Acordar com uma leve dor de cabeça parecia ser uma rotina agora. Não sei quando aqueles sonhos se instalaram em meu subconsciente, apenas sei que eles ocorrem e mal posso esperar para que acabem. Mesmo assim, estava sendo obrigada a concordar que, não apenas demorariam em ir embora, como também possuíam algum significado, pois eram vívidos demais para serem descartados como se não importassem. Gostaria muito de conseguir entender o significado de tudo o que vinha acontecendo, mas eu só me frustrava mais e mais, uma frustração em vão, porque de nada adiantaria, só a dor de cabeça que continuaria e possivelmente aumentaria.
Fiz toda minha rotina da manhã até a hora de ir trabalhar, mas esse dia me surpreenderia mais que qualquer outro até agora. Não sei ao certo quanto tempo passei olhando para a tela do computador. Eu mesma não conseguia acreditar no que havia sido me enviado. Era apavorante, assustador e parecia até uma piada se aquelas fotos não viessem encaminhadas com uma mensagem:
"Lorena fez isso"
Não havia remetente, eu mesma havia checado, no entanto, quando respondia o e-mail o mesmo sempre voltava com alguma mensagem de erro. Quem me enviou aquelas atrocidades havia feito um trabalho seguro e completo, acobertando todos os rastros. Todavia, o que me intrigava não era o remetente anônimo e sim a mensagem. Não conseguia acreditar que Lorena poderia fazer algo daquele tipo. Não! Eu já estava em estado de negação.
- Não! – disse a mim mesma balançando a cabeça – Ela não faria isso...
Passei tanto tempo olhando para a tela que nem sequer cheguei a sentir a aproximação de Francisco as minhas costas.
- O que está vendo? – perguntou o mesmo.
Olhei rapidamente e dei graças ao céus pela tela haver ficado preta com a logo do jornal passando de um lado para o outro. Ainda sim respirei fundo e retirei o óculos do rosto para poder me virar sem que meu coração corresse o risco de pular garganta a fora pelo susto que levei.
- Te assustei? – perguntou arqueando a sobrancelha.
- Um pouco – respondi controlada.
- Me desculpe, você estava tão entretida com a tela do computador... O que estava vendo? – perguntou curioso e tentando checar nem que fosse uma fresta do computador – Era alguma notícia bombástica? – perguntou interessado.
- É... recebi um e-mail com algumas informações sobre a matéria que estou redigindo para o domingo – disse.
- Gostei. – disse apoiando-se na divisória – Vai voltar a dar uma de jornalista investigativa?
- Acho que sim. – respondi com um fraco sorriso.
- Que ótimo! – disse ele com um enorme sorriso e um brilho diferente nos olhos – Você vale muito mais do que essas matérias banais de moda e cultura que escreve querida, recordo-me muito bem disso.
Eu apenas fiz que sim para ele com a cabeça, não queria ser mal educada, no entanto, gostaria de voltar a olhar as fotos e saber o que aquilo significava ao me mandarem todas aquelas informações.
- Você vai almoçar no mesmo horário? – perguntou-me.
- Ahn! Sim, sim! – respondi – Eu vou sim!
- Ótimo! Passe em minha cabine para me chamar. – deu uma piscadela e retornou para seu serviço, deixando-me a sós com meus pensamentos.
Afinal, quem era Lorena? Por que saiu da Inglaterra para cá? Possuia algum familiar? Qual era seu sobrenome? Quando voltei a me questionar percebi que perdi muito tempo não aproveitando nada para descobrir algo sobre ela. Logo eu que sempre fui tão cautelosa, não sabia nada da mulher com quem estava me envolvendo. E agora havia estas imagens da mesma em frente ao corpo de Otávio, no dia do seu assassinato. Estava abaixada, de costa para quem havia tirado as fotos, parecia procurar por algo, eu não sei... Não dava para ver muito bem.
Eu precisava descobrir o que havia acontecido. Ou melhor, o que estava acontecendo.
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MADALENA (Livro 1)
RomanceAs histórias bíblicas não passavam de estórias. Há muito tempo uma jovem nasceu para a redenção do mundo. Mas, forças das trevas não queriam a redenção, queriam que o ser-humano destruísse tudo aquilo que lhe foi dado. Séculos depois a maldição esta...