Capitulo 15

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Não conversei com mais ninguém na faculdade, eu me fechei para todos em minha volta, respondia apenas o que era necessário. Lúcia me observava pelo que pude notar durante a aula, porém nada vez e eu a agradeci por isso. Ela me conhecia mais do que qualquer um e sabia que quando eu ficava assim era melhor não conversar. A aula acabou com ainda mais trabalhos.

— Você vai embora com o Erick? - Minha amiga enfim quebrou o silêncio entre nós.

— Não, vou pegar um táxi. Não avisei meu pai que não teria carona.

— Para com isso Carol, Erick está tentando ajudar, aliás todos nós estamos.

Ela estava certa, não posso ficar longe de todos logo agora.

— Tudo bem, vamos nos encontra com ele.

Saimos da sala de aula assim que o sinal tocou, por sorte, o professor não se estendeu tanto e fomos até o lugar de sempre. Erick já estava lá nos esperando.

— E ai? — Ele perguntou pra Lúcia, evitando olhar pra mim.

— Tá tudo bem. — Ela disse e eu tenho certeza que eles estavam falando de mim, só pelo olhar.

Por dentro eu queria gritar e revirei os olhos mentalmente.

— Você vai com a gente? — Perguntei a Júlia.

— Não, eu já tenho carona. — Ela falou piscando pra mim, nos deixando sozinhos. Por  fim, Erick me olha.

— Tá tudo bem mesmo?

— A Lúcia já respondeu por mim. — Digo impaciente. — Vamos?

Ele apenas confirma com a cabeça. Entramos no carro em silêncio e foi  assim por todo o percursso. Eu olhava cada prédio que passava, Curitiba sempre foi uma cidade encantadora pra mim.

— Carol? — Escuto Erick me chamando.

— Oi? — Respondo vagamente.

— Chegamos.

Tirei o cinto de segurança e já abri a porta.

— Ei, espera. — Ele me segura.

— Erick. — Eu o repreendo.

— Sei que não quer falar com ninguém e você se fecha a todos a sua volta, até com seus pais.

"É, ele estava certo." E continuou:

— Não se fecha pra mim. — Ele fez o pedido mais sincero, nunca ninguém pediu para me aproximar. — Desabafa comigo, fala o que está te incomodando.

— Eu só não quero perder meu filho Erick, ele é tudo pra mim e por quase 5 anos Fernando não se importou com a gente, por que isso agora?

— Ele deve ter seus motivos, mas acredito que ele não vai querer tirar seu filho. — Erick disse confiante.

— Erick, você não o conhece. — Cerrei os punhos e ele levou uma das mãos em meu rosto e a outra segurou minha mão.

Ele não precisou dizer nada, bastou um olhar para me sentir segura de novo.

— Estou sendo paranóica não é? — Perguntei sem rodeios.

— É preocupação de mãe. — Ele disse e eu sorri pelo seu cuidado comigo.

— Eu preciso entrar. — Disse por fim. — Quer entrar?

— Eu prometi a minha mãe chegar cedo, amanhã nos falamos. Tudo bem?

— Claro. Boa noite. — Quando eu ia sair do carro, ele me puxa para mais perto dele e me beija. Eu amava seus beijos, eu nunca me senti assim igual ao que sentia quando estava com ele. Me sentia segura e me perdia ainda mais nos seus braços.

— Agora você já pode ir. — Ele disse com um enorme sorriso no rosto.

Assim que entrei em casa fui tomar um banho, precisava relaxar um pouco. Demorei uns vinte minutos embaixo do chuveiro, meus pais e meu filho foram dormi cedo e somente eu estava acordada.Assim tive tempo para colocar minhas idéias no lugar, Fernando não iria levar me filho embora, não vou deixar... Mas, vou dar a ele uma chance de se explicar caso venhamos a nos encontrar. Termino de colocar meu pijama e vou para cozinha, pego uma xícara e esquento uma pequena dose de leite. Não havia comido muito, não conseguia olhar para a comida desde que Fernando surgiu novamente em nossas vidas. Erick estava sendo tão compreensível, nunca seria tão grata por ter ele ao meu lado.

Acordo no outro dia com vários beijos do meu pequeno.

— Bom dia mamãe. — Ele diz certinho, o que me enche de orgulho.

— Bom dia meu filho, seus avós já acordaram?

Ele fez que sim com a cabeça.

— Ótimo, fica com a vovó pra mamãe se arrumar.

Dito isso, meu pequeno foi correndo pra sala. Eu ia dizer pra ele não correr, mas já era tarde. Peguei minha roupa, que eu havia separado ontem a noite e fui tomar banho. Hoje eu estava de novo com aquela sensação de medo, de estar perdida. Respirei fundo e desliguei o chuveiro tentando não pensar na ideia de ter Fernando novamente em minha vida, depois de uns 20 minutos eu já estava pronta. Desci e meu pai já estava me esperando.

— Não vai tomar café filha? — Minha mãe pergunta.

— Não mãe, tomo no caminho.

— Tudo bem, se cuidem. — Minha mãe diz, beijando meu pequeno e dando tchau para mim e meu pai.

No caminho quase não conversei com ninguém, estava tão distraída com meus pensamentos que nem vi que havíamos chego no jardim de João Vitor.

— Filha? — Meu pai me chamou e pude ver onde estávamos.

— Ah, desculpa, estou muito distraída hoje. — Eu disse e já me posicionei para deixar meu pequeno junto com a professora. Dei as devidas orientações, sou um pouco rígida com ele. Sorrio enquanto eu o vejo se distanciando, quando eu era criança e discutia muito com meus pais por serem rígidos comigo e hoje sou a mesma coisa com meu filho. "É, a fruta não cai longe do pé do mesmo...", fico pensando e escuto mais uma vez meu pai me chamar:

— Filha...

Sorrio pra ele e entro rapidamente em seu carro. Meu pai é como eu, não falamos muito, mas nossa troca de olhares e respiração diz tudo que sentimos. Assim que chego em meu trabalho meu pai diz:

— Vai dar tudo certo, um passo de cada de vez, ok?

— Um passo de cada vez. — Repito pra mim mesma. — Até mais papai. — Deposito um beijo em seu rosto e entro na Angels Publicidade, estava a pouco tempo nesse trabalho, mas realmente amo minha profissão.

— Bom dia. — Digo a recepcionista e me posiciono em frente ao elevador. O caminho que faço todos os dias até a minha sala é curto, mas gosto de chegar cedo. Já deixo os e-mails baixando e sempre pego um café antes de iniciar o expediente. Mal chego e vejo seu Ruy entrando em minha sala.

— Carol, bom dia. — Ele diz animado. — Teremos uma reunião com cliente importante hoje, quero você presente.

Apenas afirmo com a cabeça e pergunto — Que horas vai ser?

— Será ás 14:00h.

— Ótimo. — Digo sorrindo.

— Confio em você Carol. — Ele diz saindo.

Começo a fazer meus relatórios e a revisar alguns textos para a próxima edição da revista, me perco na hora. É gratificante ler alguns trabalhos, me pergunto se esses não seriam nossos novos escritores? Rio sozinha em minha sala, alguns anos atrás, sonhava em ter meu escritório e publicar meu livros. 

※※※

Pra deixar meus leitores ainda mais curiosos.

🙌🙌🙌













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