TAPE #2

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— Espere só um segundo... espere... espere...

A imagem na câmera de vídeo explodiu em cores quando fora ligada e posicionada sobre um criado mudo ao lado de uma cama de casal, estilo dossel. Sentados nela havia a mesma mulher da fita anterior e, agora, era possível ver o rapaz que havia manuseado a gravação mais cedo.

Aparentava estar próximo da casa dos trinta anos. Possuía uma barba por fazer preta e cabelos sedosos na mesma tonalidade. A pele branca parecia translúcida devido a qualidade antiga do vídeo, altamente sofisticada para a época que fora usada.

— Pronto, agora que colocamos os pestinhas para dormir e essa belezinha aqui já está posicionada, quero que me conte novamente o relato da noite passada; só que dessa vez direto para aquela — o homem apontou em direção à câmera, alguns palmos a sua frente — coisa.

A mulher de cabelos negros encolheu as pernas e as abraçou na sequência, parecendo distante em seus pensamentos. Ela trajava um pijama de flanela na cor branca e seus cabelos estavam amarrados para trás relaxadamente, enquanto o homem usava apenas uma camisa de flanela xadrez nos tons de vermelho e azul, e calças jeans.

— Eu não irei me prestar a este papel novamente — respondeu, por fim, a jovem. — Você está debochando da minha cara!

O rapaz pareceu mentirosamente ofendido. Levou a mão ao peito.

— Eu não estou debochando de você, eu apenas acredito que esteja birutinha.

A mulher estendeu a mão e pegou um travesseiro, arremessando-o no marido.

— Viu? Está fazendo de novo! Você não acredita em mim.

O homem pegou o travesseiro que havia caído no chão e o jogou aos pés da cama.

— É claro que eu acredito em você, Barbs. Que tipo de marido não acreditaria na própria mulher quando ela afirma ter visto um homem no quarto de um de seus filhos?

Os olhos de Barbara oscilaram por alguns segundos em direção à câmera, talvez com medo de que aquele assunto fosse trazer o pesadelo da noite anterior de volta à tona.

— Harrison, por favor, pare com isso. Se não acredita em mim, porque está me importunando novamente?

O ponto forte de Harrison era o humor. Ele o usava para tudo em diferentes tipos de situações, mesmo a morte. Era um pouco irritante na maior parte do tempo, mas Barbs já estava habituada com aquele tipo de coisa.

— É que se há algum outro homem nesta casa, eu preciso averiguar — ele a lançou um olhar desconfiado. — Me diga, Barbs, eu estou sendo traído? Porque já posso começar a sentir dois pares de galhos crescendo em minha cabeça.

Barbs deu um fino grito e gargalhou sonoramente.

— Não, seu babaca insolente! Não! Não era esse tipo de homem que eu vi no quarto de Jeff na noite passada.

Harrison continuou na mesma estratégia de extrair da esposa o relato.

— Claro que se eu estivesse sendo traído você não iria me contar. Mas também, se eu estivesse sendo traído, você não estaria relatando que viu ele no quarto de nosso filho mais novo, certo? Ou teria essa cara-de-pau?

Os braços da garota passaram por volta dos ombros do rapaz.

— Harrison, você é o homem mais idiota que eu conheço em vida!

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