Cheguei do trabalho com uma dor de cabeça enorme, optei por não ir na faculdade. Tomei um banho, remédio, fechei toda a casa, deixando-a toda escura e me deitei o restante da tarde, ficando totalmente alheia tudo que está acontecendo do lado de fora. Me levanto e vou pegar uma xícara de café, quando escuto alguém bater na porta, causando eco.
Abro a porta e só não deixo a xícara cair, porque sou eu que vou ter que limpar depois. Fico encarando Eddie totalmente embasbacada por ele estar aqui, diante de mim. Tudo em volta parece parar de repente focalizando apenas nele. Sinto um misto de sensações dentro de mim, raiva, nervosismo, vergonha, apreensão, tudo o que eu não sei decifrar.
Eu realmente pensei que seria melhor evitar qualquer tipo de contato para não haver desavenças ou qualquer coisa do tipo, mas vendo ele aqui agora, na minha frente, não sei como reagir.
- Podemos conversar?- Pergunta e imediatamente sinto o impacto de sua voz ressoar por todo o ambiente.
- Olha- Respiro fundo- Eu não to afim de discutir ou conversar agora, acho melhor você ir.
- Ou, nós podemos sair e conversar em um jantar- Encosta no batente da porta cruzando os braços- Prefiro essa opção.
Encaro ele sem acreditar. Não é possível que ele já tenha esquecido tudo o que aconteceu na praia, eu ainda estou remoendo isso dentro de mim, pode ser besteira, mas eu não tenho culpa de ser rancorosa. Eu não admito que ninguém fale comigo daquele jeito e depois vem conversar comigo normalmente como se nada tivesse acontecido.
- Se você veio pra isso está perdendo o seu tempo- Falo da maneira mais calma que eu consigo.
Se eu não estivesse sentindo a dor de cabeça que estou, eu claramente já teria jogado tudo na cara dele e explodido, soltando tudo o que guardei dentro de mim durante essas semanas, mas pelo meu estado, qualquer gota que cair no chão, na minha cabeça se torna o maior estrondo. Não estou no meu estado de discussão ou conversa habitual.
- Só quero conversar- Ela fala por fim- Cinco minutos.
Respiro fundo, dando minha total atenção a ele. Eu espero de verdade não me arrepender de ter dado caminho para ele entrar.
- Quanto quiser- Aponto o sofá para ele se sentar e me sento no oposto- Quer alguma coisa?- Pergunto e logo acena negativamente.
- Eu queria consertar as coisas. Acho que devíamos retomar de onde paramos.
- Você esqueceu o que aconteceu na ultima vez em que nos encontramos? Não precisava ter terminado daquele jeito, mas por uma altitude sua, terminou- Falo calmamente.
- Só acho que você não deveria ter pesquisado a minha vida- Fala ríspido.
- Se fosse algo pessoal demais para você era só ter falado que eu respeitaria o seu espaço. Agora, eu não admito que falem comigo daquele jeito. - Faço uma pausa- E olha só pra gente, nem nos conhecemos e parece que estamos tentando arrumar um relacionamento de anos. A gente estava só ficando, só isso. Depois que você disse, praticamente, na minha interpretação que só queria transar, eu me senti usada e isso é uma merda. Não daria certo de qualquer jeito.
- Acho que você está dramatizando demais a situação. Eu tenho os meus motivos por ter agido daquele jeito.
Durante toda a conversa estudo as suas expressões, ou melhor, a unica expressão vazia e impassível que ele tem, nunca demostrando nada, sem demostrar um pingo de interesse o que me deixa mais confusa, nervosa e com mais dor de cabeça, não dá para saber se ele está falando a verdade ou não, mas também não quero mais para acreditar nele.

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Volta para Mim
RomanceSofia se viu obrigada a reconstruir a sua vida longe de tudo , depois de ser julgada pelas pessoas que mais amava e por sofrer uma trágica perda. Se muda para Londres para estudar jornalismo assim que faz 18 anos, junto com seus dois melhores amig...