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Matilde Rodrigues

Estava um pouco atordoada.

Apenas me pronunciei para impedir que os bombeiros fossem chamados. As dores não eram tão más.

E conseguia mover a perna após uns minutos do impacto. O rapaz conseguiu travar antes de me atropelar. Como iria conseguir lidar com as rodas sujas do Maserati aparentemente novo?

Tentei levantar-me do chão, apesar das dificuldades e dores.

- Você está bem?

Reconheci novamente a voz.

Ao encarar o rosto do rapaz, visto que me tinha encostado ao carro. Fiquei um tanto incrédula.

- Ou morri atropelada ou então estou a ter sonhos com o Ederson.

Olhei à minha volta, encontrando duas feições também familiares. Agora que o choque inicial se tinha atenuado, estava a voltar a mim.

Estava diante de três jogadores da equipa principal do Benfica, sendo um deles a minha obsessão.

Luís Miguel (Pizzi), André Horta e por fim Ederson Moraes.

- Acabei de ser atropelada por ti?

Balançou a cabeça negando, apontando para o seu colega de equipa. O rosto do Horta trancado, apesar de transparecer alguma preocupação. Já o Pizzi, ficou a olhar em silêncio.

O Ederson era quem tencionava chamar os bombeiros, Pizzi quem reclamou e o Horta o desastrado.

- Como te estás a sentir?

- Bem, só a tua saída do Benfica é que me pode matar. - Comentei, ignorando a preocupação deles.

O Pizzi e o Ederson entreolhavam-se confusos com o que havia dito. Percebi que estavam aliviados por estar bem e não a alucinar ou cheia de dores. Não havia melhor encontro.

Nunca antes me havia cruzado com um dos jogadores, foi preciso acabar com o João e ser irresponsável.

- Já que não quiseste ambulância, posso pelo menos levar-te ao hospital?

- Consciência a pesar?

O Horta arqueou a sobrancelha. Ficou ainda mais confuso. Ouvi as risadas do Ederson e do Pizzi. Já o rapaz à minha frente, parecia chateado.

- Estás mesmo a gozar com a situação? Podia ter-te magoado!

- Ainda bem que sabes isso, devias de aprender a conduzir. Ainda me matas a caminho do hospital.

Entretanto, ouvi uma quarta voz.

Revirei os olhos, percebendo que era o meu ex namorado. O que raio estava ali a fazer? Qual foi a parte do acabou que não percebeu?

Agarrou-se a mim, mostrando imensa preocupação. Pelo que dizia, tinha visto tudo pela janela do quarto.

Dei-lhe um empurrão, sentindo a dor a intensificar-se mais.

- Sai daqui, já fizeste o suficiente!

- Só quero saber se estás bem! - Atirou as mãos ao ar e encarou o Horta. - E tu pensas que és quem? Só por jogares no Benfica não te dá...

- E se te calasses, João? Vai para casa e deixa-me em paz. - Interrompi.

O Ederson e o Pizzi já não estavam tão divertidos com a situação. Era mais que evidente a tensão no ar.

Estiquei o braço na direção do André, apoiando-me no braço dele. O rapaz só estava focado no João, assimilava o que lhe havia dito há pouco.

Porém, ao sentir-me perto dele, rodeou o braço nas minhas costas e ajudou-me a contornar o carro.

Apoiei-me na porta aberta, ouvindo um comentário desnecessário.

- Aproveita bem, está solteira!

- Pelo menos ele pode aproveitar, já tu não esperaste. - Retorqui, reparando na feição irritada dele. - Vai-te lixar, tens a minha permissão agora.

O rapaz veio lançado na minha direção, não pelo que lhe estava a dizer, mas por dizer diante dos jogadores.

A troca de olhares entre ele e o Horta e aproximação do Ederson, fez com que a intenção ficasse no ar. Voltou para casa bastante indignado.

- O que aconteceu aqui?

- Apresento-vos o meu ex namorado.

- Pareceu bem violento. - Ederson não deixou de comentar. - Bem, é melhor ir fazer exame à sua perna.

- Obrigada Ederson. - Sentia que me ia babar a qualquer momento.

Antes que o guardião se afastasse, arranjei forma de lhe dar um abraço. A facilidade com que a minha paixão por ele crescia, era assustador.

O brasileiro abraçou-me de volta.

Ainda murmurei algumas palavras de apoio, visto que um jogo se aproximava cada vez mais.

Também acabei por sorrir para o Luis Miguel, que retribuiu.

- Espero que não a mate, Horta.

O Ederson atiçou, fazendo o moreno à minha frente revirar os olhos. Acabei a rir com o Pizzi.

- Vão continuar ou posso levar a miúda ao hospital? - Reclamou.

(...)

Deixem-me ser feliz com uma imaginação fértil e com a paixão pelo guardião mais novo 😇

TRUST  ➛  ANDRÉ HORTAOnde histórias criam vida. Descubra agora