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Matilde Rodrigues

- O que estás aqui a fazer?

Murmurei, quando o André se encostou à vedação do terraço e fez um impulso para nos encostar.

Afastou ligeiramente as pernas, devido a estar inclinado. As nossas ancas mais próximas que nunca, enquanto as mãos desceram para a minha cintura.

Encarei o André com os olhos arregalados, devido aos nossos amigos estarem no mesmo local. Porém, nunca o vi tão tranquilo. Percebi o que estava a pensar de momento, mas não sabia o que dizer ou fazer.

- André... Está quieto. - Sussurrei, ao perceber que se inclinava cada vez mais para mim.

Porém, o rapaz não quis saber.

Senti os lábios dele nos meus, o que me levou a recuar um pouco.

O André não deixou a minha cintura, puxando-me ligeiramente para ele, pois sentiu-me a afastar. Facilmente, deixei-me levar pelos lábios dele.

Tudo o que havia pensado sobre o pouco tempo em que nos conhecíamos, evaporou após o beijo.

Não havia sentimentos fortes, mas era certo que existia alguma coisa.

- Eu disse-te que mal podia esperar para te ver. - Sussurrou contra os meus lábios, sem nos afastar.

- Nem sei o que te dizer...

Também não me deixou dizer nada, visto que me levou num segundo beijo, subindo uma das mãos pelo meu braço, pousando no meu rosto.

Roçou os lábios lentamente pelo meu queixo, o que me levou a parar. Sabia o que vinha a seguir.

- O que é que já bebeste hoje?

- Agradece por estar aqui, porque quis bater no teu ex-namoradinho.

Como era a sua especialidade, sabia estragar o ambiente entre nós. Comecei a afastar-me do André, chateada com o que tinha ouvido.

Depois de me beijar, ainda conseguiu mencionar o João? Boa forma de matar o que o beijo acordou.

- Eia Matilde, desculpa. - Apercebeu-se rapidamente do porquê.

- És inacreditável!

- Vi a forma como te agarrou e não gostei, queres o quê? Preferi beijar-te à frente de todos, do que dar-lhe porrada e perder a razão.

- Sei defender-me sozinha, não preciso que o faças. Principalmente se me deste o beijo só por causa disso.

Virei-lhe as costas num ápice.

O André veio atrás de mim, apesar de nada lhe ter dito. Ainda tentou agarrar no meu braço para que falássemos, mas compreendeu o porquê de não lhe falar e não insistiu comigo.

Pelo menos uma coisa que sabia fazer, não insistir demasiado.

Sentei-me à frente do Alexandre, dando longos goles na suposta bebida que o André foi buscar para mim, antes de aparecer o João.

TRUST  ➛  ANDRÉ HORTAOnde histórias criam vida. Descubra agora