Matilde Rodrigues
Despertei com os espirros do Alexandre, visto que estávamos todos a dormir o meu quarto.
Era a única que não tinha irmãos, nem pais muito conservadores.
Podia discutir todos os dias com a minha mãe ou com o meu pai, mas não deixavam de ser compreensivos. Foram até eles quem deram a ideia de encher a casa de adolescentes.
Desde que falei com a minha mãe sobre o quase beijo com o André, ela explicou que não tolerava a facilidade com que a filha explodia.
Era uma pessoa explosiva, impulsiva e não media as minhas palavras ou os gritos quando me irritava.
Tentava melhorar esses aspetos.
Atirei um pacote de lenços para o chão, esperando que chegasse ao Alex. Porém o Miguel foi quem se queixou, o que fez a Carolina despertar.
A Vanessa já estava com o telemóvel nas mãos. Só Inês é que não conseguiu ficar a dormir.
Mencionou ter família em casa, dai não lhe deixarem dormir fora.
- Matilde, tens a consciência para cumprir. - A Vanessa relembrou-nos do jogo da noite anterior.
Agarrei no meu telemóvel.
- O rapaz vai ficar à toa com a letra da música. - Ri-me.
- Imagina o palhaço do Daniel com as letras que enviei. É muito pior, sendo o meu ex namorado.
Concordei com ela.
Instadirect - andrehorta10
@matildesofia: Same bed but it feels just a little bit bigger now
@andrehorta10: ????
@matildesofia: Or song on the radio but it doesn't sound the same
@andrehorta10: Ainda estás bêbeda?
@matildesofia: When your friends talk about you all it does is tearing me down
@andrehorta10: Vou levar isso como um sim 👀
@matildesofia: Cuz my heart breaks a little when I hear your name
@andrehorta10: And it all just sounds like uhuhuuuuuuu
Comecei-me a rir.
Mostrei as mensagens aos meus queridos amigos que me se lembraram de jogar verdade ou consequências com as lyrics songs a caminho de casa.
Para me tentar esquivar, garanti que no dia seguinte continuávamos o jogo, tinha esperança de se esqueceram.
- Posso entrar? - Ouvi a minha mãe do outro lado da porta.
Disse-lhe que sim.
Ao abrir a porta, acendeu a luz sem nos avisar. Começamos a reclamar e a dona Maria apenas se riu.
Chamou-nos para almoçar, pois eram quase duas da tarde. Ainda perguntou a que horas tínhamos chegado. O Miguel murmurou quatro e tal.
Acabou por sair do quarto, avisando que tínhamos de nos levantar. O Alex e o Rodrigo foram os primeiros a sair do quarto e a descer. Levantei-me ao fim de uns minutos.
Retirei os restos de maquilhagem, tirei meias quentes da gaveta, visto que não estava propriamente calor.
Para além disso, o mergulho não foi a melhor ideia do Alex.
- Boa dia rapaziada.
Os rapazes cumprimentaram o meu pai com um aperto de mãos, enquanto nós com um beijo a cara.
Conforme me sentei, reparei no olhar do meu pai e pude adivinhar o que iria perguntar. Ao perceber que o encarava, começou a gargalhar.
- Pensei que ia conhecê-lo!
- Claro que pensaste. - Refilei, levando o garfo com comida à boca. - Achas que vinha cá dormir?
- Sei lá, já foi mais impossível. - Piscou-me o olho e ainda se riu.
- Está a falar do André?
- Ele estava lá ontem. - O Miguel ajudou a Carolina e o meu pai. - O que acha do rapaz, tio Rui? - Ouvi a minha mãe a rir-se também.
- Mas importam-se de parar? Parem de falar da minha vida amorosa!
- Com que então... Vida amorosa?
- Pelo menos é benfiquista. - O meu pai continuou. - Menos uma desilusão! - O homem riu-se.
- Já viu se tivesse de jantar com algum tripeiro ou lagarto? - O Rodrigo decidiu acudir por eles também. - Era pior para a sua filha, não acha?
- Tens algum problema com lagartos?
A intervenção da Carolina fez com que começássemos a rir, pois foi tão natural a forma como protestou.
O Rodrigo e a Carolina começaram com leves picardias entre eles.
Felizmente já não falavam do André. E também se esqueceram da minha vida amorosa. Principalmente o meu pai, as trocas de comentários entre eles eram mais interessantes.
Obrigada Carolina por teres feito uma ótima intervenção e atenuado o ataque à Matilde e ao André.
Era o que dava quando o meu pai e os meus amigos se adoravam.
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TRUST ➛ ANDRÉ HORTA
FanfictionOnde Matilde Rodrigues quase é atropelada pelo número 8 do Benfica