TAPE #6

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Por volta das dez da noite, após alimentar Jeff e colocar o então, mente fértil da família, Billie, para dormir, Vivian voltou para a sala de estar, tirou o telefone do gancho e discou o número da pizzaria que estava anotado na agenda telefônica. Depois de confirmar o pedido, e que o entregador trouxesse troco para cem, a jovem usou o mesmo aparelho sem fio para ligar a alguém especial.

A câmera estava posicionada em uma pequena mesa ao lado da escadaria em formato de L, próxima de uma tomada, de modo que conseguia filmar o hall de entrada, um pedaço da sala, onde ela estava, e muito pouco da cozinha.

— Ei — ela respondeu, depois que a pessoa do outro lado da linha atendeu —, sou eu. Só liguei para saber como você está? Também. Certo, devo estar de volta no próximo sábado. Não, você sabe que meu irmão precisa de mim aqui, não posso vacilar em deixar eles cuidando de duas crianças pequenas sozinhas. É, eu sei. Sabe que daria tudo para te ter aqui também, mas suas tatuagens assustaria os meus sobrinhos. Estou morrendo de saudades. É, mas você vai sobreviver, sei disso.

Murmúrios. Vivian estava concentrada demais falando com o seu namorado para prestar atenção que os barulhos da noite anterior haviam recomeçado também; alguma porta do segundo andar rangeu, provavelmente se abrindo.

Por mais que a filmadora não pudesse estar filmando os cômodos onde os barulhos e sussurros vinham, o microfone interno da câmera os conseguiu captar perfeitamente.

Outra porta rangeu; leves passos puderam ser ouvidos por cima da risada de Vivian; uma segunda porta bateu; A jovem babá podia não perceber, mas havia toda uma estranha movimentação no andar superior.

Mais sussurros, só que dessa vez, mais fino e infantil. A voz de Billie mandando o irmão não chorar. Que aquilo só iria piorar as coisas e que ele tinha julgado mal o novo amigo.

Jeff começou a chorar. Um grito estridente veio na sequência que o fez espernear ainda mais alto e desesperadamente. Um som estridente, semelhante à de um porco indo para o abate. Algo de muito errado estava acontecendo na residência dos Patterson sem o conhecimento dos pais.

Vivian levantou-se apenas com um movimento, assustada. Num impulso sem explicação, agarrou a câmera da tomada e a arrastou junto de seu corpo; abaixou o telefone das orelhas e subiu os degraus de dois em dois.

Assim que atingiu o segundo andar, a friagem veio de encontro ao teu corpo; a lembrou a sessão de produtos congelados no supermercado quando está fazendo compras para a mãe. A moça esfregou os braços nus para se aquecer. Em vão. Parecia que o quarto de Jefferson era o ponto de origem.

Ela percebeu que tudo estava peculiar quando seus dedos tocaram a maçaneta da porta e girou o trinco; não se moveu. Tentou novamente, e de novo. Nada. Parecia emperrada.

Voltou alguns passos e posicionou a filmadora no chão, de qualquer jeito, apenas para ficar com as mãos livres. Colocou o aparelho telefônico por debaixo do braço também e começou a socar a porta; esmurrar, chutar. Ela não abria.

Foi quando Vivian parou de fazer barulho e passou a escutar o interior, temendo que alguém tivesse invadido a casa e que fosse fazer algum mal ao bebê.

Espremeu seus ouvidos na madeira gelada da porta. Jeff já não chorava mais, o contrário, ele estava rindo, baixinho e emitia alguns "Gu-gus". Billie ria e falava em voz baixa. A moça deixou a respiração sair por completo de seus pulmões.

O primogênito havia trancado a porta. Ouvindo uma fraca voz vinda do telefone sem fio, ela o voltou à orelha.

— Ah, oi. Desculpa Marcel, mas não posso falar agora. Te ligo mais tarde — e, sem hesitar, ela desligou o aparelho e o colocou nos pés da porta; voltando a bater. — Billie, abra essa porta! Já está tarde para gracinhas. Vamos, abra a porta agora!

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