Pendiham
[Dias antes]
Nem mesmo o som das ondas fortes batendo contra as rochas parecia o mesmo de antes.
Era cerca de meio dia e o sol estava alto no céu. Já era tempo de a neve começar a cair, mas mesmo naquela época era esperado encontrar jardins magnificamente floridos e gente perambulando com frutos de colheitas, especiarias e tantas outras coisas que se podia encontrar na feira que se formava na parte central do vilarejo de Pendiham. Porém, nada disso acontecia naquele dia.
Algumas chamas ainda consumiam o castelo e casas do vilarejo. O estalar do fogo e quedas ocasionais de estruturas danificadas por ele eram as únicas coisas ouvidas. Nem mesmo as vozes de soldados agonizando quebravam o som da destruição. Apenas as ondas distantes e as pedrinhas insistentes que batiam nas águas de um rio próximo, atiradas por um homem de cabelos e olhos negros:
— Bela paisagem - a voz desanimada evidenciava a ironia.
Um rapaz de cabelos loiros e barba rala estava sentado no chão e olhava o castelo com uma expressão de agonia. Tinha a cabeça e as costas apoiadas em uma árvore e sua espada estava fincada na terra, entre seus pés. Ele estava claramente irritado com o comentário do companheiro. O loiro se levantou e apanhou a espada em um gesto rápido. Montou um shire de cor clara e pôs se a galope, ainda enquanto guardava a arma na bainha.
— Gabriel! – o outro homem correu apressado até um andaluz marrom e seguiu-o, gritando– O que pensa estar fazendo?
— Eu estou preocupado com o meu pai, Henry!
O andaluz ultrapassou o shire e entrou em sua frente, obrigando-o a parar.
— Seu pai era um bom guerreiro e um bom rei, príncipe. Não acredito que ele tenha vivido e deixado todo seu povo morrer.
Gabriel desviou o cavalo e fez com que ele marchasse devagar na estrada que, no sentido inverso, tinha o topo da colina onde ficava Pendiham como único destino.
Puderam logo avistar, ao longe, cerca de quatro cavaleiros que traziam escudo de outro reino. Não foi preciso nenhuma comunicação verbal. Ambos logo estavam com as espadas em punho e fazendo com que os cavalos trotassem mais rápido.
Ao se aproximarem pouco mais notaram que os forasteiros estavam todos encapuzados e haviam feito o mesmo: todos tinham armas em punho.
— O que diabos querem em meu reino?! – Gritou Gabriel, furioso, ainda distante.
— Sir John de Pendiham? – aquele que parecia liderá-los guardou a espada e foi seguido por seus companheiros.
— Não. Sou Gabriel de Pendiham, o príncipe. - acrescentou logo, às pressas - Regente.
O homem saltou do cavalo habilmente e quase que no mesmo momento em que tocou os pés no chão curvou-se em uma reverência.
— Foi realmente muita sorte encontrá-lo então, Sua Alteza Real! – levantou-se tirando um pergaminho de uma bolsa pendurada na montaria - Eu trago uma mensagem para o senhor. Não poderíamos voltar ao seu castelo? Meus homens estão famintos!
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Antes da Eternidade
Vampiros[Concluída] Anna poderia ser personagem de um conto de fadas: a criada do castelo que se casou com o príncipe herdeiro, logo coroado rei. Mas por que continuar com ele se o meio-irmão, apesar de petulante e aparentemente doente a maior parte do temp...