

- Sei não. – respondi – Por que não pode falar por telefone mesmo?

- Não gosto de falar esse tipo de coisa por telefone. – respondeu e emendou – Não farei nada.

Fiquei um tempo sem responder, estava ponderando a situação. Eu poderia ficar em casa esperando uma ligação dela, ou simplesmente, poderia sair com o Otávio e acertar as coisas entre nós, não tenho mais porque ficar com raiva dele, ele fez sua escolha e eu fiz a minha.

- Ok – respondi e escutei um suspiro de alívio do outro lado da linha – Onde lhe encontro?

- Não precisa te pego às 20hrs. Tudo bem?

- Ok. Até mais.

Desliguei sem esperar por uma resposta. Não queria sair com ele, ou melhor, algo me dizia para não aceitar o convite do Otávio, mas eu precisava me acertar com ele, e Camila não havia me ligado até agora e nem Lorena. Não tinha motivos para passar o sábado a noite em casa. Ou talvez eu devesse escutar minha intuição só dessa vez. Na dúvida, optei por sair com ele.

Comecei meus preparativos: hidratei o cabelo, depilei as pernas, arrumei minha unha e fui tomar um banho. Quando deram oito horas, eu já estava pronta. Usava uma calça jeans de cintura alta preta, um tênis branco, uma blusinha de manga comprida listrada e soltinha, peguei um cardigan preto, para o caso de esfriar (nunca se sabia, pois Brasília era bem esquisita no quesito clima) deixei meu cabelo solto e ondulado. Olhei-me mais uma vez no espelho e fui sentar no sofá com o celular na mão enquanto esperava Otávio. Já haviam se passado trinta minutos e nenhuma notícia do Otávio, até que quando eu já estava para desistir de esperá-lo, o bendito cujo me manda uma mensagem.

- Estou aqui em baixo.

Peguei minha carteira de mão, coloquei o celular dentro dela e desci para encontrá-lo. O carro de Otávio estava parado na frente da portaria do condomínio, cheguei e bati no vidro, ele destrancou a porta e eu entrei.

MADALENA (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora