Capítulo 2

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Era muito azar.
O mesmo cara com o qual Ana havia flertado na noite anterior era justamente um dos seus alunos e estava bem à sua frente. Uma situação completamente constrangedora, que fez com que as pupilas dos olhos de Ana se dilatassem.
- Professora? Professora? - A voz de uma garota fez Ana voltar a si.
- Oi? - Virou-se para a menina, que era uma morena de rosto quadrado e olhos grandes e azuis, quase da mesma cor dos seus.
- Nós vamos estudar o que hoje? - Perguntou olhando-a fixamente e notando o nervosismo da mesma.
- Er... Vou seguir o cronograma da professora anterior então, estudaremos ligações iônicas. - Anastásia respondeu indo até sua mesa, abrindo sua bolsa e pegando um livro de química. - Na página 34 tem algumas questões, quero que respondam e depois tragam os cadernos até mim para que eu os corrija. - Ordenou se sentando em sua mesa e evitando contato visual com Grey ou qualquer outro aluno que estava por ali, enquanto esfregava uma mão na outra bastante tensa.
[...]
Conforme respondiam as questões, os alunos levavam seus cadernos até a mesa de Anastásia e ela os corrigia. A maioria estava se saindo muito bem na atividade e a nova professora parabenizava cada um deles por essa conquista, a fim de incentiva-los. Assim que Christian foi até ela levar seu caderno, a mulher sentiu suas bochechas queimarem de vergonha.
- Aqui professora... - Christian disse com a voz baixa e lhe entregou o caderno, mas Ana sequer o olhou. Apenas corrigiu as questões, das quais ele só havia errado uma.
- Parabéns. - Disse friamente e entregou o caderno de volta para ele.
- Obrigado. - Christian saiu rapidamente de perto dela e voltou para seu lugar.
Ele também estava constrangido com aquela situação, mas ao mesmo tempo feliz por reencontrar a linda mulher que não saía de sua cabeça desde ontem.
[...]
O tempo parecia estar ao lado de Anastásia e a aula não demorou muito a chegar ao fim. Cada um dos alunos foi se dirigindo a porta da sala, ficando apenas três pessoas por lá. Christian, Anastásia e uma outra aluna.
- Que tal me levar pra casa Chris? - A garota perguntou indo até a mesa de Grey. - Acho que meu motorista vai demorar.
- Não posso Leila, tenho uma consulta hoje. - O rapaz negou guardando seus materiais em sua mochila sem dar muita bola para a jovem.
- Consulta de quê? - Leila perguntou se debruçando na janela vendo que o tempo estava começando a mudar.
- Com meu psicólogo.
- Por quê você vai ao psicólogo? - Perguntou curiosa.
- Desculpe, mas é pessoal. - Respondeu friamente olhando para ela.
- Er... Okay então. Tchau Christian! - A morena se despediu saindo da sala também.
Ao ver que sua colega de classe havia finalmente ido embora, Christian olhou para Anastásia que estava em sua mesa mexendo no celular para enviar uma mensagem a sua mãe avisando que estava tudo bem. Após colocar a mochila nas costas, o moreno caminhou até ela.
- Oi Anas...tásia. - A cumprimentou novamente e fez uma careta ao ver que havia gaguejado.
- Olá.
- Acho que precisamos conversar. - Ao ouvir isso, Ana guardou o celular dentro da bolsa e respirou fundo.
- Não temos o que conversar. - Desviou o olhar, pois não conseguia encara-lo nos olhos mas sabia que tinha que fazer isso para que ele não achasse que sentia algo por ele.
- Por acaso não lembra de ontem? Na boate? - Grey questionou não gostando da negativa dela.
- Claro que lembro, mas é algo que deve ser esquecido por nós dois. - Ana levantou-se de sua cadeira.
- Esquecido? Mas por quê? - A verdade era que Christian não conseguia entender a gravidade do ocorrido.
Para ele, o que houve entre eles não fora errado.
- Será que não percebe? - Ana colocou a bolsa sob os ombros e dessa vez o encarou. - Você é meu aluno e eu, sua professora. O que aconteceu ontem foi um erro que deve ser esquecido por nós dois, aliás, ainda bem que não passamos do limite. Com licença! - Desvenciolhou-se do rapaz e saiu apressadamente da sala, deixando um Christian completamente confuso.
~*~
[...]
Após uma reunião com os outros professores, Anastásia foi para a nova escola de Theodore a fim de busca-lo. Enquanto andava de ônibus, pensava em Christian. Estava grata por aquele princípio de incêndio, pois se não fosse ele, com certeza teria beijado e talvez, até ido mais adiante com aquele garoto. O problema era que mesmo não tendo rolado nada, não parava de pensar em Grey e isso estava começando a lhe incomodar.
- Mamãe! - Teddy exclamou correndo para o portão da escola, onde sua mãe lhe aguardava.
- Oi meu amor. - Ana curvou-se e deu um beijo no topo da cabeça do filho. - E aí? Como foi a aula? - Perguntou entrelaçando sua mão a de Teddy e caminhando para fora da escola.
- Foi boa, mamãe. Mas teve um garoto que ficou implicando comigo. - Fez uma carinha triste.
- E por quê ele ficou implicando com você, querido?
- Porque ele tem pai e eu, não! - O garoto respondeu baixando a cabeça. - Mamãe, cadê meu pai? Por quê nunca fala dele? - A encheu de perguntas.
- Filho, você pode não ter pai, mas tem uma mãe que te ama mais que tudo nessa vida, viu? Que tal tomarmos um sorvete? A Kate disse que tem uma sorveteria maravilhosa perto daqui! Quer? - Desconversou pois não queria falar sobre o pai de seu filho.
- Claro que quero! - Teddy concordou contente e ambos pegaram um ônibus até a sorveteria mais próxima.
~*~

