TRUST ➛ ANDRÉ HORTA

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Matilde Rodrigues

Esperava ansiosamente pelo André.

Os meus pais decidiram jantar num restaurante com a família, apesar de ter usado a desculpa do trabalho e que não estava muito bem da perna para não ir com eles.

Não estava cansada do trabalho, mas tinha dado uma pancada no armazém e a minha perna voltou a doer.

Nada significativo, talvez pelo facto de fazer vários esforços e ter desobedecido aos médicos e deixado as canadianas de lado após dois dias.

Sentada no sofá com um saco de gelo na perna, olhava para o meu telemóvel à espera de uma mensagem.

Já tinha enviado a morada ao André há uns dez minutos talvez.

Instadirect - andrehorta10

@matildesofia: Vens ter comigo?

@andrehorta10: Acabei de chegar, ia avisar-te agora. Podes vir abrir a porta?

Levantei-me num ápice, esquecendo o saco de gelo sob a perna, que acabou no chão a verter água.

Respirei fundo, abrindo-lhe finalmente a porta de casa.

- Obrigada por teres vindo. - Murmurei baixo, deixando que entrasse. - Não sei quanto tempo temos.

- Não preciso de explicações.

- O Ederson veio falar comigo. - Admiti e o André arqueou a sobrancelha.

- O que é que te disse?

- O que achas? - Sentei-me ao lado dele no sofá. - Disse-me que se passava algo contigo.

Encolheu os ombros, pegando no saco de gelo caído no chão.

- Dei uma pancada no trabalho.

O André pousou o saco na minha perna com cuidado, encarando-me. Agradeci-lhe, tentando manter-me calma, apesar dos nervos já a acumular.

A presença do André, após o que havia dito, deixava-me ainda mais nervosa do que já era normal.

- O que aconteceu com o João?

Desviei o meu olhar dele, tentando não dar a entender o que sentia.

- Traiu-me. - Encolhi os ombros. - Dois anos de namoro André! Como é que ele foi capaz de me trair?

- Gajos que não valem a pena.

- Ou então sou mesmo eu. A primeira vez que uma relação dá certo, acaba da pior forma. - Forcei uma risada. - Devo estar destinada a ficar solteira.

- E logo tu, uma miúda horrível e sem qualquer interesse. - Concordei com ele e ouvi-o rir.

- Vês como sabes. Desculpa pelo que disse. Não estou a saber lidar com isto.

- Com o João?

Balancei a cabeça, negando.