Desvencilhar

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– Sai de cima dela! – gritei assim que atravessei a porta da casa de Ban. King e Elaine tentavam separar a briga, já o Ban não estava nem aí. Puxei o braço de Diane e girei ela para a minha direção. Os olhos dela transmitiam raiva, ódio, fúria, mas quando me olhou, suavizou e um sorriso contagiante se abriu. – O que diabos você acha que está fazendo? – olhei para Liz. Ela estava no canto da parede, o cabelo bagunçado, o rosto arranhado, a roupa um pouco rasgada e os olhos arregalados.

– Batendo na sua rival pra você, não é obvio? – Diane se afastou e estralou os dedos. – Porque se fosse depender de você, você não faria nada que eu tenho a absoluta certeza.

– Mas é obvio que eu não faria nada. Isso é loucura. Nada vai se resolver na agressão. Você devia pedir desculpas para ela agora mesmo.

– Espera aí – Diane riu, um pouco tensa. –, quer que eu me desculpe com ela?

– É o mínimo.

– Você ficou doida?

– Doida quem ficou foi você. – respondeu King, ele respirava fundo, como se estivesse cansado.

– Não vou pedir desculpas. – ela deu de ombros. – Sei que você vai me agradecer mais tarde, Ellie. – Diane grudou no pulso de King e começou a puxá-lo com ela em direção a saída. – Vamos embora, antes que eu voe pra cima daquela piranha de novo!

Elaine soltou um suspiro, Ban deu uma risadinha baixa e Liz gemeu tristemente olhando para a bainha de sua camisa que estava com um pequeno rasgo na costura. Me aproximei dela e toquei em seu ombro gentilmente.

– Eu peço desculpas pela minha amiga, de verdade mesmo. Ela age sem pensar ás vezes e tem fama de louca.

Liz olhou para mim, seus olhos se encheram de lágrimas, ela me empurrou e saiu correndo. Elaine fez menção de ir atrás dela, mas Ban impediu. Ele coçou o lóbulo da orelha e piscou para mim.

– É melhor você ir lá, sabe?

Eu assenti e corri atrás de Liz, consegui alcançá-la antes que ela pudesse subir em um ônibus, puxei o braço dela, ela tropeçou e caiu ajoelhada, sua bolsa caiu no chão e vários de seus pertences pularam para fora. Eu me agachei e comecei a pegar alguns deles, isso incluía sua carteira, um estojo de maquiagem, óculos de sol, um brilho labial. Os meus dedos congelaram numa pequena fotografia dela com o Meliodas. Liz fungou e arrancou a fotografia de minhas mãos.

– Não preciso que me ajude! – esbravejou ela, enfiando a fotografia num bolso pequeno da bolsa.

– Eu sinto muito mesmo. – terminei de juntar os pertences dela, joguei tudo desajeitadamente dentro de sua bolsa. – Nunca quis que isso acontecesse.

Ela me ignorou, fechou o zíper da bolsa e ficou de pé.

– Tenho certeza que deve estar adorando meu sofrimento.

– Claro que não! – fiquei de pé imediatamente e a encarei. – Eu não sou esse tipo de pessoa. Se você me conhecesse, saberia. Eu não tenho culpa de nada disso.

– Não tem? – ela abafou uma risada. – Por sua culpa o Meliodas me rejeitou!

– Nunca passou pela sua cabeça que se você tivesse ficado aqui, isso jamais teria acontecido? – ela se encolheu e eu franzi os lábios. – Isso não é um tipo de disputa, Liz. E se fosse, eu perderia, e você sabe muito bem disso. Ele amou muito você, eu presenciei o sofrimento dele, cada pedacinho minúsculo. Eu desejava transferir essa dor para mim, para que ele não fosse obrigado a sentir. Quando ele soube da sua doença, ele ficou completamente destruído. E eu tenho certeza que ele ainda iria estar destruído e pior que antes se a doença fosse verdade.

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