TAPE #11

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Os quatro adultos estavam sentados na sala de estar, no primeiro piso, tomando chá enquanto conversavam sobre o ocorrido no quarto de Billie, alguns minutos antes. Barbara estava com Jeff no colo, dando-lhe de mamar, enquanto Harry parecia pensativo fitando a televisão ligada, porém, sem volume. Em suas mãos, haviam três pequenas pedras de concreto que ele retirara debaixo da almofada antes de se sentar. Não gostava quando Billie trazia coisas do quintal para dentro de casa. Mas havia algo sobre aquelas três pedras que o homem só descobriria num futuro próximo.

Bianca terminava de fazer as últimas anotações em um ficheiro de paciente; e Rick Shepard balançava a perna freneticamente, aparentando estar nervos; o doutor agradeceu pelo chá; Bianca guardou os papéis em uma maleta preta aos seus pés, voltando a prestar atenção no que o restante do grupo debatia.

Barbara sorriu para Rick, sem jeito.

— Não é nada. Obrigada por ter vindo.

O homem aquiesceu, e apontou para sua ajudante.

— A dra. Stewart é neurologista.

— Não brinca! É mesmo? E o que a senhora acha? — Perguntou Harry ao transferir o olhar da televisão mutada para homem de camisa social branca e calças jeans claro, e, logo em seguida, para a mulher.

— Bem, ainda acreditamos ser um problema no lobo temporal — respondeu ela.

Ficou evidente de que Barbara não engolia mais toda aquela história de doença. A câmera do hall de entrada virou-se completamente para a sala, focalizando o sofá onde eles estavam sentados no exato momento em que a mulher explodiu em sentimentos.

— Meu Deus, de que diabos estão falando? — Barbs alterou-se de repente. — Ele tem agido como um louco, como se tivesse dupla personalidade ou algo assim... — Em seguida, se recompôs, colocou Jeff em um carrinho de bebê ao lado e cobriu o rosto com as mãos. — Ah, acho que estou abalada demais —disse ela, baixinho, ao olhar para o marido. — Sinto muito. O que o senhor estava dizendo?

Foi a neurologista quem respondeu.

— Sra. Patterson — disse Bianca, com delicadeza —, não houve mais do que cem casos comprovados de dupla personalidade em toda a história da medicina. É um problema raríssimo. Sei que a psiquiatria parece muito tentadora neste momento, mas qualquer psiquiatra responsável excluiria as possibilidades somáticas em primeiro lugar. É o procedimento mais seguro.

Harrison colocou o dedo na frente do pequeno rosto de Jeff. O bebê levantou os bracinhos e segurou o dedo com uma de suas mãozinhas. Fechou os olhos e pareceu adormecer agarrado ao pai. Sentindo-se o garoto mais bem protegido do mundo.

— Bem, certo — o marido falou. — O que virá em seguida?

Bianca olhou para Rick e abaixou os olhos.

— Faremos uma punção lombar — disse, sem rodeios.

Aquilo assustou a família.

— Na espinha? — Perguntou Barbara, com um contemplar de desespero para o marido. Ele condescendeu.

Rick Shepard tomou um gole de seu chá e suspirou, limpando a boca com as costas da mão.

— O que não localizamos nos raios-X e no eletroencefalograma pode aparecer nesse exame. No mínimo, eliminaria outras possibilidades. Gostaria de realizá-lo ainda hoje, enquanto Billie está desacordado. Darei uma anestesia local, claro, mas estou tentando evitar os movimentos.

Barbs começou a chorar. Harry desprendeu-se de Jeff; levantou-se e caminhou até a pia da cozinha, encheu um copo d'água e andou de volta em direção a jovem. Os soluços já haviam cessado.

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