Matilde Rodrigues
Sinceramente não sabia como reagir.
Se chorar pelo facto de ser o último jogo do Ederson, se rir e gritar por mais uma conquista na Taça de Portugal.
Era um misto de emoções dentro de mim, que nem conseguia explicar. Após longos minutos de pé a cantar e a gritar com os restantes adeptos, sentei-me no banco cansada.
O Alexandre sentou-se ao meu lado, ao perceber que começava a desanimar. O meu Twitter era somente publicações a dizer adeus ao Ederson.
- Nem acredito que se vai embora.
- O futebol é mesmo assim, os jogadores acabam por ser reconhecidos pelos grandes clubes.
- O Benfica é um dos grandes! O maior de Portugal e ele não ficou.
- Tu percebeste. - Assenti, apesar de não querer mentalizar-me. - O Ederson vai tornar-se num dos melhores, tenho a certeza do que digo.
- Não podia concordar mais.
Voltei a levantar-me, procurando encontrar o André na confusão. Decidi enviar-lhe mensagem.
André 💕
- Vou sair do estádio, vejo-te na chegada á Luz? Estou tão feliz por vocês, mais uma conquista!!
Enviada ás 19h50André 💕
- Vou festejar com a equipa, amanhã digo-te alguma coisa!
Recebida ás 19h55- Então?
- Ficamos até receberem a taça e depois vamos para casa. - Assentiu, voltando a levantar-se do banco.
Após mal conseguir falar de tanto cantar, visto que não me havia calado o jogo praticamente todo, chamei o Alex, para que saíssemos do estádio.
Durante o caminho para casa, não tirei os olhos do Twitter. Estava identificada num vídeo do André.
Levantei o som, acabando por rir.
Tínhamos estado poucas vezes juntos desde o jantar. O meu horário mudou e com isso, mais horas. Esforçava-me por conciliar o tempo entre ele, família e os meus amigos.
Entre todas as divisões, ter tempo para descansar e para mim.
- Sempre vão ao cinema?
- Em princípio sim, depois confirmo-te as horas. - Assenti, dando-lhe um beijo na bochecha. - Até amanhã.
Acenei-lhe com um sorriso no rosto, fechando a porta do carro. Assim que o meu pai deu pela minha presença, veio falar-me do Guardião.
Admiti que também não me agradava a saída. Mencionou ainda os rumores das saídas do Semedo e Lindelof.
E ainda de um possível ponta de lança, pois era o que se falava.
- Espero bem que não!
Como estava cansada e com alguma dor de garganta, decidi ir para o quarto e deitar-me um pouco. Senti a vibração do telemóvel dentro do bolso.
Tirei-o do mesmo, olhando para o ecrã onde uma chamada do André esperava ser atendida ou ignorada.
- E o Benfica é campeão!
- Olá para ti também. - Murmurei, a minha voz pouco audível. - Parabéns à equipa pelo jogo.
- O que se passa? Mal te consigo ouvir, pareces desanimada!
- Gritei demais e agora estou com pouca voz. - Ouvi a sua risada através do telemóvel. - Vai divertir-te! Cuidado com o álcool, não vás encontrar outra benfiquista por aí.
- Só te quero a ti. - Sussurrou, para que os colegas não o provocassem. - Queres que passe por aí amanhã?
- Ainda não sei se vou ao cinema com o Alexandre e com eles.
- Está bem, depois diz-me.
- Sim! Ah... Amarra ao Ederson ao balneário e não o deixes ir. - Implorei, ouvindo a sua gargalhada. - Ele chorou, o que me fez lembrar o Gaitan.
- Se pudesse era o que fazia. Dá para reparar que está desanimado e que lhe está a custar.
- Meu rico guarda-redes.
- Sabes que estás a falar com o teu namorado sobre outro, não sabes? - O André ficou em silêncio durante longos minutos, tal como eu. - Bem... Amanhã falamos, beijinhos.
- Até amanhã, divirtam-se.
A chamada desligou-se num ápice.
Olhava para o ecrã do telemóvel e matutava nas palavras do André. Tinha acabado de nos rotular.
Não houve pedido oficial, nem mesmo uma conversa sobre o que tínhamos. As coisas apenas aconteciam tão genuínas, que pouco acertamos.
Nunca parei para pensar em assumir uma relação com o André, dai estar tão pensativa com as palavras.
Nem sabia que queria rotular-nos.

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TRUST ➛ ANDRÉ HORTA
FanfictionOnde Matilde Rodrigues quase é atropelada pelo número 8 do Benfica