- E então? Como foi a festa? - Doutor Flynn indagou para Christian que estava sentado mais uma vez no divã

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- E então? Como foi a festa? - Doutor Flynn indagou para Christian que estava sentado mais uma vez no divã.
- Boa. - O rapaz respondeu corando.
- Por acaso aconteceu alguma coisa? Conheceu alguma menina legal?
- Sinceramente doutor, não me sinto a vontade em falar esse tipo de coisa com o senhor. Sei que é meu psicólogo, mas sei lá, é muito desconfortável. - Desabafou passando a mão por seus cabelos.
- Sei que é um rapaz fechado, mas sou seu psicólogo. Preciso saber o que pensa, o que sente. Caso contrário, o tratamento não fará efeito. - O homem argumentou escrevendo algo em sua prancheta, mas Christian definitivamente travou e continuou calado. - É sobre uma garota mesmo, não? - Deduziu.
- Uhum. - O moreno murmurou fazendo sinal de positivo com a cabeça.
- Está bem, irei fazer algumas modificações no seu tratamento então.
- Quais doutor? - Perguntou curioso sentando-se no divã.
- A partir de hoje algumas coisas irão mudar. Você irá comprar um diário e nele, vai descrever tudo o que sente, o que pensa e o que aconteceu em cada um dos seus dias daqui em diante. E uma vez por semana, trará esse diário aqui para eu ler e no dia seguinte, conversaremos sobre o que você anda passando, pode ser?
- Ter diário não é coisa de mulher? - Arqueou a sobrancelha e Flynn sorriu.
- Christian, pare com esse pensamento preconceituoso. Ter um diário irá fazer com que eu consiga entrar de vez na sua mente e vai ajudar muito no seu tratamento, entende? E não é coisa de mulher não, aliás não existe coisa de mulher e de homem, isso é um pensamento machista.
- Está bem, doutor. Vou comprar esse diário então! - Afirmou decidido.
- Ainda hoje?
- Ainda hoje.
[...]
Depois da consulta com seu psicólogo, Christian cumpriu o prometido. Passou em uma loja e comprou um diário preto de tamanho mediano. Quando estava voltando para casa de carro, notou uma coisa que lhe deixou confuso.
Ao passar em frente a sorveteria de carro, deparou-se com sua professora. Mas ela não estava sozinha e sim, em uma das mesas acompanhada de um garotinho e um homem.
- Merda, será que a Anastásia é casada e tem filhos? Mas é claro que é! E deve ser por isso que pediu para me afastar dela. Que babaca que sou! - Bateu no volante irritado, tirando conclusões precipitadas.

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